Corrigir distorção do IPE Saúde
IPE Saúde começa a corrigir distorção no pagamento a hospitais
Fim do sobrepreço nos medicamentos, prática ilegal, será compensado pelo aumento no valor das diárias e procedimentos
27/3/24 - Rosane de Oliveira
A pressão das associações hospitalares, que não aceitam a mudança na forma de pagamento adotada pelo IPE Saúde, não intimidou o governador Eduardo Leite, que está disposto a cumprir a lei. Isso significa que na próxima segunda-feira entra em vigor o novo sistema de pagamento dos serviços prestados, com reajuste nas diárias e procedimento e fim do sobrepreço nos medicamentos. Com isso, o governo corrige uma distorção histórica, apontada como ilegal pela promotora Roberta Brenner de Moraes e pelos órgãos de controle do Estado.
Parece ficção, mas é a realidade: para compensar o baixo valor das diárias e dos procedimentos, o governo aceitou, por vários anos, pagar um sobrepreço indefensável nos medicamentos usados pelos hospitais nos pacientes do IPE Saúde.
Com as novas tabelas, o IPE passa remunerar os hospitais com valores semelhantes aos da Unimed, pagando pelos medicamentos apenas o valor pago pelos hospitais. Nas diárias, foi incluída uma taxa para remunerar as instituições pelo armazenamento e manipulação dos remédios.
Um estudo da consultoria contratada pelo IPE Saúde para esmiuçar as irregularidades apontadas pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado apontou distorções que, se não forem corrigidas, podem quebrar o instituto nos próximos anos, mesmo com o reajuste das contribuições.
— Temos de estancar essa sangria e cumprir a lei que é clara: hospitais não podem lucrar com medicamentos — diz o presidente do IPE Saúde, Paulo Oppermann, que ameaçou pedir demissão se o governador cedesse à pressão dos hospitais e adiasse a entrada em vigor das novas tabelas.
Chantagem não resolve crise
A ameaça dos hospitais de suspenderem o atendimento aos pacientes do IPE Saúde, se o governo não adiar a adoção das novas tabelas, pode ser considerada uma chantagem.
Mesmo que o valor pago não seja o ideal, os hospitais e clínicas oncológicas precisam deste plano de saúde, responsável por mais de 900 mil segurados.
Pelos cálculos da instituição, os gastos anuais serão pouco maiores do que os atuais, com o modelo de superfaturamento dos remédios. Por que, então, a resistência?
Eventuais correções podem e devem ser feitas, mas com transparência e serenidade.
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