EAD tem baixo desempenho

EAD tem baixo desempenho

Resultados fomentam política de avaliação especial pela melhoria do ensino superior

  • Terça-feira, 09 de outubro de 2018

Entre os 450.995 estudantes concluintes que participaram da edição de 2017 do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), a distribuição entre as modalidades de educação a distância (EAD) e presencial no Conceito Enade 3 – cujas faixas vão de 1 a 5 – é praticamente igual nos cursos de bacharelado em ciências exatas, nas licenciaturas e nos cursos superiores de tecnologia ligados a Controle e Processos Industriais, Informação e Comunicação, Infraestrutura e Produção Industrial.

Os desempenhos acima da média, representados pelos conceitos Enade 4 e 5, são observados na modalidade presencial. Na modalidade EAD são registrados os desempenhos nos conceitos 1 e 2.

“O Enade é uma avaliação muito importante”, destacou o ministro da Educação, Rossieli Soares, durante a coletiva de imprensa realizada nesta terça, 9, no MEC. “O destaque que trago em relação a esse exame é que a educação presencial versus a EaD não é simples. Temos claramente públicos prioritariamente distintos buscando essas duas modalidades. Vimos aqui que os mais jovens estão em maior número na educação presencial – os meninos solteiros, lá no início da vida. Já no EaD, é aquela pessoa que está mais estabilizada, trabalhando e que quer continuar crescendo na carreira”.

Rossieli também ressaltou o desempenho das universidades públicas federais na avaliação. “As instituições que mais tiveram Conceito 5 foram as universidades e institutos federais, com 13,1% dos seus cursos, o que é um destaque positivo para a educação pública federal”, afirmou. “Vários fatores se agregam para esse resultado. Primeiro, uma constância de oferta histórica, já que as universidades, em sua grande maioria, estão consolidadas e com corpo de professores de altíssima qualidade. Segundo, o fato de o processo seletivo ser gratuito, o que também atrai bons alunos. Enfim, uma série de outros fatores forma uma boa educação pública federal.”

A apresentação dos dados da avaliação da educação superior realizada em 2017 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), por meio da aplicação do Enade, permitiu ao MEC estabelecer e reforçar políticas para a melhoria da qualidade da educação superior oferecida pelas instituições brasileiras. “Faremos um levantamento fino das instituições de educação superior que estão ofertando cursos de forma irregular”, anunciou o ministro.

“Cada vez mais as instituições que acompanham e avaliam os cursos o fazem de forma presencial”, destacou também o ministro. “O próprio Inep, na avaliação dos cursos, tem sempre feito visitas presenciais em todo o Brasil. São milhares e milhares de visitas nesse processo. E isso é feito visando especialmente à qualidade que buscamos dar ao processo”.

Durante a coletiva, Rossieli Soares falou sobre a Campanha de Avaliação Especial, que vai focar na qualidade da educação superior brasileira. “Vamos lançar uma campanha para enfrentar o mau desempenho dos cursos. Vamos localizar atos regulatórios vencidos, assim como reforçaremos a avaliação das condições dos polos de EaD. A ação também é uma resposta ao alto número de denúncias de falsificação de diplomas.”

Os números – Nos cursos avaliados em 2017, as mulheres são 77% dos estudantes de EAD. Os solteiros são 76,6% dos concluintes dos cursos presenciais, modalidade de ensino que também concentra 46,7% dos alunos com idade entre 16 e 24 anos. Quase 80% dos alunos de EAD trabalham, porcentagem que é de 57,7% nos cursos presenciais.

As horas dedicadas ao estudo também são equivalentes entre EAD e presencial. Em relação à escolaridade familiar, 80% dos concluintes de EAD são os primeiros da família a concluir um curso superior, ao contrário dos concluintes de cursos presenciais, nos quais apenas 33,2% são os primeiros a ter um diploma de educação superior.

O Conceito Enade e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Esperado e Observado (IDD) são dois dos indicadores de qualidade da educação superior calculados anualmente pelo Inep, a partir da combinação do resultado do Exame com outras bases de dados.

“Enquanto o Conceito Enade é um indicador calculado a partir dos desempenhos dos estudantes concluintes dos cursos de graduação, o IDD busca mensurar o valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos estudantes concluintes, considerando seus desempenhos no Enade e no Enem”, explicou Mariangela Abrão, diretora de Avaliação da Educação Superior do Inep, órgão responsável pela avaliação dos cursos e das instituições de educação superior no Brasil. “O Inep obtém o indicador a partir de uma medida aproximada das características de desenvolvimento do estudante ao ingressar no curso de graduação avaliado”.

Em novembro, o Inep divulgará outros dois indicadores: o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC). Esses dois, também derivados dos resultados do Enade e de outros insumos, ditam a regulação exercida pelo MEC nos cursos e nas instituições de educação superior.

