Ecossistema de superação da pobreza
Bolsa Família estimula a autonomia e pode ser base de 'ecossistema de superação da pobreza'
Economista Pedro Faria analisa as duas décadas do programa social e os efeitos da iniciativa na vida dos beneficiários
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O economista Pedro Faria destaca a exigência da escolaridade das crianças dentro do
programa para melhora social no país. - MDS
Um estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social mostra que a maioria das crianças e adolescentes beneficiários do Bolsa Família deixa de depender da verba na vida adulta. O levantamento analisou a situação de beneficiários dependentes com idade entre 7 e 16 anos em 2005. Em 2019, 14 anos depois, só 20% continuavam a receber a ajuda do governo.
Para falar sobre esses dados, o programa Central do Brasil desta quarta-feira (13) conversou com o economista e doutor em história Pedro Faria.
Segundo Faria, a transferência de renda estimula a autonomia das famílias permitindo que as pessoas tenham uma estabilidade na renda e que assim estejam livres da pressão econômica. "A pessoa que recebe o Bolsa Família, ao contrário desse mito da pessoa que fica encostada, vai ter um recurso para pagar uma passagem, para ir buscar um emprego, por exemplo num centro urbano. É o benefício da autonomia."
Quem recebe o Bolsa Família, de acordo com o especialista, não está necessariamente desempregado. "A pessoa tem uma renda intermitente, tem um emprego informal e isso permite a ela organizar seus gastos, planejar um futuro, dedicar tempo aos filhos, aliviar pressões que ela pode sofrer com uma oferta de trabalho exploratória. O fator escolaridade também foi muito importante para essa melhora social e uma das regras para receber o Bolsa Família é justamente manter os filhos na escola", explica.
O programa foi historicamente uma ferramenta fundamental para a superação da extrema pobreza, mas é preciso dar um próximo passo com políticas complementares, como as de emprego, diz o economista. "Um emprego de qualidade que remunera bem envolve questões macroeconômicas como a reindustrialização, uma taxa de desemprego baixa, políticas educacionais que garantem a estabilidade na escola e para os beneficiários que acessam a universidade pública, que exista uma política de permanência estudantil. São várias políticas complementares que vão construir um ecossistema de superação da pobreza junto com o Bolsa Família", afirmou.
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