Aposentado continua educando
"Professor, você se aposentou, mas não foi embora. Viva a sua, a nossa semana!
O Quadro Ainda Está Lá
Já não há giz em seus dedos,
nem campainha que o chame de volta.
O tempo o aposentou dos corredores,
mas não das lembranças.
Sentado à sombra do que foi,
ele assiste — calado —
à escola que ajudou a erguer
tomar rumos que não reconhece.
As lousas são outras,
as vozes são outras,
mas dentro dele ecoam
as histórias que contou,
os olhares que despertou,
os silêncios que escutou.
Seus sonhos?
Desmanchados aos poucos
pelas mãos de quem nunca compreendeu
que educar é plantar eternidade
no terreno breve da infância.
Ele vê colegas feridos,
crianças sem rumo,
palavras sendo trocadas por curtidas,
o saber, por algoritmos.
E ele, doente também —
não só do corpo, mas da alma —,
por ter dado tudo de si
e hoje não caber em nenhuma política,
nenhum discurso,
nenhum plano de governo.
Mas o quadro não foi apagado.
Ele ainda está lá.
Invisível, talvez.
Mas vivo.
Porque há crianças que ainda sonham,
corações que ainda brilham,
vidas que ainda se transformam —
e nelas, ele permanece.
Permanece no gesto simples,
no conselho que ecoa,
na coragem silenciosa de quem segue acreditando.
Mesmo que a sociedade não o celebre,
mesmo que seu nome não esteja em placas,
nem seu rosto em campanhas,
ele vive.
Vive nas entrelinhas da educação,
no alicerce de cada escola,
no olhar de cada mestre que veio depois.
Seu quadro não foi apagado.
Foi apenas transferido para outro lugar —
um lugar invisível, mas eterno:
o coração de quem aprendeu a ser gente
com o calor da sua presença.
O professor aposentado continua ensinando.
Mesmo sem voz, ele canta.
Mesmo sem palco, ele inspira.
Mesmo em silêncio…
ele é memória viva de um país que ainda pode aprender
a valorizar quem ensinou a sonhar."
FONTE:
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1108297404799822&set=a.351896333773270&locale=pt_BR