O  Enade é um dos indicadores calculados pelo Inep para avaliar a qualidade da educação superior no Brasil (Foto: Mariana Leal/MEC)

Licenciaturas – Além dos resultados do Conceito Enade e do IDD de cada curso avaliado, o Inep publicou em seu portal o resultado geral do Enade 2017 e o perfil do participante. Os resultados não podem ser comparados de um ano para o outro, pois avaliam o desempenho dos estudantes de áreas distintas. Tampouco é adequada a comparação dos resultados de um ciclo avaliativo para outro, uma vez que o instrumento de avaliação é diferente. Mas é possível observar a diferença de desempenho entre os graus acadêmicos nas questões de formação geral, que são iguais para todos os estudantes que fizeram o Enade 2017 e representam 25% da avaliação.

Os cursos de licenciatura e os superiores de tecnologia apresentam o pior desempenho na parte da prova comum a todas as áreas. Além dos resultados nas provas, o Enade, por meio do Questionário do Estudante, permite traçar o perfil dos concluintes avaliados. A informação, combinada ao desempenho na prova, pode ajudar na definição de políticas públicas e também guiar melhorias das próprias instituições e cursos.

“O mais importante agora é as instituições de educação superior se apropriarem dos dados para melhorar seus projetos pedagógicos”, aponta a presidente do Inep, Maria Ines Fini. “É essa a principal contribuição de um exame como o Enade. Mais do que um olhar sobre a qualidade do sistema de educação superior, ele possibilita às instituições uma reflexão do desempenho de cada um de seus cursos de graduação à luz de seus projetos pedagógicos. Os relatórios do Enade, já disponíveis no Portal do Inep, apresentam insumos para que cada instituição faça uma reflexão sobre as condições de seus cursos”.

O Inep está divulgando, de forma conjunta, os resultados do Enade, o perfil do participante, o Conceito Enade, o IDD, os microdados do Enade e os relatórios. “Esse volume de evidências pode e deve ser apropriado pelos professores, coordenadores de cursos e pelos gestores de cada instituição de educação superior brasileira”, completou a presidente.

Enade – Previsto na lei que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de 2004, o Enade avalia o desempenho dos concluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos que se propõem a ensinar e as habilidades e as competências desenvolvidas pelo estudante durante sua formação. O exame é obrigatório, e só pode colar grau o concluinte que responder ao Questionário do Estudante e realizar a prova.

Os resultados do Enade são divulgados no Portal do Inep por meio de relatórios síntese de área, relatórios de curso e de instituições de educação superior e dos microdados do Enade. Já o Boletim do Estudante é disponibilizado no Sistema Enade, com acesso restrito ao participante.

A cada ano o Enade se dedica a um ciclo avaliativo trienal. Em 2017, foram avaliados os estudantes das seguintes áreas:

  • Bacharel nas áreas de arquitetura e urbanismo; engenharia ambiental; engenharia civil; engenharia de alimentos; engenharia de computação; engenharia de controle e automação; engenharia de produção; engenharia elétrica; engenharia florestal; engenharia mecânica; engenharia química; engenharia; e sistema de informação;

  • Bacharel ou licenciatura em ciência da computação; ciências biológicas; ciências sociais; filosofia; física; geografia; história; letras - português; matemática; e química.

  • Licenciatura em artes visuais; educação física; letras - português e espanhol; letras - português e inglês; letras - inglês; música; e pedagogia;

  • Tecnólogo em análise e desenvolvimento de sistemas; gestão da produção industrial; redes de computadores; e gestão da tecnologia da informação.

Indicadores de Qualidade da Educação Superior – Expressos em escala contínua e em cinco níveis, são importantes instrumentos de avaliação da educação superior brasileira. O Conceito Enade avalia os cursos de graduação a partir dos resultados obtidos pelos estudantes no exame. O Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) mede o valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos estudantes concluintes, considerando seus desempenhos no Enade e suas características de desenvolvimento ao ingressar no curso de graduação avaliado.

O Conceito Preliminar de Cursos (CPC) combina, em uma única medida, diferentes aspectos relativos aos cursos de graduação: desempenho dos estudantes, valor agregado pelo processo formativo oferecido pelo curso, corpo docente e condições oferecidas para o desenvolvimento do processo formativo. O Índice Geral de Cursos (IGC) é resultado de avaliação das instituições de educação superior. Trata-se de uma média ponderada, a partir da distribuição dos estudantes nos níveis de ensino, que envolve as notas contínuas de CPC dos cursos de graduação e os conceitos Capes dos cursos de programas de pós-graduação stricto sensu das instituições de educação superior.

Assessoria de Comunicação Social

 




ONLINE
60