Educação antirracista na prática
Educação antirracista na prática: como lutar contra o racismo em casa e nas escolas
Especialistas em educação defendem que não há idade mínima para falar do tema, porque as crianças já nascem em uma sociedade marcada por preconceitos e os reproduzem no dia a dia
Crianças negras sofrem racismo especialmente pela exclusão e ridicularização de traços físicos e cabelos crespos e cacheados. Em Osasco (SP), um menino de 7 anos foi excluído das brincadeiras e atividades pedagógicas por ser o único negro da turma. Também em SP, uma mãe denunciou nas redes sociais que o filho de 5 anos foi chamado de "cocô" por colegas de classe. Uma menina de 3 anos teve seu cabelo chamado de feio e foi piada na escola, em Curitiba (PR).
As atividades escolares também revelam o preconceito. Uma escola particular em Goiana (PE) usou palha de aço para representar cabelos afro em uma atividade extracurricular para uma turma de ensino infantil no Dia da Consciência Negra.
Especialistas em educação defendem que não há idade mínima para falar do tema, porque as crianças já nascem em uma sociedade marcada por preconceitos e os reproduzem no dia a dia. Para identificar atos racistas, que por vezes são sutis, no entanto, é importante que pais e professores se empenhem em adquirir o letramento racial, por leituras e debate em grupo.
Como lutar contra o racismo em casa
Reconheça as diferenças
Se a criança perguntar da cor da pele de alguém, aproveite para reconhecer que as pessoas realmente são diferentes e afirmar que todos os tons são bonitos.
Pesquise
Informe-se sobre a cultura afro e os efeitos do racismo, e deixe explícito para a criança que você está sempre disponível para responder às perguntas sobre o tema. Se ela apontar pessoas diferentes, evite calá-la, ou ela vai acreditar que esse assunto é um tabu.
Acolha a vítima
Caso a criança tenha sofrido discriminação, estimule-a a conversar e acolha seus sentimentos pela valorização e visão positiva do que tenha sido motivo de preconceito (cabelo, cor da pele, característica fenotípica etc.).
Ambientes diversos
Ponha as crianças em contato com a diversidade nos espaços frequentados pela família. Também é possível inserir representações de pessoas negras em espaços de poder no cotidiano por meio de literatura, músicas, desenhos, animações, filmes e séries.
Atenção às “brincadeiras”
Explique porque certas "brincadeiras", como comparações da aparência de pessoas negras a animais, são erradas, e como a criança deve se posicionar nessas situações. É importante estar alerta sobre a forma como a escola aborda o assunto.
Exclua expressões racistas
Falas como "cabelo ruim" e "serviço de preto" são racistas e devem ser retiradas do vocabulário. Crianças reproduzem o que ouvem dos adultos.
Como lutar contra o racismo nas escolas
Atenção às atitudes
É fundamental o professor estar atento ao comportamento dos alunos. Se uma criança branca com recorrência não quiser dar a mão a um colega negro, é preciso conversar com um de cada vez e trabalhar a importância da diversidade na amizade através de brincadeiras.
Biblioteca diversa
Invista em materiais recreativos, didáticos e paradidáticos que abordem a história da África e de pessoas negras de forma positiva, à luz da Lei 10.639/03, que também inclui no currículo escolar infantil a temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
Brinquedos coloridos
Tenha na sala de aula brinquedos, como bonecos de pano, com diferentes tons de pele e de cabelos. Com eles, é possível contar histórias relacionadas à temática racial de forma lúdica e entreter.
Conscientize professores
Docentes e outros funcionários da escola podem praticar racismo de forma sutil, por falas que expressem preconceito sobre o fenótipo negro, por exemplo. Ter grupos de docentes para debater o tema e se manter atualizado sobre práticas antirracistas é imprescindível.
Não se limite às datas comemorativas
Use personalidades e eventos marcantes na luta racial no Brasil e no mundo para contar histórias por todo o ano letivo.
Dialogue com as famílias
Há situações em que as crianças repetem comportamentos aprendidos em casa. É importante desenvolver projetos e eventos culturais em que os responsáveis possam participar.
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