Avaliação diagnóstica
Avaliação diagnóstica mostrou abismo na educação
Dados preliminares mostram que no último ano do Ensino Médio só 1% dos alunos tem aprendizagem adequada em matemática
11/05/2022 - ROSANE DE OLIVEIRA
No último ano do Ensino Médio, somente 1% dos alunos tem avaliação adequada em matemática André Ávila / Agencia RBS
Realizada em março para saber em que nível estão os alunos das escolas estaduais e orientar as ações do governo, a avaliação diagnóstica constatou o aprofundamento do abismo na educação como consequência da pandemia. Os dados foram apresentados ao professores para que possam planejar atividades e serão detalhados nos próximos dias pela secretária de Educação, Raquel Teixeira.
Com a participação de mais de 80% dos alunos em todas as fases (séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e último ano do Ensino Médio), a avaliação diagnóstica é um retrato da defasagem na aprendizagem, sobretudo a matemática. Para se ter uma ideia do tamanho do estrago, no último ano do Ensino Médio, somente 1% dos alunos tem avaliação adequada em matemática.
Antes que se coloque toda a culpa na pandemia convém lembrar que o problema não é de hoje. Ano após ano, o Rio Grande do Sul vem perdendo posição nos rankings. A pandemia agravou o que já era inaceitável. O dado anterior era de que somente 4% dos estudantes do último ano do Ensino Médio tinham aprendido o desejado em matemática.
— Uma perda de dois a três anos todo mundo teve, mas há casos em que se perdeu de cinco a 10 anos no período em que estivemos com as escolas fechadas — lamenta Raquel.
O Estado já tem pronto um plano de ação para recuperar o terreno perdido, mas o processo é lento. Será necessário um esforço emergencial da Secretaria da Educação para envolver os professores nesse mutirão. A pandemia provou que professores e alunos não estavam preparados para o ensino remoto e que, mesmo com a abundância de recursos técnicos disponíveis, sem treinamento os resultados ficarão sempre abaixo do esperado.
Quando as empresas reclamam que têm vagas disponíveis mas não encontram profissionais, esse é o resultado de anos e anos em que a educação foi tratada em segundo plano. Como formar mão de obra para as empresas de tecnologia se nem inglês as escolas públicas ensinam?
ALIÁS
Os péssimos resultados da avaliação diagnóstica feita nas escolas públicas só reforça a necessidade de o Rio Grande do Sul se unir o quanto antes em um pacto pela educação que tenha a participação de professores, pais, alunos, empresários e organizações da sociedade civil.