Câmara decide votar homeschooling

Câmara decide votar homeschooling

Pressionado, presidente da Câmara decide votar homeschooling, mas texto ainda está em disputa

Governo defende proposta sem qualquer regulamentação contra projeto que institui conteúdo mínimo, avaliação e controle de presença

Arthur Lira é presidente da Câmara dos Deputados Foto: Leco Viana/TheNews2/Agência O Globo / Leco Viana/TheNews2/Agência O Globo

Arthur Lira é presidente da Câmara dos Deputados Foto: Leco Viana/TheNews2/Agência O Globo / Leco Viana/TheNews2/Agência O Globo

 

Pressionado pelo governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu colocar o projeto de homeschooling para votar. Há, neste momento, duas correntes disputando qual texto será apreciado. Um deles regulamenta a modalidade e o outro, apoiado pelo governo, a libera radicalmente. A ideia é que a proposta entre na pauta na semana que vem.

Previsto para ser votado em maio, a matéria atrasou justamente por falta de acordo. A relatora do projeto, Luísa Canziani (PTB-PR), construiu uma proposta prevendo que as crianças que passassem para a educação domiciliar deveriam estar matriculadas em escolas, que supervisionariam a frequência e aplicariam avaliações para esses estudantes.

O texto, no entanto, não agradou o governo que defendia um modelo sem regulamentações, dando liberdade total às famílias, sem controle da quantidade de aulas ou da qualidade de aprendizagem.

Como alternativa à proposta da relatora, um grupo de deputados governistas formado por Chris Tonietto (PSL/RJ), Bia Kicis (PSL/DF), Caroline de Toni (PSL/SC) e Dr. Jaziel (PL/CE) propôs uma alteração no Código Penal prevendo que a educação domiciliar não configura crime de abandono intelectual.

Isso significa que, neste cenário, o homeschooling poderia ser praticado sem nenhuma regra, como conteúdos mínimos obrigatórios, por exemplo. Especialistas apontam que o modelo coloca em risco crianças de famílias que não se dediquem adequadamente à educação delas ou até que comentam abusos contra elas.

Na proposta de Canziani, por exemplo, os conteúdos curriculares devem ser referentes ao ano escolar correspondente à idade do estudante, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O texto liberaria que os pais incluam conteúdos adicionais.

O projeto da relatora ainda vetava que adultos que já tenham sido condenados por crimes hediondos, sexuais, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Lei Maria da Penha ou por tráfico de drogas adotassem a educação domiciliar para seus filhos. Além disso, o pai ou a mãe da criança deveria ter ensino superior para que eles mantenham seus filhos na educação domiciliar.

A priorização do homeschooling na agenda do Congresso é amplamente apontada como um erro do governo federal, que negligencia outras agendas que impactam uma quantidade muito maior de alunos — especialmente após o impacto da pandemia nos sistemas educacionais.

Segundo estimativa da Associação Nacional de Ensino Domiciliar (Aned), a modalidade tem quase 18 mil alunos no país, 0,04% do total de estudantes brasileiros no ensino regular.

 

https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/pressionado-presidente-da-camara-decide-votar-homeschooling-mas-texto-ainda-esta-em-disputa-25255748 




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