A questão indígena e interdisciplinaridade

A questão indígena e interdisciplinaridade

A questão indígena pelo olhar da interdisciplinaridade

Língua e costumes atuais carregam herança dos povos tradicionais brasileiros. Entenda por que é importante abrir espaço a essas discussões em suas aulas e confira dicas de filmes e documentários

por Redação ilustração relógio 19 de abril de 2021

As efemérides são importantes para chamar a atenção dos estudantes sobre temas da sociedade, até mesmo para temas que sempre estiveram presentes na escola, como a questão indígena. O problema é que muitas vezes o contato do estudante com o assunto se dá de maneira isolada e idealizada na literatura ou muito distante nos capítulos de colonialismo dos livros de história. Desde que bem contextualizada, a relação com povos tradicionais pode render discussões que despertam o interesse do aluno.

Estudar o passado de dominação e violência que construiu a história do Brasil é um passo importante para refletir criticamente sobre o assunto. As influências indígenas, no entanto, não se limitam ao período colonial, diz Cristine Takuá, especialista em cultura indígena da BEI Educação. Ela lembra ainda que muitos dos costumes e crenças que temos atualmente são herança direta dos povos tupi guarani, como o hábito de andar descalço e a alimentação baseada em mandioca e farinha.

Muitas palavras que nomeiam rios e a infraestrutura urbana ao nosso redor têm origem indígena, como “ibirapuera”, “anhanguera” e “tietê”. Para além disso, nomes de cidades, ruas e avenidas também reforçam o cenário de lutas, ora homenageando o colonizador, ora voltando-se para os locais. Discutir a relevância ou não do revisionismo histórico também é algo que pode estar nos debates em sala de aula.

“Abordar cultura indígena em sala de aula ajuda os estudantes a ampliar seu conhecimento sobre a sociedade brasileira para além do foco eurocêntrico. Ela abre possibilidades para adentrar novas formas de ver e pensar o mundo”, afirma Cristiane.

Dicas de recursos

Para apoiar quem deseja ir além do dia 19 de abril com seus alunos, plataformas de vídeo possuem materiais ricos com documentários que apresentam importantes lideranças indígenas:

Esse é o caso da Tamanduá TV tem na coleção “Indígenas” 12 títulos que abordam várias etnias e tribos. Piripkura conta a história de dois índios nômades do povo Piripkura, que vivem cercados por fazendas e madeireiros. Em Gente de Verdade os índios Suruí Paiter, de Rondônia, têm a tradição da cantoria e da flauta para relatar o cotidiano. Quando dois clãs se encontram, se desafiam através da música e reforçam a resistência cultural.

Na recém-lançada Ecofalante Play, também voltada a educadores, é possivel assitir “Martírio”, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida, que busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá.

Na Netflix, o primeiro episódio da Série Guerras do Brasil.doc fala das Guerras da Conquista. Ali são discutidas a evangelização, a dominação, a exploração e a resistência indígena.

https://porvir.org/a-questao-indigena-pelo-olhar-da-interdisciplinaridade/ 

 

Roda Viva | Ailton Krenak |

19/04/2021

No Roda Viva, a jornalista Vera Magalhães recebe o ambientalista e escritor Ailton Krenak.

Considerado uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, Ailton Krenak é filósofo, escritor, poeta e jornalista. Se dedica à defesa dos direitos indígenas desde a década de 80. Fundou a ONG Núcleo de Cultura Indígena, organizou a Aliança dos Povos da Floresta e é doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais.

Krenak nasceu na região do Vale do Rio Doce, uma área profundamente afetada pela atividade de mineração, uma das maiores ameaças aos povos indígenas, que também sofrem com as invasões das terras demarcadas e com a exploração da madeira.




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