A idiotice institucionalizada
Esther Pillar Grossi
O descalabro é tão grande no que está se passando, a partir desse novo governo brasileiro, que confesso minha paralisia em me manifestar. Felizmente não estou paralisada no esforço absolutamente necessário de buscar compreender cada vez melhor como se ensina e como se aprende. Recentemente, em Paris, com Sara Pain, Gérard Vergnaud e outros pensadores encontramos luzes novas sobre condições ainda mais favoráveis de aprendizagem, as quais estão orientando as ações do Geempa tanto na formação de professores para alfabetização e matemática no início do Ensino Fundamental, como para o Ensino Médio e o Superior, através da saudável demanda de nove Institutos Federais ao Geempa, para que ensine aos seus professores como ensinar.
Mas me é impossível não reagir a aberrações tão estapafúrdias de que os problemas educacionais são causados pela população pobre e que a solução é o controle da natalidade nas camadas populares, expressas pelo presidente do Banco do Brasil, recentemente.
Ou que se deve basear a educação numa cosmovisão cristã, com o currículo escolar inteiro apoiado na Bíblia, na palavra da atual Secretária executiva do Ministério da Educação. Com todo o respeito que a Bíblia merece, sem nenhum conhecimento didático, a secretária do MEC afirma que inclusive a Matemática tem no Gênesis subsídios para iniciar o ensino pelos números ordinais por conta das referências... No 1° dia Deus fez... no 2° dia.... Ora, ela está longe de conhecer que não se começa a ensinar Matemática pelos ordinais e nem se ensina por exposição de conteúdos, mas por situações que provoquem os alunos a pensarem.
Gente, isso é absolutamente ridículo. Como calar diante de tal idiotice? É um acinte à Matemática, que é a ciência da lógica das relações, inteiramente construída pelas inteligências humanas.
O meu mais violento protesto a tais aberrações.