Como fica a educação a distância

Como fica a educação a distância

Com Covid-19 ainda em alta no Brasil, como fica a educação a distância para 2021

17 de dezembro de 2020 

Foto: Andressa Anholete/Getty Images

Foto: Andressa Anholete/Getty Images

 

Com a pandemia do novo coronavírus registrando novos aumentos no final de ano no Brasil, fica claro que diversas limitações geradas pela Covid-19 seguirão nas nossas rotinas para 2021. Na educação não é diferente. No último dia 11, O Ministério da Educação (MEC) homologou uma resolução que libera ensino remoto enquanto durarem restrições sanitárias.

Se em 2020 o ensino a distância teve de ser adotado às pressas, o cenário em 2021 pode ser mais organizado e eficiente. É o que pensa o professor João Vianney, doutor em Ciências Humanas e consultor em educação a distância na Hoper.

Na avaliação do professor, o emprego em massa do ensino a distância no início da pandemia foi feito em caráter emergencial e, por isso, contou com “erros, correções e ajustes". Para 2021, segundo ele, é possível prover uma educação de maior qualidade no país ainda que não se possa voltar integralmente às salas de aula já no começo do ano.

“2021 será ainda conectado. Eu vou ter, no limite, sempre a maioria dos alunos em casa e não na sala de aula [modelo de rodízio, com parte dos alunos no presencial e outra parte em casa]. Não há escapatória. Nas escolas privadas e nas universidades (públicas e privadas) já há uma estrutura pensada para isso, o problema está no ensino público que não atacou o principal até o momento: a conexão e o dispositivo para os alunos que ainda não têm", opina Vianney.

De acordo com dados da Rede Enem, durante a pandemia, alunos de escola pública tiveram 75% a menos de aulas em relação ao estudante da rede privada. Enquanto o oferecimento de aulas online foi quase integral na rede privada (99%), o mesmo não aconteceu nas instituições financiadas pelo poder público (57%).

Para ele, faltou uma coordenação nacional que deveria ter sido promovida pelo MEC nesse sentido. O professor vê como função do Estado prover a estrutura para o aluno estudar em casa, de acordo com um critério de renda familiar.

“O mundo todo já fez isso, o Brasil ficou atrasado. Weintraub [ex-ministro da Educação] cometeu um erro. O MEC não é apenas para mandar dinheiro. Se não há uma liderança nacional impulsionando medidas, a solução não avança".

Durante boa parte da crise sanitária em 2020, para Vianney, diversos municípios brasileiros adotaram o “discurso da impossibilidade", baseado na ideia de “se eu não posso atender todos da mesma forma, eu não atendo nenhum", o que teria prejudicado diversos estudantes pelo país.

“Sair da equação negacionista”

 

Foto: Miguel Schincariol/Getty Images

Foto: Miguel Schincariol/Getty Images

 

Para 2021, Vianney prevê uma melhor qualidade de ensino no ambiente virtual. Depois da transição apressada no início da crise sanitária e com a experiência das aulas já ministradas, a expectativa é que o ensino virtual melhore.

Um ponto a ser enfocado seria uma melhor preparação dos alunos para os vestibulares. De acordo com a Rede Enem, os jovens tanto da escola pública (87%) como da rede privada (82%) se sentem majoritariamente despreparados para o próximo Enem.

“No início da pandemia, o modelo de atendimento era “aulístico", mas perceberam que assim o conteúdo acabaria antes do semestre. Aula é uma ópera, é muito mais complexo do que apenas exposição. No segundo semestre, já houve uma melhora na didática. Em 2021 tem que ser ainda aperfeiçoado porque o aluno mais jovem é muito exigente. Ele vive o tempo do Whatsapp, ele exige mais do professor, uma nova didática para o meio digital", avalia o docente.

Vianney critica a gestão do MEC também na condução do ensino virtual durante a crise, mas diz que é preciso “sair da equação negacionista e ir pra uma equação da aprendizagem produtiva". Se não há apoio do governo federal, é preciso, segundo ele, procurar trabalhar com as redes estaduais e as universidades, sejam elas públicas ou privadas.

No diagnóstico do professor, existem os desafios metodológicos (qualificar o docente para atuar virtualmente) e físicos (prover dispositivo/conexão) para os alunos. Com um avanço nessas questões, o estudante brasileiro não ficaria desamparado mesmo com a pandemia durando mais do que o esperado.

“O aprendizado online funciona. É comprovado que ensino tradicional com métodos virtuais “acoplados", aumentam o aprendizado. Você acaba agregando um turno de estudo”, diz Vianney, que admite preocupação com os que ficarem desassistidos durante a crise sanitária.

“Não existe aprendizagem endovenosa. Aprendizagem é um processo lento e por camadas, o que você deixou de suprir nesse ano você vai ter que suprir em um ano, você vai ter que suprir nos próximos três ou quatro", projeta o especialista. “Nossa sociedade já é desigual, se não consertamos isso, o Brasil não avança globalmente".

Quanto às críticas de que o ensino à distância seria excludente, Vianney aponta que os dados mostram que a tendência é que o número de estudantes só aumente na modalidade, que tem visto suas mensalidades caírem de valor ao longo dos anos, até pelo aumento na oferta.

