Celular na escola
Celular na escola: inimigo ou aliado?
Já foi-se o tempo em que o celular na escola poderia ser considerado um “inimigo” na educação. Porém, é preciso entender que o aparelho está presente na vida das crianças e adolescentes, por isso querer proibir completamente seu uso é algo que precisa ser revisto pelas escolas.
Com regras, é possível construir bons hábitos de uso do aparelho dentro da escola e, até mesmo ter a ferramenta como uma grande aliada do ensino.
“A tecnologia evoluiu muito e afirmo que tornou-se imprescindível, devido a agilidade, diversidade e quantidade de informações que chegam nas mãos dos estudantes”, avalia a professora Cláudia Onofre, consultora pedagógica da editora Dentro da História.
A profissional lembra que já temos uma geração inteira conectada desde a primeira infância, sendo necessário que a escola se adapte a essa realidade para trabalhar essa tecnologia como fonte de informação e de atividades aos alunos, o que pode, inclusive, ser um gatilho motivador.
A coordenadora pedagógica do NEI (Núcleo de Educação Integrada) da Fundação Romi, Magda Silva Rizzeto, concorda e ressalta que não dá mais para ignorar o equipamento. “A tecnologia já bateu à nossa porta há um bom tempo, e a escola atualmente deve se preocupar em ensiná-los a fazer bom uso do mesmo”, disse a profissional da escola localizada em Santa Bárbara d’Oeste (SP).
Celular como aliado
No NEI, os trabalhos realizados com tecnologia são sempre grandes aliados aos projetos desenvolvidos em todas as áreas do conhecimento. “Recordando um tempo atrás, utilizamos a câmera do celular para fotografar as paisagens da escola e confeccionamos mouse pad para as salas”, exemplificou Magda.
A escola barbarense utiliza o aparelho para tirar foto, para criar filme, para acesso à plataforma de aprendizagem ou para fazer alguma pesquisa, dependendo da proposta a ser trabalhada.
No momento de pandemia, o aparelho acabou sendo utilizado em demasia, o que gerou um certo desgaste na comunidade escolar. A coordenadora pedagógica do NEI, porém, lembra que esse momento foi importante para perceber que o celular pode ser uma ferramenta de aprendizagem. “Cogitar abolir o celular da vida estudantil é algo muito distante da realidade das nossas crianças, adolescentes e jovens”, ressaltou.
Sugestões de atividades
A consultora pedagógica da editora Dentro da História, a professora Cláudia Onofre, acredita que as possibilidades de uso da tecnologia a favor da educação são infinitas.
Uma sugestão da especialista é usar o celular para jogos didáticos que exploram conteúdos.
“Quando a escola traz uma proposta de gamificação de conteúdo didático, os estudantes tendem a ter maior engajamento e por consequência uma melhor retenção de aprendizado. Os games trazem uma proposta de diversão, interação e compreensão, resultando na melhoria da performance de cada um”, sugeriu.
Cláudia ainda cita como proposta o uso do celular para fazer pesquisas, sendo a internet uma grande fonte para encontrar conteúdo diversificado e atualizado.
E, por fim, redes sociais personalizadas, onde seja possível criar um canal personalizado de comunicação entre professores e alunos.
Desafios e propostas
Mas é preciso lembrar que, apesar do celular ser imprescindível, o recurso digital deve ser utilizado em prol da formação do aluno e da sua interação com o mundo. Confira cinco dicas da Cláudia Onofre, consultora pedagógica da Dentro da História:
1) Deixe claro para os estudantes que naquele ambiente a utilização do celular terá um propósito pedagógico;
2) Atenção as faixas etárias: para cada etapa deve ser pensado como, quando, limite, tempo e desenvolvimento das atividades;
3) Diálogo com a finalidade de educar ou se reeducar para o uso em sala;
4) Com os menores façam combinados, já para os maiores proponha que façam as regras de uso, controle, perda, quebra, empréstimos, indisciplina etc. Com isso o comprometimento com as regras será mais efetivo;
5) Por fim transforme esse desafio em inserir o uso do celular ou outra tecnologia em sala em um momento único de crescimento para ambas as partes: família, estudantes e escola.
“O celular é um grande e poderoso aliado no processo de aprendizagem para essa geração. A utilização do aparelho, quando realizada de forma responsável e monitorada, tem apresentado resultados positivos”, resume Magda Silva Rizzeto.
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