Bolsonaristas revoltados com filme
Bolsonaristas revoltados com filme 'Não Olhe para Cima' produzem festival de pérolas
O filme ‘Não Olhe para Cima’, lançado pela Netflix no último dia 24 de dezembro, tem dominado as discussões nas redes sociais e provocado revolta particularmente em apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O filme conta a história de dois astrônomos que descobrem um cometa mortal vindo em direção à Terra, mas são descreditados quando tentam alertar a população sobre o perigo.
O elenco estrelado chama a atenção: tem Meryl Streep, Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Timothée Chalamet. Muitos viram o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, na personagem interpretada por Streep.
Os personagens que se recusam a levar a ameaça a sério foram vistos como referências aos negacionistas que ignoram dados científicos sobre temas como a emergência climática e a pandemia de covid-19.
“Quem escreveu o roteiro do filme também escreveu o roteiro do Brasil”, comentou um internauta. “Os bolsonaristas estão revoltados porque se viram no espelho”, ironizou outro. “Leonardo DiCaprio pode não ter incendiado a Amazônia, mas anda tirando a graça de quem odeia a ciência. O filme satiriza o apocalipse ao denunciar que a idiotice e ganância acabarão com o planeta”, acrescentou mais um.
'Não olhe para cima' gera repercussões e comparação com governo brasileiro
por Pedro Ibarra /Correio Braziliense
Não olhe para cima trabalha em roteiro simples, que não se aprofunda nas histórias dos personagens, e que, muitas vezes, parece jogar na tela muitas informações ao mesmo tempo em uma mimetização da realidade. Porém, apesar de ser superficial, a forma como a produção põe o dedo na ferida é contundente e verdadeira. O longa está cotado para temporada de premiações, porque explica um dos principais problemas do mundo de forma simples e compreensível.
A crítica do filme dialoga diretamente com os tempos atuais. Negacionismo, anticiência, politização dos discursos e polarização são questões que o longa traz, mas que já podiam ser vistas no mundo há anos, principalmente no Brasil. A similaridade com os atuais embates sociais do Brasil gerou uma repercussão intensa na internet. Um dos fatos mais recorrentes nas redes sociais são os personagens do longa comparados a funcionários do alto escalão do governo.
"Quem conhece o Brasil e o fascismo — com sua veia negacionista e anticiência — não vai ver muita novidade", escreveu a autora e professora Marcia Tiburi nas redes sociais. Natalia Pasternak, cientista e presidente do Instituto Questão de Ciência, lembrou em postagem de uma participação em um programa na qual perdeu a paciência com os apresentadores por tentarem levar com "humor e leveza" a pandemia, situação similar á do filme. "Esse filme se encaixa perfeitamente com a realidade do Brasil", postou a microbiologista no Twitter.
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