Carreira de professor não atrai
Carreira de professor não atrai jovens no Brasil
Baixos salários e condições de trabalho colaboram para desinteresse
Carreira de professor não atrai jovens no Brasil | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória
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Correio do Povo
O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem dificuldade em atrair jovens talentosos para a carreira de professor. Essa é uma das conclusões do estudo “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?”, que foi divulgado ontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Entre as razões para o desinteresse para atuar na Educação Básica estão, segundo a pesquisa, os baixos salários. “Mesmo nos últimos anos, após uma década de incrementos nos salários dos professores, eles continuam a ganhar, consideravelmente, menos do que outros profissionais”, enfatiza o trabalho.
Além da questão financeira, o estudo aponta para as condições de trabalho, como razão do desinteresse dos jovens pela docência. “Muitas vezes, a infraestrutura das escolas latino-americanas é deficiente em relação a equipamentos, laboratórios e, até mesmo, em termos de serviços básicos”, afirma o documento.
O estudo menciona informações levantadas pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação, em 2013, relativas a escolas de 15 países latino-americanos, incluindo o Brasil. Na ocasião, foi constatado que 20% das escolas não tinham banheiros adequados, 54% não tinham sala de professores e 74% não contavam com laboratório de Ciências.
Os dados apontam também que muitos jovens acabam seguindo a carreira docente “por eliminação, não por vocação”. Informes a partir do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2008 mostravam que, na época, 20% dos alunos do Ensino Superior com foco no magistério haviam feito a opção para ter uma alternativa, caso não conseguissem outro emprego; e 9%, por ser a única possibilidade de estudo perto de casa. O reflexo aparece no desempenho dos alunos. Conforme revela o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os conhecimentos em Leitura, Matemática e Ciências dos jovens de 15 anos da região está dentro dos 40% daqueles com pior resultado entre os países analisados.