Comparação, Bolsonaro com Gilead
Margaret Atwood compara governo de Bolsonaro com Gilead
Em entrevista, a autora falou sobre seus livros e inspirações
Um pouco antes da pandemia do Coronavírus, Margaret Atwood deu uma entrevista para a BBC News Mundo em conjunto com o jornal espanhol ABC, enquanto estava na Colômbia para o Hay Festival.
Em uma longa conversa, a autora forneceu sua visão sobre política e mundo desde quando publicou O Conto da Aia, que deu origem a série The Handmaid's Tale.
Sobre O Conto da Aia, ela fala: "Escrevi o livro para fazer várias perguntas, por exemplo: se os Estados Unidos tivessem um totalitarismo ou uma ditadura, de que tipo seria? Seria comunista? Seria chamada de fascista? Não, seria religiosa."
Ainda sobre ditaduras, Atwood ressalta a própria experiência no caso: "Tenho idade suficiente para lembrar de (Adolf) Hitler, idade suficiente para lembrar de (Benito) Mussolini, de (Francisco) Franco, de (António de Oliveira) Salazar e todas aquelas pessoas. Eu estava viva quando eles estavam vivos. Não é assustador?"
A autora falou sobre o momento de tensão que os Estados Unidos vivem, mas também citou Bolsonaro, "Pessoas como o presidente do Brasil (Jair Bolsonaro), que diz: 'Eu sou um homem forte e vou resolver isso para você. Você tem que oprimir mulheres e grupos minoritários e tudo ficará ótimo.' Gilead não é diferente disso."
"Comecei a escrever Os Testamentos depois dessas eleições porque você podia ver para onde as coisas estavam indo. Em fevereiro (de 2017), contei aos meus editores o que estava fazendo.", contou sobre a sequência do primeiro livro.
"Agora, as pessoas me perguntam qual é a ansiedade mais disseminada. E essa pergunta é se há esperança, referindo-se à raça humana. E é claro que há esperança!", completa.