Da EJA à universidade

Da EJA à universidade

Da EJA à universidade: histórias de quem voltou a estudar e não parou mais

Quatro trajetórias de egressos da Educação de Jovens e Adultos, em diferentes estados brasileiros, promovem reflexões sobre inclusão, equidade e acesso ao ensino superior

por Ana Luísa D'Maschio e Marina Lopes  30 de novembro de 2022

 

Se a trajetória escolar de milhares de brasileiros pudesse ser representada por um terminal metropolitano que leva viajantes ao futuro, provavelmente a Educação de Jovens e Adultos seria o último ônibus a transportar esperanças para muitos deles. No seu livro “Passageiros da noite – Do trabalho para a EJA: itinerários pelo direito a uma vida justa”, o sociólogo e educador Miguel Arroyo usa essa analogia para provocar reflexões sobre a importância que a EJA ocupa na vida de parte da população. Nesse itinerário, entre idas e vindas, viagens noturnas e uma longa jornada de trabalho, o retorno à sala de aula e a busca pelo diploma são também “uma luta por deslocar-se como classe, gênero e raça. Como coletivos”.  

Na última matéria da série “Desafios e Perspectivas da EJA no Brasil”, o Porvir apresenta histórias de quem passou pela Educação de Jovens e Adultos e seguiu nesse ônibus, rumo ao ensino superior. São quatro trajetórias, em diferentes estados brasileiros, que também trazem debates sobre inclusão, equidade e acesso à universidade. Confira:

Alex Cardoso, o catador que se tornou cientista social depois de passar pela EJA 

 

Quando viu o seu nome na lista de aprovados do curso de ciências sociais da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre (RS), Alex Cardoso, de 42 anos, não conteve a emoção e compartilhou nas redes sociais: “Vai ter catador doutor!”

Para ajudar os pais na coleta de materiais recicláveis, ele teve que deixar a escola quando estava no sexto ano do ensino fundamental (antiga quinta série). Depois de 20 anos longe da sala de aula, retomou os estudos na EJA e, em um período de oito anos, chegou ao mestrado em Antropologia, também pela UFRGS. 

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Roqueline Martins Borges Souza, a egressa da EJA que chegou à OAB



Aos 30 anos, Roqueline Martins Borges Souza se matriculou no Sesi Bahia, em Salvador, para concluir o ensino médio no curso técnico em manutenção e reparação de micro. Em uma turma com muitas pessoas da sua faixa etária, sentiu-se acolhida pela escola e encontrou forças para concluir a educação básica. 

Ela havia deixado a escola regular quando estava no primeiro ano do ensino médio, após a morte do pai, Manoel Martins, que sofreu um acidente na BA-093. “Naquele dia, entrei em estado de choque. Fiquei sem falar por seis meses. Não conseguia chorar, gritar ou emitir qualquer som. Tinha perdido o meu maior incentivador”, relembra. Em homenagem à memória dele, voltou a estudar e acabou de se formar no curso de direito. 

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Michelle Andréa Murta, a primeira doutora surda da UFMG 

 

A falta de acolhimento durante o ensino fundamental e o desconhecimento da escola em relação aos seus problemas de audição, fizeram com que Michelle Andréa Murta, hoje com 41 anos, fosse reprovada cinco vezes até chegar à 5ª série (atual quarto ano). De uma família simples, composta por muitas pessoas com deficiências auditivas, ela desistiu de estudar pela falta de incentivo e por ser muito mais velha do que os colegas de turma. 

“Tudo abalava a minha autoestima. Tinha vergonha. Via minha mãe ser discriminada nas reuniões de uma escola, que nunca ensinou o que era inclusão, o que era ser diferente.” Após passar pela Educação de Jovens e Adultos, ela se sentiu acolhida e motivada a continuar os estudos. Fez Letras-Libras, na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e depois se tornou a primeira doutora surda da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). 

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Ewerton Menezes, o diretor que também foi professor e aluno na EJA

 

Mesmo gostando de estudar, as críticas ao sistema educacional afastaram Ewerton Menezes da escola. “Eu me sentia bastante inadaptado. No ensino médio, cheguei a mudar de escola três vezes”, recorda. No entanto, por entender que poderia fazer a diferença na vida de outros, retornou às aulas aos 18 anos, quando concluiu o ensino médio na EJA (Educação de Jovens e Adultos). 

Hoje, ele dirige o premiado CIEJA (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Clovis Caitano Miquelazzo, localizado na periferia do Parque Bristol, bairro próximo de onde mora, em São Paulo (SP). “Foi fundamental ter sido educando na EJA para atuar como professor, coordenador e agora na gestão. Posso entender os anseios de quem chega”, diz, 

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https://porvir.org/da-eja-a-universidade-historias-de-quem-voltou-a-estudar-e-nao-parou-mais/ 




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