A vingança do método

A vingança do método

A Vingança do Método: O Lavajatismo como Ferramenta de Ajuste

RICARDO QUEIRÓZ PINHEIRO 

 

Vamos encarar a hipótese mais cínica – e, no Brasil de 2025, o cinismo costuma ser uma lente eficaz de focar a realidade: a "barrigada" de Malu Gaspar não foi um erro, mas uma operação deliberada (diferente dela, dou-lhe o benefício da dúvida). A história de que Alexandre de Moraes teria enquadrado Gabriel Galípolo em um evento público e quatro privados, exigindo proteção administrativa para o Banco Master, soa conveniente demais para ser apenas má apuração. Se partirmos da premissa de que a notícia foi plantada, o episódio deixa de ser um tropeço isolado do jornalismo para se tornar a prova cabal do esgotamento dos pactos de elite. O conflito transbordou e a arma escolhida tem um odor inconfundível: o método é puro Lavajatismo.

Não é possível dissociar a jornalista do veículo e de sua história. A Rede Globo opera historicamente como organizadora tática do bloco burguês e Malu Gaspar é filha dileta dessa escola. Forjada na cobertura da força-tarefa, ela desenvolveu a habilidade de converter o vazamento anônimo em ver7dade incontestada. A prova do caráter operado da ação foi a reação imediata de seus pares. Mal a nota de desmentido do STF havia secado, a "velha guarda" do lavajatismo midiático – Merval Pereira, Vera Magalhães, Miriam Leitão, Eliane Catanhede e todo o coro de O Globo – correu para defendê-la. O corporativismo ali não é solidariedade, é defesa de método: eles precisam preservar a legitimidade de publicar versões não verificadas quando o objetivo político justifica o meio.

Para entender a gravidade desse movimento, é preciso recuperar dois pontos centrais que venho discutindo. Primeiro, a ideia de que o STF atua como um "síndico" de interesses econômicos. Segundo, a tese de que a política amortece conflitos no "porão" institucional até que a disputa pelo orçamento e crédito se torne violenta demais. O caso Banco Master foi o elemento radioativo que o porão não conteve mais. A "mentira" plantada serviu como granada tática para expor a fricção entre o sistema financeiro tradicional e os novos capitais aventureiros blindados pelo judiciário. O banqueiro Andre Esteves sorri.

Nesse cenário de terra arrasada, os oportunistas de sempre encontraram oxigênio. Sergio Moro, que vivia seu pior momento político após a exposição estarrecedora das escutas ilegais e grampos clandestinos que operava na Lava Jato, viu na crise sua boia de salvação. Para o ex-juiz, acuado pelas provas de seus próprios crimes, o ataque a Moraes serve para borrar as linhas morais: se o ministro do STF também "opera" nos bastidores, então os pecados de Curitiba se diluem numa equivalência falsa. Moro sorri não porque foi inocentado, mas porque a lama agora respinga em seu algoz.

No Senado, a coreografia foi completada por Alessandro Vieira. O senador lavajatista não perdeu tempo com discursos vazios e partiu para a instrumentalização institucional: o pedido de abertura da CPI do Banco Master. A comissão é a ferramenta perfeita para manter o governo, STF e a ala não cooptada da PF reféns, transformando uma disputa financeira em espetáculo televisionado. Vieira sabe que a CPI não precisa chegar a um resultado jurídico; seu objetivo é político — desgastar, chantagear e acumular capital eleitoral sobre os escombros da autoridade do Supremo.

Dentro da corte, a fratura exposta pela mídia se aprofunda. O dado mais eloquente continua sendo o silêncio sepulcral de Edson Fachin. O atual presidente do STF, lavajatista "de raiz", não moveu uma palha para defender o colega, sugerindo que o isolamento de Moraes é visto com um "autocontrole" calculado por quem deseja disciplinar o ministro que acumulou poder excessivo. Coube a Gilmar Mendes, e não à presidência, fazer a defesa pública, entendendo que a reabilitação do método de linchamento midiático ameaça todo o pacto garantista, e não apenas Moraes. O STF, é um operador político de multiplas faces.

Isso nos leva a uma conclusão inevitável. Que fique claro: em momento algum subestimo ou menosprezo o papel histórico e decisivo de Alexandre de Moraes na contenção do golpismo. Sua atuação enérgica foi a barreira física contra a barbárie em 2022 e 2023. No entanto, as frações da burguesia não tem gratidão, tem interesses de classe. O herói é descartável. O personagem "Xandão", essencial para estancar o golpe e neutralizar Bolsonaro, tornou-se insuportável para a Faria Lima quando o capital entra na roda explicitamente. O Capital Financeiro não aceita sócios na gestão da moeda e não tolera que qualquer força interfira na sua hegemonia. O Lavajatismo volta, então, como instrumento punitivo a serviço do mercado. O porão transbordou e o STF, fica longe de ser o bombeiro e, revela-se, nesse molento, o próprio combustível na fogueira acesa pelos donos do dinheiro.

Ricardo Queiroz Pinheiro

FONTE:

Jorge André Irion Jobim 

 

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Deixa eu desenhar o que está em jogo porque muitos aqui ainda não entenderam.

Pra começo de conversa, convido você a pegar todos os filtros éticos e morais e segurá-los em sua mão, sem usar.

Isto posto, vamos em primeiro lugar falar de Alexandre de Moraes.

É um homem, branco, professor e ex-aluno da mais elitista das faculdades do curso mais elitista do Brasil: Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Antes de ser ministro do STF, foi filiado a partidos de direita: PMDB, PFL e PSDB.

Como vcs podem ver, não é exatamente um exemplo ideológico pra quem sempre foi a favor do Estado de
Bem-Estar Social, do socialismo, dos direitos dos trabalhadores e do sindicalismo.

