Educação bilíngue no Brasil

Educação bilíngue no Brasil

Desafios e oportunidades da educação bilíngue no Brasil

 

Desafios e oportunidades da educação bilíngue no Brasil

Com a crescente busca pelo aprendizado de uma segunda língua, o modelo de escola bilíngue tem se tornado um tipo de negócio promissor no Brasil. Entretanto, existem algumas dúvidas, principalmente entre os gestores, sobre a implementação de educação bilíngue e até mesmo as metodologias de ensino.

Antes de tudo, é necessário definir o que é e o que não é educação bilíngue. Ivan Siqueira, doutor em letras, professor na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ou (ECA-USP) e conselheiro na Câmara de Educação Básica do Ministério da Educação, explica: 

“A educação bilíngue se caracteriza, exatamente, por um processo multicultural em que os conteúdos acadêmicos são colocados, problematizados, ensinados e apreendidos por meio de línguas”. 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz a língua inglesa como a única língua estrangeira obrigatória a partir do 6º ano do Ensino Fundamental II até o Médio. Contudo, isso não limita o ensino de outras línguas, ao contrário, o bilinguismo deve ser incentivado, pois seus benefícios nos campos social e cognitivo são inúmeros. 

Sabendo desses benefícios, Ivan é um das pessoas que está em busca da aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a normatização da Educação Bilíngue/Plurilíngue. Se aprovado, o projeto trará para comunidade escolar princípios, conceitos e orientação pedagógica, além de orientar as famílias sobre a importância do ensino bilíngue. 

O bilinguismo no Brasil

Existem diversos estudos sobre o aprendizados de línguas para cada fase da vida, assim como as metodologias mais adequadas. Países como Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia, por exemplo, têm vários estudos, ensino e aprendizado de línguas, pois são bastante motivados por aspectos históricos, econômicos e culturais.

Apesar de não ter legislação específica, as escolas bilíngues do Brasil seguem padrões internacionais. Contudo, quando somos comparados a outros países da América Latina, como Colômbia, Chile, Uruguai e Argentina, estamos em atraso, pois eles já possuem  programas e uma longa trajetória de ensino bilíngue. 

No Brasil, a educação bilíngue busca atender, principalmente, a demanda de pais que se preocupam com a educação dos seus filhos e o futuro profissional deles. Nesse sentido, existem alguns modelos de escolas voltadas para ensino de outras línguas, mas com características diferentes: 

  • Escolas bilíngues;
  • Escolas com carga horária estendida em língua adicional;
  • Escolas brasileiras com currículo internacional
  • Escolas internacionais.

Analisando as especificidades de cada uma, a educação bilíngue consiste na educação integral e multicultural por meio de duas ou mais línguas. Obrigatoriamente, esse modelo exige mais investimento na formação da equipe escolar, principalmente professores, e materiais para atingir um alta padrão de avaliação.

As escolas com cargas horárias estendidas ou língua adicional não são caracterizadas como escolas bilíngues. O conselheiro do MEC explica: “Isso não quer dizer que seja boa ou ruim, significa apenas que ela não é uma escola bilíngue por definição, porque ela não trabalha com os conteúdos acadêmicos dessa segunda língua, o que ela faz é um reforço”. 

Já as escolas com currículos internacional atendem à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), seguindo todas as regras educacionais do país. Contudo, o currículo é construído a partir de parcerias/compra de matérias na língua específica, porém, não é disponibilizado diploma internacional. 

Ainda existem as escolas internacionais, que sempre estão vinculadas a um determinado país, mas não precisam, necessariamente, seguir a legislação brasileira. Mas para ter o diploma reconhecido no Brasil, aí sim elas precisam obedecer a LDB e seguir a BNCC. 

Em relação aos dois últimos modelos, Ivan alerta: “Uma coisa é usar o currículo outra é ser internacional. Porque a gente sabe que o currículo é parte, mas ele não é tudo daquilo que a escola faz, o currículo é estruturante, é importante, mas não é o todo. E tem obviamente a questão da certificação, uma coisa é quem estuda em uma escola internacional, que oferece dupla certificação, o diploma vale aqui no Brasil e no local de origem”

Os benefícios cognitivos e sociais da educação bilíngue

Por que a educação bilíngue tem despertado tanto interesse e mostra um crescimento exponencial? Entre os vários motivos, essa grande procura é justificada, principalmente, pela possibilidade de ascensão no mercado de trabalho. Isso porque, profissionais que com fluência em outras línguas têm salários maiores.

ambém há benefícios cognitivos e acadêmicos, aponta o conselheiro do MEC. A criança que começa estudar uma segunda língua, vê a sua língua nativa com um certo distanciamento, pois passa a perceber que cada língua tem um sistema de codificação diferente, por exemplo, os tempos verbais do português, que também existem no inglês, francês e alemão. 

“Esses benefícios cognitivos criam sinapses na mente das crianças e isso obviamente melhora todos os aspectos do desenvolvimento […] Beneficia porque deixa mais rápido o raciocínio e ela tem mais elemento de comparação. Tem os aspectos acadêmicos, porque ela tem mais sinapses desenvolvidas, mais elementos neuronais e ela pensa de maneira mais rápida, faz mais associações e tem mais modelos conceituais”.

Inevitavelmente, o ensino bilíngue perpassa por questões sociais, ou melhor, desafios sociais. Ivan traz um dado bastante interessante: 83% dos estudantes das escolas municipais têm um salário per capita e 79% deles têm acesso à internet do celular. 

Esse é um público em potencial e que gera oportunidades de negócios. Isso porque, apesar da baixa renda, essas famílias têm interesse de ver seus filhos prosperarem através do estudos, e aprendizado de outras línguas é um caminho.

 

https://escolasexponenciais.com.br/desafios-contemporaneos/desafios-e-oportunidades-da-educacao-bilingue-no-brasil/ 




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