Brasil, um exemplo ao mundo

Brasil, um exemplo ao mundo

"O Brasil, enfim, tornou-se um exemplo ao mundo.

Fabiano da Costa

 

As notícias que temos recebido, pela grande imprensa, via dados do Gabinete de Transição, dão conta de um desmonte na estrutura pública que nem mesmo a Privataria tucana conseguiu fazer. Enquanto a Privataria Tucana se configurou em um processo de desmonte do Estado, que tinha como base o PND (Plano Nacional de Desestatização) de Collor, o que se mostrou em apenas 4 anos de Bolsonaro e Guedes foi uma pilhagem.

O único parâmetro para explicar o que houve em Brasília pode ser definido, na História recente, pela “Catastroika” russa de 1991, quando os investidores adentraram um país sendo privatizado diante da hiper desvalorização do Rublo. Qualquer um, com 2 mil dólares (hoje 10 mil reais) poderia se tornar dono de um hotel ou proprietário de uma empresa estatal russa.

Mas este não é o melhor exemplo que podemos ter da pilhagem atual. Estes dias, ouvindo o relato de Juliano Medeiros, presidente do PSOL, sobre como se encontra a estrutura econômica deixada por Guedes, voltei imediatamente à cerca de 330 AC.

Foi neste período, que Alexandre o Grande chegou ao Oriente Médio e diante de uma cidade persa que resistia a seu avanço, ordenou que seus soldados matassem todos os homens, tomassem as mulheres e escravizassem as crianças. O que sobrasse desta onda de violência, deveria ser queimado. Diante de tanta brutalidade, os generais macedônios ficaram perplexos. O jovem general disse que aqueles coitados, naquele dia, seriam um exemplo ao mundo.

É assim que Paulo Guedes, o economista que trabalhou na equipe do General Pinochet, e o genocida presidente queriam que fossemos vistos: um exemplo ao mundo. Não somente um exemplo da pilhagem descontrolada, mas do genocídio e da impunidade obtida por eles. O fato destes dois indivíduos, e seus apoiadores saírem sãs e salvos do governo, e não pararem nas forcas de Nuremberg ou nas prisões de Haia, diz muito sobre o Brasil, sobre seu povo e sobre a quebra do ensino público, que deveria ser a ferramenta sobre o ensino de viver em sociedade.

Estamos saindo da mão de um genocida que, com amplo apoio das forças armadas, massacrou 700 mil pessoas em uma pandemia, e os jogadores da seleção brasileira se divertem comendo bifes banhados a ouro que custam 9 mil reais cada. Os jogadores da seleção masculina de futebol, que um dia viveram na pobreza, e hoje ostentam bifes de ouro no Qatar, são um retrato do que é o nosso povo: é um salve-se quem puder generalizado, um foda-se coletivo que começa sim, na quebradeira da escola pública.

Enquanto há idiotas acampando frente à quarteis, Brasília já se encontra sob intervenção das Forças armadas: simplesmente não há mais presidente desde 30 de outubro. O gabinete presidencial do Planalto não é aberto desde sexta, 28 de outubro. Diariamente, as luzes do Palácio são apagadas as 18h e não há mais ninguém no Cercadinho, local das falas absurdas do miliciano. Quem opera a máquina, agora, conforme seus próprios interesses, são mais de 10 mil militares colocados em postos chave do governo federal. Estes, fazem o que querem tal qual a pilhagem de Alexandre.

Segundo os relatos do próprio Carlos Bolsonaro, filho do genocida, o pai dorme sozinho, com feridas pelo corpo. Com medo de ser preso, Bolsonaro, uma figura asquerosa, chorou em público na segunda-feira. Sabemos, entretanto, que a família de sádicos, se prepara para ficar em Brasília, morando perto do Planalto, planejando voltar em 4 anos para levar o que não deu para carregar agora.

O Brasil, enfim, tornou-se um exemplo ao mundo. Ou melhor: do quanto um povo sem educação pública de qualidade, sem acesso à leitura ou acesso democrático à informação, torna-se laboratório para todo o tipo de crueldade. A diferença entre nós e a Alemanha pós-Hitler, é que lá os responsáveis pelo genocídio, pelo etnocídio perpetrado, acabaram em Nuremberg, pagando por seus crimes contra a Humanidade.

Fabiano da Costa."




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