Mas ele foi por muitos anos o único, e hoje é o principal, freio para o fascismo e o populismo de extrema direita no Brasil. No mundo, ele é um exemplo a ser seguido.

Deixem o breve perfil do Alexandre de Moraes marinando aí em cima e venham para outra observação.

Qualquer pessoa que enfrente o fascismo estará sendo confrontada por muita pressão.

Por mais que Xandão diga que os ataques contra ele são contra a Justiça Brasileira, eu vou além: são ataques contra a justiça brasileira, contra o STF, contra o ministro Alexandre, contra o Xandão, contra o maridão de dona Vivi e contra todas as faces possíveis do Alexandre - CPF e CNPJ. Acho que só o corinthiano ficou de fora, porque ninguém briga com a Gaviões, né?

Essa desconstrução de todas as faces possíveis do Alexandre vem sendo executada desde 2021. Ele é o “cabeça de piroca”, o “parcial que é acusador, acusado, juiz e vítima”, o “perseguidor do jair” etc e tal.

Eu acompanho essa cantilena desde junho de 2021. E digo a vocês: não começou contra o Alexandre.

Começou contra o Celso de Mello - que deu a sorte de se aposentar logono inicio dessa quizumba.

O objetivo desse fuzuê todo é e sempre foi minar a autoridade do ministro Alexandre.

Essa cantilena tem dado certo em um segmento da sociedade - bolsonaristas. Essa turba compra tudo contra Xandão.

Mas tem uma parcela importante da sociedade que zomba dos bolsonaristas e defende Xandão. Essa parcela (até então) é(ra) incólume aos ataques bolsonaristas contra o ministro.

É importante tirar o Alexandre do caminho. Sem ele, passa boi, passa boiada, passa dosimetria com ou sem anistia, passa milico e passa miliciano, passa centrão, passa direitona e o caralho a quatro. E o país fica embaixo dos escombros dessa motoniveladora.

Por óbvio, estão catando algo contra Alexandre desde 2020. Não conseguiram nada de concreto. Amante, conta no exterior, multa de trânsito, consumo de droga ilícita, qualquer coisa. Não acharam nada. Das duas, uma: ou ele é, de fato, probo, ou é inteligente o suficiente para ser discreto e ocultar as provas contra ele.

Não, por favor! Não levantem os filtros agora! Continuem com os filtros nas mãos, pfvr!

Neste final de 2025, outros atores políticos entraram em cena e se misturaram aos velhos atores que já vinham trabalhando pra minar a credibilidade do ministro.

Os atores da Faria Lima, associados a atores evangélicos (Daniel Vorcaro é ex-apresentador de programa de música gospel em BH, joguem no Google), com um dinheiro de origem bem duvidosa e um destino ainda mais duvidoso (sem filtros, por favor!) e a atores militares, acreditam que, se operarem juntos, conseguem minar o poder do ministro Alexandre e, assim, junto com o boi e a boiada daí de cima passam a normalização de uma operação financeira absurdamente irregular, pra não dizer ilegal.

Falaram de um contrato multimilionário do escritório da mulher do ministro com o banco Master, que, diga-se de passagem, foi tão comprovado quanto as reuniões do ministro com o BC. E contavam exatamente com os filtros que estão na sua mão pra você passar a condenar o ministro, e assim compor a parcela da população que reprova Alexandre de Moraes. É só manipular o filtro certo que qualquer ser humano torna-se execrável e condenável. Mas essa questão eu retomo mais à frente.

Ninguém observou até agora o tanto de machismo em que essa história está embebida: a “mulher do Xandão” está à frente de um escritório poderoso q assina contratos multimilionários, mas quem trabalha é o marido dela? Ela não sabe, ela mesma, marcar reuniões com autoridades em Brasília para conversar sobre os interesses dos clientes, precisa do marido pra fazer isso? E comanda um escritório com contratos multimilionários? Cejura? Mas cejura bem juradinho mesmo?

Só quero lembrar a vocês que o último que disse isso (um tal de Roberto Jefferson) tomou um belo de um processo no meio do rabo. E perdeu.

Mas voltando. Para trabalharem a imagem negativa do ministro perante essa nova parcela da sociedade, mais uma vez foram acionados ou jornalistas vaidosos e ingênuos (caso do Demori) ou jornalistas vaidosos e nada ingênuos (caso da Malu e do Costa Pinto). Que, tal qual efetuado à época da Lava Jato, aumentaram a quantidade de filtros éticos e morais à frente dos seus olhos pra que você só percebesse o lado ético e moral da coisa - que foi pintado pra você, no mínimo, como questionável, mas foi muito pouco apurado, checado ou confirmado.

Não tô passando pano pra ninguém. Tô só descrevendo quais jogadores estão operando quais cartas nessa mão do jogo.

Alexandre de Moraes tá acima do bem e do mal? Não tá. Mas eu deixaria pra depois todo e qualquer escrutínio sobre a vida dele. Agora ele tem que conter o fascismo. Não, ainda não tá contido. Olha o Congresso de agora e o q pode acontecer com o Congresso em 2026.

Como eu disse lá em cima, se operar direitinho esses filtros que estão nas suas mãos, dá pra destruir reputações ilibadas como as de Mahatma Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá, ou recompor reputações detonadíssimas como as de Adolf Hitler.

Resta a você saber se os filtros da ética e da moral estão sendo usados com a ponderação devida, necessária e adequada para você fazer os seus julgamentos, ou se eles estão sendo carregados demais, a ponto de turvarem a sua visão.

Curta essas caraminholas na sua cabeça e vá comer alguma coisa…

FONTE:




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