Críticas à paridade dos professores

Críticas à paridade dos professores



A hipocrisia nas declarações de Jorge Gerdau e a contradição nas críticas à paridade dos professores

 

No último dia 27 de novembro, o empresário Jorge Gerdau expressou, durante sua participação no programa Gaúcha Atualidade, críticas à paridade nos reajustes entre professoras(es) da ativa e aposentadas(os). Sua fala, porém, suscita uma série de questionamentos éticos e econômicos, especialmente considerando o contexto de seu próprio grupo empresarial e o impacto das políticas fiscais no setor público.

A Gerdau, grupo liderado por Jorge Gerdau, alcançou um lucro líquido de R$ 6,9 bilhões em 2023. Parte desse resultado é viabilizado por incentivos fiscais significativos concedidos pelo Estado.

 

 

 

 

De acordo com dados levantados pelo Dieese e disponibilizados pela Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, no ano de 2023, pelo menos R$ 1,04 bilhão da receita da Gerdau, no estado gaúcho, contou com algum benefício fiscal – que aliás, é pago, inclusive, por essas(es) professoras(es) aposentadas(os) que ele discrimina.

Enquanto essas vantagens são justificadas sob o argumento de fomentar competitividade e geração de empregos, a discrepância entre o acúmulo de lucros privados e a precariedade dos serviços públicos, como a educação, levanta preocupações.

Ao criticar a paridade nos reajustes salariais, o empresário ignora a realidade de milhares de professoras(es) aposentadas(os) que dedicaram décadas à formação de gerações. Essas(es) profissionais, agora em idade avançada, enfrentam dificuldades financeiras agravadas pela desvalorização de suas aposentadorias. Tratar aposentadas(os) como um “peso” é desconsiderar seu papel essencial no progresso do estado e do país.

Se o orgulho de Gerdau pelo crescimento da produtividade gaúcha é genuíno, não há como negar que as(os) professoras(es) aposentadas(os) contribuíram diretamente para essa evolução ao formar mão de obra qualificada e cidadãs(ãos) conscientes.

O paradoxo da responsabilidade social

Empresas frequentemente associam seu sucesso a compromissos de responsabilidade social. Contudo, ações que vão de encontro à defesa dos direitos básicos de trabalhadoras(es) e aposentadas(os) enfraquecem essa narrativa. A responsabilidade social verdadeira não se limita a projetos pontuais ou discursos inspiradores, mas exige um compromisso real com a equidade e o desenvolvimento das comunidades onde essas empresas operam.

Vale destacar que os benefícios fiscais concedidos a empresas de grande porte são financiados por toda a sociedade, incluindo as(os) próprias(os) professoras(es) aposentadas(os) que, agora, enfrentam críticas quanto à justa correção de suas remunerações. É incoerente que líderes empresariais defendam a redução de direitos ao mesmo tempo em que desfrutam de vantagens sustentadas pelo esforço coletivo.

O CPERS reafirma seu compromisso com a defesa da paridade e da valorização de todas(os) as(os) educadoras(es), da ativa e aposentadas(os). Lutamos por justiça, dignidade e reconhecimento, princípios que deveriam nortear as políticas públicas e a atuação das grandes empresas.

As declarações de Jorge Gerdau escancaram a necessidade de um debate mais profundo sobre as responsabilidades das elites econômicas com o bem-estar coletivo. Que sua fala sirva como um alerta para que possamos, juntas(os), construir um Rio Grande do Sul mais justo e solidário, onde todas(os) as(os) trabalhadoras(es) sejam valorizadas(os).

FONTE:

https://cpers.com.br/a-hipocrisia-nas-declaracoes-de-jorge-gerdau-e-a-contradicao-nas-criticas-a-paridade-dos-professores/ 




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