Ação da PF que protegeu Moro
Cronologia de atos da ação da PF que protegeu Moro torna suspeita a politização feita pelo senador
23 de março de 2023
Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato que prolatou sentenças derrubadas pelo STF por suspeição, ordenou operação depois de entrevista do presidente à TV 247.
Em 20 de janeiro de 2023 o ex-juiz e senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro, foi comunicado pelo Grupo de Acompanhamento e Enfrentamento ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo e pela Polícia Federal que um plano para o sequestrar e, eventualmente, assassiná-lo, havia sido detectado a partir de um monitoramento de células da facção criminosa PCC – Primeiro Comando da Capital. As polícias legislativas da Câmara dos Deputados (Rosângela, mulher de Moro, é deputada federal por São Paulo) e do Senado também foram comunicadas. O monitoramento prosseguiu de forma acurada e silenciosa até a manhã de ontem.
Imediatamente depois das imprecações de Lula irem ao ar, às 11h30min de ontem, terça-feira, 21 de março de 2023, edições impróprias e enviesadas daquele trecho da fala dele começaram a irrigar perfis de bolsonaristas e de lideranças de extrema-direita nas redes sociais – inclusive do próprio senador Sérgio Moro, de Rosângela Moro e do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Às 11h49min do mesmo dia 21 de março, a juíza Gabriela Hardt assinou os mandados de busca e apreensão e prisão da operação de proteção a Moro que estavam sendo pedidos desde janeiro deste ano. Às 12h47min do mesmo dia, os mandados foram incluídos no e-Proc, a rede por meio da qual são ordenadas as ações. Às 14h33min de ontem mesmo, 21 de março, o senador Sérgio Moro foi ao canal de TV CNN e disse que, com a entrevista, e com a reminiscência de seus tempos de cadeia (indevida) em Curitiba, o presidente da República estaria “colocando a vida dele em risco”. Ao sair de frente das câmeras da CNN, Moro tuitou conteúdo semelhante nas redes sociais.
A quarta-feira, 22 de março, amanheceu com a Polícia Federal comandada pelo ministro da Justiça Flávio Dino nas ruas e atuando para executar todos os mandados de prisão e de busca e apreensão contra os criminosos do PCC ou ligados à facção criminosa que ameaçavam sequestrar e matar Moro. O senador, sua esposa e seus aliados políticos, contudo, estavam desde cedo replicando tuítes e provocações ligando os 7 segundos da entrevista transparente de Lula dada à TV 247 a uma esdrúxula e inexistente ação de fomentar e estimular crimes. Enquanto foi ministro da Justiça do então presidente Jair Bolsonaro, o senador Sérgio Moro jamais atuou para conter o discurso e a prática armamentistas do ex-chefe e dos filhos dele.