Aristóteles, formação e prática docente

Aristóteles, formação e prática docente

Aristóteles ainda tem muito a nos ensinar sobre a formação e a prática docente hoje

Dr. Luiz Gilberto Kronbauer, Professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.


A formação inicial e continuada de professores e sua atuação é um tema sempre atual, que se tornou ainda mais importante nas últimas décadas devido às transformações profundas no trabalho e na sociedade em geral, que demandam modificações constantes na educação. Em meio a esse cenário em que parece não haver referência segura, optou-se por recorrer ao clássico para nos ajudar a pensar melhor essa realidade concreta por meio de uma atualização hermenêutica da filosofia prática de Aristóteles.

Especialmente pela rigorosa e detalhada elaboração conceitual, esse autor continua extremamente atual e crítico diante dessas questões da práxis em geral, particularmente, da Educação, podendo nos ajudar a pensar as implicações da formação humana, isto é, de como o ser humano se torna um bom ser humano – na tríplice dimensão, da competência técnica, da consistência teórica e da eticidade da práxis –, seja como cidadão, na participação da construção do bem comum, seja como pessoa na busca da sua autorrealização.

Nesta perspectiva da Hermenêutica Filosófica de Gadamer, o estudo Formação e docência como phronesis: sendo e aprendendo a ser vem sendo realizado pelos autores do texto há bastante tempo, mas a escrita mais específica sobre a atualidade hermenêutica de Aristóteles para formação e atuação docente se concretizou nos últimos anos.

 

Foto de uma sala de aula. A professora está em pé sorrindo para os alunos. Dois deles estão com uma das mãos levantadas.

Imagem: Pixabay.

 

A pesquisa, de cunho bibliográfico, de aprofundamento do referencial se intensificou desde o início de 2021, dentro de um projeto amplo sobre Hermenêutica Filosófica e Educação, que abriga vários projetos específicos, inclusive de orientandos/as de mestrado e doutorado.

O artigo encontra a sua justificativa na relevância social, teórica e atualidade do tema para a área de conhecimento e aplicação, enquanto tentativa de encontrar resposta aos problemas dessa temática e com foco em uma pergunta bem concreta: como podemos nos tornar bons docentes?

Pode-se dizer que pretendemos contribuir para o aprofundamento reflexivo dessa temática, através do retorno aos clássicos. Essa discussão apresentada por Aristóteles é de extrema atualidade quando nos voltamos a ela a partir das perguntas que emergem da nossa práxis – além de saber o que ele pensou, procurar em suas formulações para nos ajudar a pensar melhor os problemas atuais da Educação.

Nós esperamos que o texto dê algum suporte reflexivo para a discussão aprofundada da temática da qual depende a formação das gerações que nos sucedem e que lance algumas perguntas fundamentais acerca da especificidade da Educação em relação a outras formas de ação do ser humano, apontando para problemas já devidamente elaborados na tradição cultural do ocidente, mas aos quais não se dá a devida atenção.

A continuidade da pesquisa pode contribuir para incentivar as reflexões mais consistentes sobre a formação e a atuação docente, diante da superficialidade teórica vigente nos meios acadêmicos.

 

 

Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1994.

ARISTÓTELES. Poética. Coleção Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1994.

GADAMER, H.G. Verdade e Método – Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 2ª edição. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

GADAMER, H.G. Da Palavra ao Conceito. In: SILVA DE ALMEIDA, C.L., FLICKINGER, H.G. and ROHDEN, L. Hermenêutica Filosófica nas trilhas de Hans-Georg-Gadamer. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.

 

FONTE:
https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/06/27/aristoteles-ainda-tem-muito-a-nos-ensinar-sobre-a-formacao-e-a-pratica-docente-hoje/?fbclid=IwAR3DPVhCWjm6uwHSt10J-xOesHQIZJxnGkfNwcKutW3tAzthvGE0hvSRYcU 




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