Colocação do RS em qualidade de vida

Colocação do RS em qualidade de vida

iRS: Rio Grande do Sul mantém 5ª colocação em qualidade de vida

Certa estabilidade em relação ao ano anterior ocorre com ajuda do avanço em dados de segurança e em meio a impactos da pandemia de coronavírus

08/12/2022 - ANDERSON AIRES

 

O Rio Grande do Sul manteve, em 2020, primeiro ano de pandemia, o 5º lugar no ranking que mede a qualidade de vida e o desenvolvimento nos Estados. Com avanço em dados de segurança e recuo no padrão de vida, o RS apresentou certa estabilidade em relação ao nível do índice do ano anterior. Os impactos da crise sanitária são alguns dos fatores que explicam esse cenário, segundo especialistas. 

Os dados estão presentes na 9ª edição do Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS). A pesquisa é uma parceria entre GZH e PUCRS e avalia o desempenho dos Estados e do país em três dimensões: padrão de vida, educação e segurança e longevidade. 

Seguindo os moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o iRS varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, melhor o desempenho de cada região. A pesquisa tem como base dados de 2020, recorte de tempo mais recente possível, levando em conta as informações disponíveis. Essa é a primeira edição com dados do período da pandemia de coronavírus. 

Rio Grande do Sul, o índice geral caiu de 0,659 para 0,652, retornando ao nível observado dois anos antes, em 2018. Mesmo com a retração, o Estado segue na 5ª colocação no país e acima da média nacional. De 2007 até 2015, o RS registrou a melhor colocação no índice, conquistando e mantendo o 4º lugar no ranking. Nos anos seguintes, oscilou entre 5º e 6º lugar. 

A certa estabilidade do Estado no iRS ocorre diante de fatores distintos. As três dimensões apresentaram oscilações no patamar do índice, mas mantiveram a colocação em seus respectivos rankings.  De um lado, a dimensão de padrão de vida apresentou o maior tombo entre os dois últimos anos de pesquisa. Já o índice de segurança apresentou melhora mais robusta, enquanto o indicador de educação teve aumento menor na margem.

O coordenador do iRS e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, explica que o resultado do Estado em 2020 sofre o efeito de algumas dinâmicas provocadas pela pandemia na economia e, consequentemente, na área social: 

— Tudo piorou do ponto de vista da dimensão padrão de vida, porque a gente estava enfrentando uma crise. No Rio Grande do Sul e na média nacional, nós pioramos nas três variáveis. Perdemos empregos, a renda média do trabalhador diminuiu e a desigualdade aumentou. 

No campo de segurança e longevidade, especialistas afirmam que parte da melhora ocorre diante das medidas de distanciamento social promovidas no primeiro ano de pandemia. Com menor circulação de pessoas, taxas de homicídios, mortes no trânsito e mortalidade infantil recuaram no período. 

Infográfico: em site especial, veja os gráficos desta edição do iRS

O RS segue com o pior desempenho entre os Estados da Região Sul, atrás de Santa Catarina e Paraná, mesmo diminuindo a distância para os vizinhos. 

A ponta do ranking segue sob a tutela do Distrito Federal (0,774), que apresentou leve avanço em relação ao ano anterior. Essa unidade da federação ocupa a liderança no iRS desde 2015. São Paulo (0,716) e Santa Catarina (0,708) completam o top 3. O Paraná segue na 4ª colocação (0,658). Mesmo com a manutenção das posições, esses Estados também apresentaram retração no índice na comparação com 2019. 

Sergipe (0,436), mesmo com ligeira melhora, repetiu a 27ª colocação, seguido de perto pela Bahia (0,444), que ficou no 26º lugar após perder uma posição. O Ceará (0,463) apresentou tombo expressivo em 2020, passando da 13ª para a 25ª colocação. 

Perguntas e respostas

Por que criar um indicador?

Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual.

Por que as variáveis?

Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas.

O que o diferencia?

Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis.

Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público.

Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente.

Qual é a escala?

Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante.

Por que os dados são de 2020?

O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo.

Entenda os cálculos

Educação

- Os indicadores adotados analisam o desempenho dos alunos nas séries iniciais, o grau de distorção entre a idade ideal e a efetiva do Ensino Médio e a taxa de matrícula nessa etapa.

- Variáveis: média padronizada em português e matemática da Prova Brasil no 4º ano, taxa que mostra o quanto os jovens estão atrasados em relação à idade ideal e taxa de matrícula do Ensino Médio. Nessa última, a opção foi adotar a faixa etária de 15 a 19 anos. Ainda que a Meta 3 do Plano Nacional de Educação (PNE) seja a ampliação do atendimento do Ensino Médio na faixa etária de 15 a 17 anos, intervalo ideal, o Brasil conta com grande contingente de jovens que não concluem a etapa antes dos 19 anos, ou sequer estão matriculados.

 - Fonte dos dados brutos: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação, realiza a Prova Brasil — dados neste site.
 

Segurança e longevidade 

- Mede expectativa de vida e grau de violência ao qual as pessoas estão expostas.

- Variáveis: índice de mortalidade infantil, taxa de homicídios e taxa de mortalidade no transporte (trânsito).

