Desrespeito à autonomia pedagógica das escolas
No encerramento do ano letivo, Seduc novamente desrespeita a autonomia pedagógica das escolas
Como de costume, sem qualquer diálogo com educadores(as), alunos(as) ou responsáveis, a Secretária Estadual de Educação, Raquel Teixeira, apresentou em uma live, realizada nesta quarta-feira (14), as orientações para o encerramento do ano letivo de 2022.
A orientação é para que, todos(as) os estudantes que, por ventura, não atingiram a média, ou tenham menos de 75% de frequência, realizem uma prova de recuperação antes do retorno do próximo ano letivo, em fevereiro de 2023.
Além de ser um método totalmente ultrapassado, a aplicação do “exame” ou o antigo “provão”, não considera a realidade adversa de estudantes que passaram por uma pandemia.
Para o CPERS, a grande questão não está na oferta da recuperação, mas na forma como tal oportunidade está sendo imposta; os alunos(as) receberão um material com a indicação das habilidades a serem recuperadas para estudarem em casa durante as férias, e terão orientação dos professores(as) somente entre os dias 6 e 10 de fevereiro, véspera da aplicação da prova.
Há poucos meses, a própria Seduc lançou – com grande preocupação – os resultados da avaliação diagnóstica “Avaliar é Tri”, que comprovaram: o ensino a distância é falho!
Durante a live, a secretária Raquel deu dicas aos educadores(as) para que orientem os alunos(as) a procurarem ajuda na internet, quando já há um problema constatado de falta de acesso a este recurso.
De conhecimento destes dados, o Sindicato quer lançar uma reflexão: por que a Seduc não tomou a iniciativa da recuperação da aprendizagem com antecedência? Por que não investiu em projetos voltados para recuperar o rombo causado pela pandemia?
Ao realizar esta recuperação a toque de caixa e desrespeitando a realidade de cada escola, de cada aluno(a) e a autonomia pedagógica dos educadores(as), garantida pela LDB, a Seduc amplia a desigualdade no ensino e contribui para a perda de aprendizagem.
Antes de impor tais métodos, o governo do Estado deveria dar condições de trabalho para que os educadores(as) executem seus planos de ação, junto aos alunos(as), e de estrutura para que as escolas recebam bem toda a comunidade, além da realização de uma busca ativa mais efetiva para recuperar aqueles que abandonam os estudos.
Em sua política pedagógica excludente, a Seduc novamente desrespeita os educadores(as). Reprovação é ruim, mas forçar aprovação é eximir o governo de uma política consistente de recuperação de aprendizagem e transferir para o professor(a) uma responsabilidade que deveria ser do Estado. A pandemia aumentou o déficit de aprendizagem de forma alarmante. Agora, é necessária uma política para recuperar estas aprendizagens, já que há a ausência de ações para impedir ou minimizar a evasão escolar/infrequência.