Barrar as escolas cívico-militares
Barrar as escolas cívico-militares com a força dos professores e da comunidade escolar
Fazemos um chamado urgente aos professores das escolas que entrem em contato com o Nossa Classe Educação, através de nossas redes ou de nossos militantes para visitar sua escola e dialogar com os professores, pois é fundamental organizar a nossa luta juntamente com a comunidade escolar para barrar esse e outros ataques! Precisamos seguir denunciando, conscientizando e mobilizando os professores e a comunidade escolar contra os avanços da extrema-direita e contra todos os ataques vindos pelas mãos dos governos.
Renata Munin/Flávio Afonso
quinta-feira 27 de junho
A poucos dias das férias, os bolsonaristas Tarcísio de Freitas (PR) e Renato Feder querem transformar escolas públicas em cívico-militares. Além disso, querem colocar a mesma polícia que bateu e atirou gás e balas de borracha em estudantes na ALESP que lutavam contra esse projeto, para darem aulas de ÉTICA dentro das escolas! Essa mesma polícia que, sob direção de Tarcísio, vem avançando com chacinas como na baixada santista contra a população negra, a juventude e os trabalhadores.
Enquanto atacam com esse projeto reacionário, ao mesmo tempo fecham diversas salas de aula e o período noturno de centenas de escolas, acabando por impossibilitar o acesso à educação aos alunos que precisam desde cedo trabalhar. Mas para escolas cívico-militares, onde policiais receberão mais do que professores, o governo de Tarcísio tem investimento de sobra para aplicar.
Precisamos organizar todas as comunidades escolares para barrar esse projeto reacionário que visa mais repressão policial e maior fortalecimento da extrema direita. Absurdamente, o governo quer impedir as comunidades escolares de rechaçar a transformação de suas escolas em cívico-militares, e para isso criou um calendário onde os Conselhos de Escola, onde estão professores, alunos, funcionários e pais, não participam e é o diretor ou vice diretor que decide manifestar o suposto interesse da escola. Uma manifestação favorável, então, seria avaliada pela Secretaria da Educação que veria a possibilidade da transformação da escola em cívico-militar e após isso ocorreria uma consulta à comunidade escolar, cujo método não é tipificado, abrindo possibilidade para qualquer manobra ou arbitrariedade fazendo com que o modelo seja implantado de forma impostora e antidemocrática, como ocorreu com a implementação de centenas de PEI’s. É um ataque direto contra os conselhos de escolas, além de que a Secretária da educação já saiu com uma lista das escolas que podem aderir, configurando uma ameaça ou uma imposição já para as escolas selecionadas aderirem ao projeto.
Nesse modelo os estudantes serão extremamente prejudicados, além de serem vítimas da educação empreendedora do NEM, das plataformas digitais que deformam a sala de aula esvaziando-a de conteúdo, agora serão forçados por esse projeto a aprender sob uma disciplina militar, ameaçadora, que os conduzirá a uma formação acrítica, engessada e aligeirada, enquanto convivem no seu principal ambiente de socialização sob a coação da violência policial. Tudo em nome da criação de uma geração inteira educada para obedecer sem criticar, privada de direitos e tolhida de reivindicá-los, forçada ao trabalho precário e obstruída de qualquer horizonte de futuro.
Esse é um projeto ligado a toda a guerra ideológica, política e econômica que esse governo vem desferindo contra os professores, os alunos e toda comunidade escolar. Com toda a ajuda do Novo Ensino Médio, que agora está sendo somente reformado, mas não revogado pelo governo Lula-Alckmin, Tarcísio vem conseguindo destruir a educação pública. O conteúdo e trabalho pedagógico dos professores passou a ser garantir acesso em plataformas com um conteúdo esvaziado, sem sentido, com temas que defendem a privatização e tudo aquilo que vai contra a construção de uma consciência crítica, transformando a educação numa verdadeira empresa cujo objetivo é atingir metas para dar lucro. Enquanto Tarcísio avança para cortar quase 10 bilhões da educação, o que sobrará será para encher o bolso de empresários.
A mobilização dos professores estaduais vinha crescendo gradativamente diante de todos os retrocessos impostos por Tarcísio e Feder, atingindo seu ponto culminante na Assembléia realizada em 26/04, onde mais de 7 mil professores se reuniram em frente à SEDUC em meio a gritos de “GREVE JÁ”. Ficou clara a disposição de luta dos professores, mas a direção central da APEOESP impôs o adiamento da greve, pouco menos de um mês antes da votação das escolas cívico-militares, abandonando a trincheira da luta, deixando os professores desamparados em meio a tantos ataques e o caminho livre para Tarcísio emplacar a aprovação do modelo numa votação permeada pela truculência e brutalidade policial em cima dos estudantes secundaristas, professores e movimentos pela educação. A direção central da APEOESP precisa construir em cada escola a mobilização contra o modelo cívico-militar e de uma vez por todas emplacar comandos de mobilização para construir a greve contra esse e outros ataques à educação.
Mais uma vez vemos que não basta assinar uma lei, como foi o caso de Lula deixar de passar investimento as escolas civico-militares, quando nos estados os governadores mais reacionários possuem todo o caminho aberto, inclusive sob o apoio do governo de Lula, para investirem naquilo de mais asqueroso que podem contra os serviços públicos, como a educação. Desde que o Republicanos, partido de Tarcísio, entrou para a base do governo de Lula-Alckmin, o bolsonarista tem recebido do governo federal não só apoio político mas também incentivos fiscais para levar à frente o projeto neoliberal que inclui as privatizações, a precarização da educação para formação de uma força de trabalho precária, terceirizada e uberizada, uma política que se expressa com as verbas bilionárias que Tarcísio recebeu de Lula via BNDES, o que temos visto é a transformação da realidade para uma situação cada vez mais precária no que diz respeito aos serviços públicos. O mesmo Lula que deu uma segunda anistia aos militares torturadores da Ditadura, dizendo que tais atrocidades ficaram no passado, agora suplanta política e financeiramente a extrema-direita em SP para empurrar goela abaixo a violência do militarismo dentro da educação pública. Destruir a educação dos filhos dos trabalhadores simboliza lucros bilionários para empresários.
O Movimento Nossa Classe e o Esquerda Diário se colocam à serviço da mobilização e da denúncia contra a implantação do modelo cívico-militar na educação, bem como contra os abusos, a injustiça e a repressão que dele surgirão onde quer que seja implantado.
Fazemos um chamado urgente aos professores das escolas que entrem em contato com o Nossa Classe Educação, através de nossas redes ou de nossos militantes para visitar sua escola e dialogar com os professores, pois é fundamental organizar a nossa luta juntamente com a comunidade escolar para barrar esse e outros ataques! Precisamos seguir denunciando, conscientizando e mobilizando os professores e a comunidade escolar contra os avanços da extrema-direita e contra todos os ataques vindos pelas mãos dos governos.
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