Denúncia de ortotanásia
Denúncia de ortotanásia no RS: entenda como o colapso da saúde gera essa prática pavorosa
Profissionais da saúde denunciam que pacientes que estão internados há mais de 21 dias na UTI têm morte assistida. Denúncia aponta ainda que pessoas há mais de 7 dias esperando por leito e idosos com comorbidades vão ao final da fila de espera.
Bruna Camargo quinta-feira 25 de março
Crédito: Carlos Alberto Silva
Pacientes infectados pela covid-19 e profissionais da saúde estão enfrentando uma realidade brutal, a denúncia é sobre pratica de ortotanásia, trata-se de morte assistida por causas naturais, sem interferência médica. A denúncia aponta que pacientes com covid-19 internados há mais de 21 dias em UTIs do Rio Grande do Sul (RS) são “selecionados” para passar pelo processo de morte assistida e desocupar o leito de UTI. Profissionais da saúde relatam que existem regras segundo as quais pacientes que estão a mais de 7 dias esperando por um leito, idosos (60 anos ou mais) e com comorbidades são direcionados ao final da fila de espera.
É importante ressaltar que a ortotanásia é o nome dado a pratica de morte assistida sem interferência médica, escolhida pelo paciente e com cuidados paliativos. No entanto, o que está acontecendo nas UPAs e hospitais do RS é uma decisão feita por médicos e enfermeiros, sem autorização dos pacientes, devido a superlotação e falta de equipe capacidade para atender todos os pacientes. Em nenhum momento foi relatado que a escolha é feita pelos pacientes, sabe-se que o coronavírus afeta o pulmão e dificulta a respiração o que causa sofrimento em casos de estágio avançado. Os profissionais de saúde que denunciaram os casos estão esgotados e suspeitam que a decisão venha sendo tomada a dias e foi confirmada por profissionais que trabalham na regulação de hospitais no domingo.
O caos da saúde pública agravado pela pandemia do coronavírus evidencia anos de descaso com UPAs e hospitais do Rio Grande do Sul, o congelamento de gastos com serviços públicos e outras medidas adotadas pelo governo federal e acatadas pelos estados. Apesar da situação o governador Eduardo Leite (PSDB) defende a flexibilização da bandeira preta, decretada por ele mesmo, para defender o interesse de um punhado de empresários e instituições privadas que defendem o lucro acima da vida.
Diante do colapso do sistema de saúde fica a pergunta: onde estão os hospitais de campanha? Essa crise esta sendo despejada nas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras da linha de frente que tomam decisões de quem assistiram morrer. Eduardo Leite deixou explicito em redes sociais que acredita que não adiantam mais leitos de UTI, ele diz que “60% morrem”. Mas o que apontam médicos e enfermeiros é a realidade de pacientes com mais de 3 meses de internação na UTI que venceram a covid-19. Essas mortes deviam pesar na conta de do governador, vidas perdidas para ele garantir o lucro de alguns.
É preciso urgentemente investir em mais leitos de UTI, utilizar hospitais privados para encaminhar pacientes que estão na fila de espera das UPAs. Estatizar leitos de clínicas e hotéis e contratar mais trabalhadores da saúde para que todos possam ser atendidos e consigam superar o vírus. Os profissionais da saúde precisam de EPIs para trabalhar sem se contaminar com o vírus. Outra necessidade é a quebra de patentes farmacêuticas para disponibilizar mais vacinas, vacina para todos, é urgente. Sem isso mais pessoas seguirão morrendo para o vírus e pela negligência capitalista.
Leia também: É preciso enfrentar a barbárie sanitária no RS com a força da classe trabalhadora