Demitidos por adoecer no trabalho
Coluna quebrada, pé torcido, influenza: em SP professores são demitidos por adoecer no trabalho
O Estado de São Paulo, da extrema direita de Tarcisio e do secretário da educação, Renato Feder, está demitindo professores pelo simples fato de que tiveram licença saúde, inclusive aqueles que se acidentaram na própria escola.
Jenifer Tristan - Bianca Lino
quarta-feira 10 de setembro
(Foto: Arte Juliana Lima/Utopika)
Acidentes dentro das escolas não são incomuns ou raros. Ao contrário, o que vemos são unidades completamente sucateadas: goteiras em pisos escorregadios, rachados e quebrados; escadas com degraus lascados ou sem corrimão; janelas e portas danificadas que cortam e ferem estudantes e professores. Os problemas se acumulam e parecem não ter fim. Para agravar a situação, há meses as escolas enfrentam um déficit enorme de funcionários, já que os contratos dos agentes escolares foram encerrados e não houve reposição. Esses trabalhadores são fundamentais para o funcionamento da escola, mas sobrevivem em condições precárias, com vínculos frágeis e constantemente interrompidos.
E não é apenas o caso da professora de Santo André. Há professores que torceram o pé dentro da escola, outros diagnosticados com influenza que precisaram se afastar para não contaminar os alunos e ainda assim foram demitidos. Essa denúncia é, portanto, não apenas em defesa dessa professora, mas para vocalizar a revolta de milhares de educadores que sofrem com o adoecimento e com a violência institucionalizada no trabalho.
Nos últimos anos, o governo, pressionado por decisões judiciais, foi obrigado a implementar a CIPA nas escolas. Mas, pasmem: são alguns poucos cipeiros para dezenas de escolas em uma mesma região, o que por si só já impede e inviabiliza qualquer atuação efetiva. A última CIPA, eleita neste ano, sequer foi chamada para tomar posse ou se reunir. Somos impedidos de atuar e proibidos de visitar escolas em nome da CIPA. A CIPA implementada por Tarcísio de Freitas nas escolas é uma farsa aparelhada. Ainda assim, vamos batalhar por ela, pois fomos eleitos pelos professores.
Por fim, é importante ressaltar que a demissão da professora com a coluna fraturada está inserida em um processo mais amplo: a demissão de centenas de professores que atuavam no projeto Sala de Leitura. Esses profissionais reorganizaram bibliotecas, auxiliaram colegas e estudantes, promoveram projetos e estimularam a leitura nas escolas — algo cada vez mais raro nas escolas “plataformizadas” da gestão Tarcísio/Feder. Agora, são demitidos simplesmente por terem adoecido e precisado tirar licença médica, mesmo que por poucos dias.
A crueldade está em não nos permitirem sequer o direito de recuperar a nossa saúde.
Nesse cenário de ataques e demissões, é necessário nos organizar para impedir que o Estado continue tratando os professores dessa forma. Por isso, chamamos e nos somamos ao ato convocado pela subsede de Santo André, nesta segunda-feira(15), às 15h, em frente à Diretoria de Ensino (D.E), na Rua das Figueiras, 1245.
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