“Eu tenho que entregar para sociedade uma escola digital de qualidade. Escola não é para preencher tempo, não é apenas lugar de merenda, é lugar de construir um país. É preciso preparar novas gerações melhores do que as nossas", ressalta o professor. 

https://br.noticias.yahoo.com/covid-19-brasil-educacao-distancia-ensino-remoto-2021-070015461.html 

 

Os países mais bem preparados para o ensino à distância


Por Artigo | 16/12/2020 

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade


O fechamento das escolas por todo o Brasil neste ano agravou as desigualdades na área da educação, com os estudantes mais pobres sendo incapazes de acessar os mesmos níveis de ensino que seus colegas mais ricos. Um estudo feito pela Preply, uma plataforma de ensino online, buscou identificar os países ao redor do mundo que estão melhor preparados para oferecerem condições igualitárias de acesso à educação durante a pandemia de COVID-19. Eles analisaram dados sobre a infraestrutura digital nacional, o mercado de ensino a distância e acesso a computadores, entre outros fatores relevantes.

Resultados: 
  • Dos 32 países pesquisados, o Brasil ocupa o último lugar no número de cursos a distância e o penúltimo lugar geral, estando à frente apenas da Rússia.

  • Tutores de cursos online ganham apenas R$24,39 por hora, em comparação com os R$98,69 pagos nos Estados Unidos.

  • Apesar de ter o segundo maior mercado de estudantes, o Brasil tem o menor número de cursos de ensino a distância.

  • Melhores e Piores Países para Aprendizado Online: O Brasil é o Último em Número de Cursos de E-learning.

Já que a COVID-19 acendeu uma luz sobre o e-learning no ramo da educação, este estudo examina a infraestrutura digital de 32 países pelo mundo para descobrir quais estão melhor preparados para esta mudança.

A plataforma digital de aprendizado Preply publicou um estudo que examina a infraestrutura de tecnologia e acessibilidade em 32 países pelo mundo. O estado da infraestrutura digital, o número de cursos de educação digital e o mercado de e-learning foram analisados para descobrir quais países estão melhor preparados para a transformação para o aprendizado online.

O fechamento das escolas, como resultado do coronavírus, mostrou a fraqueza exacerbada da insfraestrutura digital no Brasil. O estudo compara a infraestrutura digital do Brasil com outros países pelo mundo para identificar áreas que necessitam de desenvolvimento. Dados pertinentes foram analisados no campo da infraestrutura digital dos países, ofertas de educação digital, e o mercado de e-learning, para dar uma visão abrangente dos múltiplos fatores que influenciam o acesso ao e-learning.

"Nós estamos convencidos de que o e-learning tem um grande potencial para melhorar as oportunidades de educação pelo mundo“ disse Kirill Bigai, CEO da Preply. “A pandemia do coronavírus demonstrou que o acesso à educação digital é distribuído de forma desigual, mas existem grandes oportunidades para começar a investir na infraestrutura digital necessária para uma mudança nacional para o aprendizado online. Este estudo tem o objetivo de descobrir até que ponto todos os estudantes têm acesso a ferramentas e recursos digitais adequados."

O Brasil está em 31° no índice geral, na frente apenas da Rússia, apesar de ter menor acesso a computadores e internet de banda larga mais lenta. O Brasil tem o segundo maior número de estudantes – mais de 52 milhões – atrás apenas dos Estados Unidos com 77 milhões. No entanto,  apesar disso, o Brasil tem apenas quatro cursos online de ensino superior, o menor número da lista, comparado com 9.303 cursos nos Estados Unidos. Isso revela que o Brasil tem um grande mercado de aprendizado online para ser mobilizado.

Tabela 1: Os 5 países com as melhores condições para e-learning, com fatores selecionados*

Tabela 2: Os 5 países com as piores condições de e-learning, com fatores selecionados*

*Essa lista é o resultado de um excelente estudo. Uma visão completa dos dados, da metodologia e da fontes pode ser encontrada em LINK

Outras descobertas:

O México está em 30° na lista. Apenas 44,3% dos mexicanos possuem acesso a um computador privado, e a internet lenta torna uma colaboração em tempo real impossível.

A velocidade de download em dispositivos móveis na Rússia é de 22,8MBps, e o valor médio para um tutor online na Rússia é de apenas R$17,39, o mais baixo da lista.

 O Canadá oferece a melhor relação custo/benefício quando se trata de acesso à internet. Além disso, o governo canadense investe cerca de 31% do PIB per capita em ensino superior.

 Dados internos da Preply revelam que o maior crescimento do mercado no ano passado foi em Portugal.

 O Japão está surpreendentemente apenas no 26° lugar. A tecnologia avançada do país oferece um rico mercado para o e-learning, mas a lentidão da internet e oportunidades inadequadas de educação digital estão limitando o potencial para o e-learning. 

 

https://www.campograndenews.com.br/educacao-e-tecnologia/os-paises-mais-bem-preparados-para-o-ensino-a-distancia 




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