Capitalismo é uma religião
No capitalismo- a pobreza é o inferno, a riqueza o céu e o dinheiro Deus.
Não é a toa que existe relação entre pobreza e religião. Em locais de pobreza a atividade religiosa é bem forte, ou seja, as pessoas pobres tendem a ser mais religiosas. Qual motivo? Porquê- pensando na religião mais popular do Ocidente, o cristianismo- o trabalhador, o pobre vive uma vida sofrida no seu labor diário em prol de seu próprio sustento e de sua família, luta para conseguir o pão, para pagar suas dívidas, um atendimento médico para tratar alguma doença, etc.
O pobre se mata de trabalhar e muito provavelmente vai morrer pobre- essa é uma regra no capitalismo. Então a vida terrena do pobre é um inferno, e por isso ele busca na religião(cristianismo) um paraíso, o céu, que só é possível em outra vida. Quem mora em favela-como eu- e a observa um pouco, facilmente nota que esse local é cercado de igrejas(além de bares), em cada esquina tem uma; mas, em contraste, quando vai ao Centro de compras, ou em locais onde quem vive possui boa condição financeira, percebe que há poucas igrejas. A razão disso é que o céu do rico já está garantido aqui, está em seu cartão de crédito, em sua conta gorda, em seus bolsos cheios.
Como diz Marx: "A religião é o ópio do povo". Para complementar, Freud: "A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana."
"Em geral, as religiões ajudam seus adeptos a lidar com a pobreza, explicam e justificam sua posição social, oferecem esperança, satisfação emocional e soluções mágicas para enfrentar problemas imediatos do cotidiano", diz sociólogo Ricardo Mariano, da PUC-RS.
"As religiões de salvação prometem ainda compensações para os sofrimentos e insuficiências desta vida no outro mundo", acrescenta.
Nota: Não estou afirmando que ricos não acreditem em algum Deus, mas sim que pessoas pobres, por fatores sociológicos, tendem a ser mais religiosas. Pobreza e baixa instrução parecem os ingredientes essenciais para forjar um crente. Claro, existem indivíduos ricos e intelectuais religiosos e praticantes. O problema é que não existe opção para a maioria.
. Autor do texto: Otavio Paes, adm da página Filofalando