Casos de violência contra professores
Santa Catarina registrou quase 7 mil casos de violência contra professores em 2025
Profissionais da educação denunciam negligência do Estado em audiência sobre violência nas escolas catarinenses, onde são registradas 44 ocorrências a cada dia letivo
Por César Fraga / Publicado em 18 de novembro de 2025
Os trabalhadores do magistério catarinense lotaram o Plenarinho da Alesc, no dia13 de novembro, em Audiência Pública para debater caminhos de enfrentamento à violência contra profissionais da educação.
Foto: Sinte-SC/Divulgação
Os trabalhadores do magistério catarinense lotaram o Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na semana passada, durante Audiência Pública solicitada pelo Sinte/SC para discutir estratégias de enfrentamento à violência contra profissionais da educação. No encontro, professores relataram agressões sofridas dentro das unidades de ensino e denunciaram a falta de amparo institucional.
De acordo com dados apresentados pelo Sinte/SC, somente em 2025 foram registrados 6.846 casos de violência na rede pública estadual. Levantamento do Núcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola (Nepre) aponta média de 44 ocorrências a cada dia letivo. Nos últimos quatro anos, 4.819 docentes foram vítimas de agressões. Informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostram ainda que 1 em cada 100 escolas teve o calendário interrompido por episódios de violência e que 1 em cada 20 diretores relatou casos de porte de armas por estudantes.
Entre os relatos apresentados, o do professor Michel Flor sintetizou a percepção de abandono.
“Uma mãe de estudante me agrediu no corredor da escola. Ela tentou me dar pontapés e tapas e depois me ameaçou de morte, dizendo que passaria por cima de mim e da minha moto com o carro dela. Desde então, estou em acompanhamento médico e tive que retornar ao trabalho, mesmo doente. Durante este processo fui vítima de novo ao sofrer com a total falta de apoio da escola, do NEPRE e da Secretaria de Educação. Hoje convivo com medo constante, sensação de perseguição e adoecimento”, afirmou.
Diante da escalada de violência, o Sinte/SC lançou a campanha “Violência não. Respeito à Educação!”, que cobra medidas imediatas de proteção e valorização profissional. A presidente do sindicato, Elivane Secchi, reforçou que o problema não pode ser tratado como episódios isolados, mas como expressão da violência estrutural produzida pelo próprio Estado.
“O achatamento da carreira e a precarização salarial são formas claras de violência institucional, que desvalorizam a formação e a experiência docente. A luta pela descompactação da tabela salarial é central, porque salário achatado também é violência moral, pois adoece, fragiliza e reduz a capacidade dos trabalhadores de enfrentar os conflitos cotidianos da escola”, declarou.
A deputada Luciane Carminatti (PT), que presidiu a mesa, apresentou uma minuta de Projeto de Lei para estabelecer protocolos de atendimento às vítimas, além de medidas de acolhimento, suporte jurídico e assistência psicológica aos trabalhadores atingidos. A audiência contou com representantes do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) e Secretaria de Estado da Educação (SED). A secretária da Educação, Luciane Ceretta, não compareceu.
“A violência contra professores é uma epidemia que assola todo o país e, infelizmente, Santa Catarina tem se destacado negativamente nessa área. Não podemos mais naturalizar agressões, ameaças e humilhações contra quem dedica sua vida a educar. Precisamos agir com urgência, proteger nossos educadores e garantir um ambiente seguro para ensinar e aprender”, afirma Carminatti.

Foto: AssCom/Dep Luciane Carminatti /Divulgação
Observatório apresenta pesquisa nacional
Durante a audiência, o Observatório Nacional da Violência contra Educadores divulgou resultados de um estudo quantitativo sobre agressões sofridas por profissionais da educação em todo o país. O levantamento aponta que a censura tornou-se uma das violências mais disseminadas, atingindo todos os níveis e etapas da educação. Segundo os dados, 57% dos entrevistados identificam como principais agentes de violência profissionais da área pedagógica, seguidos por familiares dos estudantes (44%) e pelos próprios alunos (34%).
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