Dia 31 de março e a educação
O dia 31 de março e a educação
O que as comemorações do 31 de março têm a ver com a educação?
Para os católicos, o 31 de março é dia de rezar e pedir bênçãos ao Santo Benjamim. Na Pérsia do ano 420, tensões políticas e religiosas desencadearam perseguições aos cristãos e Benjamim acabou morto e sacrificado por suas escolhas religiosas, mas antes passou por prisões e horríveis torturas.
O Dia Nacional da Saúde e da Nutrição também é comemorado no dia 31 de março, e serve para conscientizar as pessoas da importância da alimentação saudável, afinal uma alimentação adequada e salutar é um direito humano básico.
Comemora-se, ainda, no dia 31 de março, o Dia da Integração Nacional, que é uma data para incentivar o desenvolvimento social e econômico do país. Afinal, a integração nacional é o conjunto de políticas para permitir o desenvolvimento sustentável da economia e o combate às desigualdades sociais e regionais do Brasil. Defende-se, nessa data, a garantia de uma vida melhor para todos os brasileiros.
Para alguns militares e admiradores, o dia 31 de março é a data para comemorar a rebelião militar que destituiu um presidente, eleito democraticamente e acusado de ser conivente com o comunismo, pondo fim a Quarta República (1946-1964) e instaurando a ditadura militar brasileira (1964-1985).
Em todas essas comemorações, a divulgação de sua relevância e a sua perpetuação passam pelo ato de educar! Através da educação é que repassamos os conteúdos, as tradições, aprendemos a história e fazemos a crítica dos fatos. E, sobretudo, direcionamos o aprendizado das futuras gerações. São os conteúdos programáticos definidos pelas políticas de educação, de cada sociedade, que organizam o futuro das crianças e dos jovens. Através da educação podemos alcançar uma sociedade mais tecnológica ou mais conservadora, mais politizada ou até primitiva. A educação reflete a opção política de cada povo. Em grande parte, é pela educação que decidimos os avanços ou os retrocessos de nossa história como humanidade.
Nesse contexto, a educação nos permite fazer escolhas: vamos ensinar a religião que oprime ou fazer dela uma manifestação das tradições? Vamos divulgar os direitos básicos ou dizer que só a meritocracia vai te permitir alçar uma alimentação balanceada e rica em nutrientes? Vamos defender que o país foi salvo por meia dúzia de militares que, arquitetados com os americanos, resolveram salvar o Brasil do comunismo ou vamos dizer que a ditadura militar, irresponsabilidade de uma elite ruim condenou o país à falência, à ignorância e à submissão? Que um grupo de meritosos se deu a tarefa de perseguir, punir e torturar como na Pérsia do ano 420?
A educação é para ser comemorada todos os dias, e todo dia é de luta por uma educação libertadora, que combate as fake news e que coloca de volta ao centro os valores humanos.
No momento em que a extrema direita brasileira e a direita política do país querem modificar o contexto e atribuir ao regime militar um movimento social para restaurar a ordem e a liberdade e fazer do dia 31 de março a comemoração de uma revolução, a educação precisa dizer NÃO! A escola criativa, provocadora e desafiadora defendida por Paulo Freire precisa resistir e investir na formação humana para uma sociedade mais justa e igualitária e que possa anular as ameaças à democracia, a ameaça aos jovens e aos estudantes que, na história recente do Brasil, foram reprimidos e sacrificados em seus direitos.
O 31 de março militar só serve para nos causar indignação e mobilizar os educadores para intensificar o trabalho educativo para a conscientização política.
Na educação, também tem um 31 de março importante! A portaria 43 do Ministério da Educação homologou o parecer do Conselho Nacional de Educação, confirmando a data de 31 de março como a data para corte etário em todo o território nacional, para as redes públicas e privadas, no ingresso das crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Isso é mais importante que qualquer 31 de março SEM propósito.
Viva o 31 de março de 2023 que publicou mais uma edição do Jornal Pensar a Educação Pensar o Brasil!
VIVA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA!
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