Alunos pretos e pardos cresce com cotas
Com cotas, número de alunos pretos e pardos cresce 61,6% em 4 anos na Unicamp, mas é menos de um terço do total da graduação
Instituição possui 5,7 mil estudantes negros matriculados nos cursos. Dados foram divulgados pela Universidade Estadual de Campinas nesta quinta-feira (21).
Por Arthur Menicucci, g1 Campinas e Região
Alunos da Unicamp na fila do bandejão no primeiro dia de aula, em Campinas
— Foto: Giuliano Tamura
O número de alunos da graduação da Unicamp autodeclarados pretos e pardos cresceu 61,6% entre 2018 e 2022, segundo os dados divulgados pela universidade nesta quinta-feira (21). Neste ano, a instituição soma 20,8 mil estudantes, sendo 5,7 mil negros - o que significa 27,7% do total.
As cotas étnicos-raciais foram aprovadas pelo Conselho Universitário da Unicamp em novembro de 2017 e o primeiro vestibular a utilizar o sistema foi aplicado em 2018.
Portanto, a primeira turma de ingressantes com 15% das vagas de graduação reservadas para alunos autodeclarados pretos e pardos foi a de 2019.
No período de 2019 a 2022, já com o programa afirmativo vigente, o crescimento de pretos e pardos entre os alunos de graduação foi de 35,5%. Coordenador de pesquisa da Comissão para os Vestibulares Unicamp (Comvest), Rafael Maia afirma que a política é dinâmica, já que permite que o candidato concorra tanto às vagas de cotas quanto às de ampla concorrência.
"Ela tem se mostrado um mecanismo muito importante para inclusão de jovens negros na universidade, em especial aqueles oriundos de escolas públicas", afirmou o professor, em nota.
27,7% do total deste ano
Apesar do crescimento, o número de pretos e pardos matriculados nos cursos de graduação da Universidade Estadual de Campinas representa 27,7% do total de alunos neste ano.
Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que indicou que 42,7% dos brasileiros se declararam brancos; 46,8% pardos; 9,4% pretos; e 1,1% amarelos ou indígenas.
Na somatória, 56,2% da população brasileira se declarou preta ou parda.
Ainda que a taxa de participação na Unicamp não seja equivalente ao retrato da população nacional, ela vem crescendo. Em 2018, a universidade registrava 18,7% de estudantes pretos e pardos na graduação. No ano seguinte, o primeiro com os resultados da política de cotas, o índice subiu para 22,2%.
Também em nota, o pró-reitor de graduação, Ivan Toro, ressaltou que, além das cotas, as universidades também precisam pensar na política de permanência para que a taxa e evasão não seja alta.
"A inclusão só acontece se conseguirmos manter o aluno aqui. Imagine como pode ser ruim se ele se vê obrigado a abandonar o curso um ou dois anos depois", informou.
A universidade lista a moradia, a concessão de bolsas e "em alguns casos, computadores ou tablets para os alunos mais vulneráveis do ponto de vista econômico" como medidas para garantir a permanência estudantil.