- Fonte: Datasus. O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por publicar dados relacionados ao sistema, de estatísticas epidemiológicas a números de mortalidade — informações disponíveis neste site.

Padrão de vida

- Renda é o parâmetro. Mede qualidade de vida no que se refere aos bens materiais. Usa como critério quanto cada pessoa ganha por mês.

- Variáveis: renda média do trabalhador, distribuição de renda e ocupação formal.

- Fonte: Rais. A Relação Anual de Informações Sociais (Rais) é uma base de dados do Ministério da Economia que informa quanto ganham os trabalhadores formais no Brasil. As informações partem das empresas e estão disponíveis em sites do governo federal. 

Fonte: clique aqui 

 

iRS: com recuo em renda e ocupação, RS amarga terceiro ano com queda no padrão de vida

Este é o segundo pior nível dessa dimensão na série histórica, que teve início em 2007

07/12/2022 - ANDERSON AIRES

A desigualdade avançou e a qualidade de vida das famílias caiu no Rio Grande do Sul em 2020, primeiro ano da pandemia de coronavírus no país. Com renda média e ocupação apresentando novas quedas, o índice de padrão de vida caiu de 0,598, em 2019, para 0,540 em 2020 na 9ª edição do Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS). Esse é o segundo pior nível dessa dimensão na série histórica do iRS, que teve início em 2007. Mesmo com a piora, o Estado segue na 5ª colocação entre as unidades da federação

Dentro das variáveis que compõem o padrão de vida, a renda média apresentou o maior tombo dentro do levantamento, com índice recuando de 0,56 para  0,43.  Trata-se de uma variável central nessa dimensão, porque é uma referência de qualidade de vida que as pessoas conseguem a partir das condições materiais. Portanto, busca aferir o quanto elas conseguem acessar bens materiais, conforto, facilidades proporcionadas por utensílios e necessidades básicas. 

O professor Ely José de Mattos, da Escola de Negócios, pesquisador do laboratório PUCRS Data Social e coordenador do iRS, afirma que a retração do padrão de vida foi impulsionada pelos efeitos do primeiro choque da crise sanitária na economia. O mercado de trabalho passou por uma acentuada deterioração, registrando queda na renda e aumento na desigualdade, segundo o professor:

— Observamos uma retração no mercado de trabalho. Com um cenário já tradicionalmente bem estabelecido de baixa produtividade, o choque da pandemia diminui a renda média dos trabalhadores e aumentou algumas disparidades. Então, era esperado que houvesse essa ampliação de desigualdade nesse cenário. 

O  Distrito Federal (0,804) segue na liderança do ranking de padrão de vida, posto que ocupa desde o início da série histórica. Além de manter a colocação, o DF melhorou a performance nessa dimensão na comparação com 2019. Com nova queda, Maranhão (0,296) anotou novamente o pior desempenho entre os Estados, resultado que carrega em todos os anos de levantamento. 

Infográfico: em site especial, veja os gráficos desta edição do iRS  

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iRS: com tímida melhora, RS estaciona na 12ª colocação em educação

Aumento no volume de matrículas no Ensino Médio é o principal fator que explica o ligeiro crescimento no índice

07/12/2022 - ANDERSON AIRES

Assim como as outras duas dimensões que compõem o Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (iRS), a educação gaúcha não apresentou mudança de colocação no ranking. O Rio Grande do Sul até apresentou ligeira melhora no índice, mas não o suficiente para sair do segundo pelotão. Com índice que passou de 0,611, em 2019, para 0,621 em 2020, o Estado segue na 12ª colocação. 

A pesquisadora do PUCRS Data Social e da equipe que elabora o iRS Izete Pengo Bagolin destaca que o resultado da educação ocorre na esteira do avanço de alunos matriculados no Ensino Médio. Como o resultado da Prova Brasil, que ocorre a cada dois anos, repete-se nos números de 2020, o aumento no volume de matrículas é o principal fator que explica o ligeiro crescimento no índice. 

— Tivemos uma melhoria na evasão e, consequentemente, na taxa de matrícula. Isso puxou um pouco para cima o resultado final do índice de educação. (...) Pode ser consequência de ações que já vinham sendo implementadas pelo setor educacional do governo para reduzir a taxa de evasão no Ensino Médio. Pode ser também uma questão de pessoas migrando do presencial para o online, que não se desvincularam da escola — afirma Izete. 

O professor Sani Cardon, da Escola de Humanidades da PUCRS, mestre e doutor em Educação, destaca que o Estado segue com problemas na área, o que é comprovado pela colocação no ranking. Nesse sentido, pequenas elevações no índice não melhoram a situação do setor. Cardon destaca que o maior número de matrículas pode ser explicado por ações políticas pontuais no contexto daquele ano. Como o levantamento pega o primeiro ano da pandemia e os efeitos iniciais na educação, Cardon estima que os dados de 2021 mostrarão de maneira mais ampla o impacto da crise sanitária: 

— É necessário construir uma proposta para uma política pedagógica com a rede e investir nos professores, em infraestrutura e na permanência dos alunos nas escolas. Quando falamos em infraestrutura, não é só sala de aula, mas também merenda escolar, espaços para praticar esportes.  

Infográfico: em site especial, veja os gráficos desta edição do iRS  

 

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