Banco Master

Banco Master

 

 

 

Caso Banco Master: mercado, poder político e instituições, tudo junto e misturado num retrato cru da crise democrática brasileira...E não, meus beatos da fé petista, enxergar isso não é "cair no jogo da extrema-direita", até porque ela mesma tá de biquinho bem fechadinho sobre isso, já que tá metida na coisa até o talo...

O escândalo envolvendo o Banco Master, cuja fraude bilionária foi exposta pela Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, rapidamente deixou de ser apenas um caso meramente financeiro. Ele se mostra como um símbolo brutal do entrelaçamento entre mercado financeiro, poder político e instituições de Estado, revelando como a democracia brasileira opera sob constante tutela do capital...

A Polícia Federal prendeu o controlador do banco, Daniel Vorcaro, acusado de comandar um esquema de fraudes que pode alcançar bilhões de reais em prejuízos ao sistema financeiro e aos investidores. Diante das irregularidades graves, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.

O caso, porém, explode não apenas pelo tamanho do rombo, mas pelo ecossistema político-institucional que orbitava o banco: parlamentares, operadores do mercado, dirigentes de órgãos reguladores e figuras centrais do Judiciário...

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do Centrão, aparece na agenda de contatos de Vorcaro. Ele é apontado como autor de uma emenda apelidada de “emenda Master”, vinculada à PEC da autonomia do Banco Central, que ampliaria mecanismos de proteção e garantias públicas a instituições financeiras, socializando riscos privados...

Além de Ciro Nogueira, análises políticas indicam relações estreitas de Vorcaro com Antônio Rueda (União Brasil) e Arthur Lira (PP-AL), figuras centrais do Congresso. E não se trata de mera proximidade pessoal, mas de articulação política estruturada, típica do Centrão, onde o mercado compra influência legislativa e molda normas a seu favor...

Nisso, o Parlamento não atua como mediador do interesse público, mas como corretor político do capital financeiro.

Outra dimensão explosiva envolve o ministro do STF Alexandre de Moraes numa situação no mínimo de extrema fraqueza ética: Documentos apreendidos na operação revelaram que o Banco Master firmou um contrato milionário com o escritório de advocacia de sua esposa e filhos. Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, receberia cerca de R$ 3,6 milhões mensais, podendo chegar a R$ 129 milhões em três anos...

O contrato previa atuação estratégica junto a Banco Central, Receita Federal e instâncias políticas, o que, por si só, já configura um problema institucional gravíssimo: um banco investigado contratando o escritório ligado diretamente à família de um ministro do Supremo!

Vcs não acham que fechar os olhos pra isso é sinal de fanatismo por figuras de poder?

Sim porque ainda que o Cade alegue não haver prova de atuação direta no processo de venda do banco ao BRB, o ponto central não é criminal, mas institucional e democrático: a promiscuidade estrutural entre o topo do Judiciário e interesses privados sob investigação...

Some-se a isso reportagens indicando que Alexandre de Moraes teria feito contatos com a cúpula do Banco Central em momentos críticos da crise do Master. Mesmo com negativas formais alegando que o conteúdo das conversas era outro, até a ilibada jornalista Daniela Lima afirmou que o tema do Banco Master foi citado nas mesmas, o estrago institucional já está feito: a aparência de captura vale quase tanto quanto a captura em si...

Não aceitar encarar a realidade, apenas pra manter acesa a chama do culto à personalidade de A ou B não ajuda em nada a democracia, que fique claro.

O elo que fecha esse circuito é o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ícone da autonomia do BC moldada sob lógica NEOLIBERAL, Campos Neto personifica um modelo de Estado em que a autoridade monetária responde prioritariamente ao mercado financeiro, não à sociedade.

Durante sua gestão, o Banco Central permitiu a expansão agressiva de operações de alto risco, títulos duvidosos e práticas financeiras que só se sustentam sob a promessa implícita de que, se tudo der errado, o Estado, via FGC (Fundo Garantidor de Créditos) através de garantias e liquidações, absorverá o prejuízo.

O caso Banco Master expõe o fracasso desse modelo:

– o mercado opera sem freios;

– o BC age tardiamente;

– o rombo é socializado;

– e a conta política é diluída entre Congresso, Judiciário e tecnocracia.

Campos Neto representa a ideologia institucional que transforma o Estado em seguradora do capital financeiro.

Quando líderes do Centrão legislam sob medida para bancos; quando um banco investigado mantém contratos milionários com familiares de ministros do STF; quando o Banco Central atua mais como zelador da confiança do mercado do que como regulador público, o resultado é inequívoco:

👉 as instituições não estão capturadas por um grupo político específico, estão niveladas por baixo pelo poder do mercado.

Isso revela três dimensões centrais da crise democrática:

Captura institucional normalizada:

Conflitos de interesse deixaram de ser exceção e passaram a integrar o funcionamento regular do Estado.

Supremacia do capital sobre a soberania popular

Decisões estratégicas não respondem à cidadania, mas à lógica da rentabilidade e da estabilidade financeira para poucos.

Democracia esvaziada

Quando todas as instituições: Congresso, BC, STF, gravitam em torno do mesmo eixo econômico, a democracia vira encenação sem conteúdo material.

O caso Banco Master é o espelho do Brasil real.

É o sistema funcionando como foi desenhado.

Um sistema em que o mercado manda, as instituições se adaptam e a democracia assiste. Um sistema que nivela extrema-direita, Centrão e cúpulas institucionais não por ideologia, mas por submissão comum ao capital financeiro.

Diante disso, não há discurso sobre “defesa da democracia” que se sustente sem enfrentar, de forma radical, o poder estrutural do mercado sobre o Estado.

---

Gi Stadnicki

FONTE:

Giovanna Stadnicki 




ONLINE
59