Como fica a educação?

Como fica a educação?

Escolas fechadas por conta do coronavírus: como fica a educação das crianças?

 por Luiza Padovam Vieira em 17/03/20

No dia 12 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou pandemia global por conta da rápida proliferação do coronavírus ao redor do mundo. O anúncio tem causado impactos em diversas esferas e a educação não fica fora dessa.

Mas a pergunta que fica é: como o coronavírus impacta o ensino básico no Brasil?

Diversos estados brasileiros estão tomando medidas de prevenção para o coronavírus nas escolas. De maneira geral, as aulas serão suspensas gradativamente na rede estadual e municipal. 

Escolas fechadas e aulas canceladas por conta do coronavírus

 

No Rio de Janeiro, o governo paralisou as aulas nas redes pública e privada a partir de hoje (16). Em São Paulo, a expectativa é que o cancelamento aconteça gradativamente, mas que todas as crianças fiquem em casa a começar na segunda-feira (23). Já no Distrito Federal, o governo antecipou as férias escolares da redes de ensino pública - a medida vale por 15 dias e pode ser prorrogada. 

Ainda não se sabe ao certo por quanto tempo os alunos deverão permanecer reclusos e, em meio à tantas incertezas, diversas dúvidas surgem em relação ao que acontecerá com a educação das crianças e adolescentes brasileiros.

Educação a distância no Ensino Básico

Uma das alternativas dadas pelo governo a pandemia do coronavírus para as instituições de ensino é a opção de oferecer aulas remotas. O Ministro da Educação, Abraham Weintraubdisse que as escolas devem se preparar para emergências pontuais, através de aulas a distância.

“Você manda (o conteúdo das) as aulas para os alunos, disponibiliza o e-mail, o YouTube, Skype, (conexão de) internet, (tudo) pra você evitar aglomeração e evitar transmissão mais aguda do coronavírus.” explicou  Weintraub em vídeo divulgado nas redes sociais.

Porém, a medida não é tão simples quanto parece. Levantamento realizado pelo Melhor Escola a partir dos dados da última pesquisa TICs Domicílios em 2018, divulgado pelo Núcleo de Informação do Ponto (Nic.br), informa que 37% dos jovens de 10 a 24 anos não possuem acesso à internet em suas casas.

A pesquisa foi realizada com 23,5 mil pessoas, em diferentes regiões do Brasil. Apesar de quase 95% dos entrevistados afirmarem que têm ou já tiveram acesso à internet, quando analisamos onde e como eles utilizam a tecnologia, o cenário é um tanto diferente.

No Sudeste, 35% dos entrevistados têm acesso à internet nos domicílios. Mas em regiões como Centro-Oeste e Norte, o percentual é mais baixo, com 8% e 15% respectivamente. O gráfico abaixo detalha os locais onde os jovens mais utilizam a internet: 

Porcentagem de jovens que têm acesso à internet no BrasilFonte: Melhor Escola/NIC.br

 

Com a disparidade de realidades entre os municípios, estados e regiões, o desafio em achar uma solução que atenda à necessidade de todos é desafiadora. Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber, explica que substituir o ensino presencial pelo a ensino a distância na educação básica é um processo delicado, que requer planejamento.

 “O EaD no Brasil avança muito, mas a passo muitos curtos, no sentido de que o avanço da qualidade dos cursos a distância não acompanha o avanço da demanda,  principalmente na educação básica,” afirma. 

Apesar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) permitir até 30% do ensino a distância no caso do ensino médio, Alvarez ressalta que o sistema de ensino - seja público ou privado - não tem experiência e amadurecimento para colocar o EaD em prática. “É uma questão de falta de internet, de estrutura, uma falta de cultura brasileira em aquisição de processo de aprendizagem à distância”, justifica.

Estado de São Paulo cria aplicativo com internet gratuita para alunos

O governo de São Paulo criou um aplicativo para que os alunos da rede estadual deem continuidade aos seus estudos durante o período de recesso por conta do coronavírus. O sistema contará com internet gratuita. 

Em matéria para o G1, Rossieli Soares, secretário da Educação de São Paulo, disse que a ferramenta não substitui o ensino, mas é uma alternativa “para que neste período, especialmente se for alongado, ele [aluno] tenha acesso conteúdos educativos e interação, inclusive, com seus colegas.” 

As aulas seriam desenvolvidas por diversos professores para estudantes de todos os anos. A iniciativa, que conta ainda com a ajuda de parceiros privados, tem previsão de início de duas semanas. 

O que fazer com as crianças no período de recesso por conta do COVID-19?

O cancelamento das aulas por conta do coronavírus tem gerado preocupação entre  pais e responsáveis, que envolvem dúvidas sobre os estudos até a alimentação, além de cuidados pessoais. Isso porque, em muitos casos, o ambiente escolar vai além da simples transmissão e assimilação de conteúdos, especialmente nas escolas públicas. 

“Nesse processo de fechamento das escolas, principalmente as públicas, o que eu acho fundamental são estratégias que permitam que crianças que se alimentam só nas escolas possam continuar se alimentando nesses lugares”, comenta Alvarez. 

Tendo em vista que aproximadamente 9 milhões de crianças entre zero e 14 anos vivem em situação de extrema pobreza no país - segundo pesquisa realizada pela Fundação Abrinq -a preocupação dos pais é mais que justificável. 

A pandemia do COVID-19 traz à tona a fragilidade de diversas famílias brasileiras que hoje necessitam da escola para amenizar a situação de pobreza em que se encontram.  

Além do planejamento do governo, a situação exigirá um comprometimento por parte dos pais e responsáveis para garantir que as crianças e os adolescentes possam seguir com os seus estudos. 

Sendo assim, quais são as medidas a serem tomadas?

O presidente da Fundação PoliSaber, comenta que os alunos precisam entender que o período de recesso não é uma decretação de férias e sim “um período de planejamento, de estudos, de leitura e de preparação para a vida escolar.” 

Nesse sentido, é importante que os pais e responsáveis conversem e expliquem a situação e adotem uma rotina de estudos interativa e integrada para as crianças e adolescentes.

Sobre o autor

Luiza Padovam Vieira       -   Jornalista bilíngue formada pela University of Nevada, Reno, nos Estados Unidos e ex-atleta da seleção brasileira de natação. Sou apaixonada por contar histórias e tenho interesse especial em projetos voltados à educação, inclusão social e meio ambiente.

https://querobolsa.com.br/revista/escolas-fechadas-por-conta-do-coronavirus-como-fica-a-educacao-das-criancas?fbclid=IwAR3oUZxwBZEJjt8mim19vsy7SFYDGjAFwiFWDDObrHamXD4h2v8CM9iMq3M 




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