Caça às bruxas
Caça às bruxas: perseguição na Câmara dos Deputados
Mais do que uma ameaça contra as seis parlamentares, esta ação é um ataque frontal a todas as mulheres que ocupam espaços na política.
04/08/2023
Por Fernanda Melchionna, deputada federal (PSOL-RS)
No mês de junho, fui alvo de um pedido de cassação do meu mandato, movido pelo PL, partido de Bolsonaro. Essa ação infundada que está tramitando na Câmara dos Deputados é reflexo da misoginia enraizada na política brasileira, na qual as vozes femininas são constantemente deslegitimadas e atacadas. Diante dessa violência política de gênero, é imprescindível denunciar esses atos misóginos e convocar a mobilização em defesa das causas progressistas pelas quais tanto lutamos.
O pedido de cassação apresentado pelo PL, não apenas contra mim, mas também contra as colegas Sâmia Bomfim, Célia Xakriabá, Talíria Petrone, Juliana Cardoso e Erika Kokay, é uma tentativa clara de silenciar as parlamentares feministas de esquerda do Congresso Nacional. A alegação é de quebra de decoro parlamentar diante do nosso posicionamento firme contra o marco temporal.
Mais do que uma ameaça contra as seis parlamentares, esta ação é um ataque frontal a todas as mulheres que ocupam espaços na política
Essa ação do PL e de seus aliados revela a mentalidade retrógrada que permeia a política brasileira, na qual a presença e a atuação das mulheres são vistas como ameaça. É lamentável constatar que, em pleno 2023, ainda precisamos lutar contra o machismo estrutural que tenta nos calar.
Sabemos que a extrema direita ataca diretamente as mulheres que lutam por outras mulheres para tentar frear a força imparável do feminismo, que foi um dos principais obstáculos na consolidação de uma linha autoritária no Brasil.
Mais do que uma ameaça contra as seis parlamentares, esta ação é um ataque frontal a todas as mulheres que ocupam espaços na política. A possível cassação ou qualquer penalidade que possa ser atribuída a nós abre precedente para que mulheres nas Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas de todo o país sejam perseguidas por sua luta e seu posicionamento.
É preciso unir forças e enfrentar com altivez essa perseguição, que retrata o conservadorismo, a misoginia e o machismo. Não só com parlamentares mulheres, mas com todas as pessoas que lutam por igualdade de gênero, diversidade política e que defendem as liberdades democráticas no Brasil. Lutar não é crime!
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