Dados sobre jovens que não estudam
Dieese contesta dados sobre jovens que não estudam e nem trabalham
Estatísticas demonstram que jovens querem trabalhar, mas faltam oportunidades
No segundo trimestre de 2024, estima-se que mais de 9,8 milhões dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos (20%) estavam sem trabalho e fora da escola, os chamados “nem-nem”. O dado é da PNAD Contínua, aplicada pelo IBGE. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no entanto, publicou um boletim onde argumenta que esses jovens querem trabalhar, mas não têm oportunidades no mercado.
“A maior parte dos chamados nem-nem não está na ociosidade. Na verdade, está procurando trabalho, lidando com afazeres domésticos (casa, filhos ou parentes) ou realizando cursos não regulares. Apenas 7% dos jovens não estavam envolvidos nessas atividades”, ressalta o Dieese. O Departamento aponta ainda que, em geral, as estatísticas relacionadas aos chamados nem-nem no Brasil consideram como fora da escola qualquer jovem que não esteja no ensino regular (fundamental, médio ou superior), mas não consideram como estudante quem está matriculado, por exemplo, em cursos pré-vestibulares ou de treinamento.
O boletim elenca algumas estatísticas levantadas pelo IBGE referentes ao segundo trimestre de 2024: apenas 1,4% dos jovens afirmaram que realmente não queriam trabalhar; 23% dos jovens sem trabalho e fora da escola tinham procurado ativamente trabalho no mês em que foram entrevistados pelo IBGE; 12% das mulheres declararam que não podiam trabalhar porque tinham que cuidar de afazeres domésticos, o que configura uma forma de trabalho não remunerada; 8% dos jovens sem trabalho e fora da escola faziam algum tipo de curso ou estudavam por conta própria.
Dos jovens que estavam no terceiro ano do ensino médio em 2023, cerca de um quarto (23%) não trabalhava ou estudava no ensino regular no início de 2024. Conforme o Dieese, as perspectivas de trabalho e estudo dos jovens têm estreita relação com sua origem socioeconômica: considerando-se os que terminaram o ensino médio em 2023 e que ficaram sem trabalho e fora da escola no começo de 2024, a maior parte que residia nos lares mais ricos realizava algum tipo de curso. Já entre os moradores de domicílios mais pobres, a situação mais comum era a de busca por trabalho.
Os jovens em domicílios com melhores condições socioeconômicas têm mais chances de continuar estudando após o ensino médio, alega o Dieese. Enquanto 18% dos egressos do ensino médio em 2023 e de lares mais ricos ingressaram no ensino superior em 2024, apenas 7% dos jovens de domicílios mais pobres seguiram esse caminho. Entre os que não trabalhavam ou estudavam naquele momento, 9% dos jovens mais ricos estavam empenhados em algum outro tipo de curso. Nos pertencentes aos lares mais pobres, essa proporção era de 6%.
O comportamento da taxa de desocupação entre os jovens é idêntico ao do mercado de trabalho em geral, porém em patamares expressivamente superiores, revela o boletim do Dieese. Segundo o Departamento, o índice mostra que há falta de oportunidades para esse segmento da população.
“A solução para esse problema está no crescimento da atividade econômica e na valorização de políticas públicas de emprego e de educação adequadas à realidade dessa população, de modo a lhes assegurar o acesso e permanência na escola e a possibilidade de ingresso em postos de trabalho formais e estáveis”, conclui o Dieese.
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