Se antes era considerado um diferencial, o domínio de um segundo idioma tornou-se uma necessidade básica para quem deseja conquistar um lugar de destaque no mercado de trabalho. Não é à toa que a escola bilíngue tornou-se uma das modalidades mais procuradas pelos os pais que querem proporcionar uma educação diferenciada aos seus filhos.

Basicamente, uma instituição de ensino bilíngue apresenta a mesma grade curricular das escolas brasileiras, porém na comunicação estrangeira. Por ser um modelo ainda relativamente novo no país, a educação efetuada em outra língua ainda leva alguns questionamentos.

Quer saber mais sobre essa opção de aprendizagem? Confira, a seguir, como funciona a escola bilíngue e como ela pode transformar a vida do seu filho!

O que é uma escola bilíngue?

Antes de mais nada, não confunda escola internacional com escola bilíngue. Enquanto a primeira utiliza como base o currículo e a proposta pedagógica de outro país, modificando o modo de aprender da criança, a escola bilíngue usa exclusivamente o currículo brasileiro, inserindo conteúdos e a carga horária estendida que, em alguns casos, é equivalente.

Devido ao fato de não haver uma regulamentação específica do ensino bilíngue, é comum ainda existirem muitas diferenças nos sistemas educacionais adotados em cada instituição. Elas visam ensinar por meio das línguas— em outras palavras, aulas das mais diversas disciplinas são ministradas na língua alvo e também na língua materna.

É importante ressaltar que não envolve o idioma em si, mas sim a cultura e ambientação. A língua é o objetivo por meio da proposta pedagógica. Idioma é objeto do ensino, enquanto língua representa comunicação. Assim, ao optar por uma escola nesses moldes, verifique todos os detalhes (como estrutura, corpo docente, projeto pedagógico e valores praticado), pois uma educação completa não é baseada apenas no idioma.

Qual a idade ideal para começar?

Quanto mais cedo, melhor. Porém, a verdade é que não existe uma idade específica para se iniciar os estudos em uma escola bilíngue. Desde o momento em que nascemos, nosso cérebro está configurado para aprender atividades básicas, interagir com uma segunda língua ainda criança. Isso definitivamente facilita o processo de aprendizado. Mas não impede que alunos de todas as idades também se matriculem — levando em conta, nesse caso, que o processo de adaptação pode ser um pouco mais demorado.

O consenso entre especialistas é que a infância é o momento ideal para apostar nesse tipo de educação. Afinal, a aprendizagem é bastante influenciada pelo ambiente em que se vive.

Qual é a metodologia adotada?

Aprender na língua nativa já é uma tarefa um pouco complicada, certo? Imagine, então, em outros idiomas! Para esse processo ser facilitado, os educadores atuantes nessas instituições recorrem a ferramentas diversificadas, como músicas, jogos, filmes, sites e livros.

A memorização por meio da conhecida “decoreba” não é indicada. Assim, recursos extras são estratégias que ajudam no aprendizado real do conteúdo. A assimilação de qualquer idioma requer tempo, dedicação e aplicação da metodologia apropriada.

Por isso, as escolas devem inovar. Afinal, não basta falar o tempo todo na segunda língua: o aluno também precisa praticar os seus conhecimentos em trabalhos em grupo, seminários, conversas individuais com professores, entre outras alternativas.

O material didático não se resume ao curso, haja vista que ele é um recurso com o objetivo de apoiar o aprendizado e precisa ser complementado com outros materiais. Haverá disciplinas específicas para que as turmas pensem sobre a segunda língua, tal como aconteceria em uma aula de português em qualquer escola brasileira. Nesses momentos, os alunos aprendem questões mais aprofundadas do idioma, como a ortografia, gramática e vocabulário.

Como é feita a alfabetização?

O modo da alfabetização depende da orientação pedagógica seguida pela escola. Há aquelas que alfabetizam na língua materna e outras que optam pela alfabetização simultânea, em que o português e o segundo idioma são aprendidos ao mesmo tempo.

A alfabetização simultânea é tida como um desafio maior. Isso porque trabalha diversas habilidades cognitivas, mas também configura-se como um benefício para a atividade e o desenvolvimento do cérebro. Todavia, é necessário avaliar as características individuais de cada pessoa para fazer a melhor escolha no momento de alfabetizar.

Os conteúdos ensinados pelas escolas bilíngues são os mesmos das instituições tradicionais — só que isso é feito na segunda língua. Portanto, os alunos estudam Matemática, Ciências, História e Geografia em inglês. Assim sendo, durante as aulas são utilizados exemplos e referências dos países em que o idioma prevalece.

Quais os principais diferenciais?

Mais do que aprender um língua estrangeira com mais naturalidade, a educação bilíngue também traz outras vantagens. As principais são:

  • maior capacidade de concentração e organização;​
  • melhor desenvolvimento de habilidades cognitivas relacionadas à escrita, à fala e à leitura;
  • domínio de pelo menos uma língua estrangeira;
  • prevenção de doenças degenerativas (como o Alzheimer).

Todos falam outra língua na escola?

Por mais que a maioria dos docentes, além de alguns funcionários, seja bilíngue, isso não é regra. Apenas os professores da língua estrangeira precisam, obrigatoriamente, falar um segundo idioma. Alguns pais podem se perguntar: mas os professores não são estrangeiros?

Não necessariamente. É claro que as instituições bilíngues dão prioridade para estrangeiros com formação acadêmica na área de educação, mas brasileiros com competência acadêmica e linguística também são contratados.

Geralmente, os professores que lecionam na língua materna não têm obrigação de se comunicar apenas no segundo idioma. No entanto, aqueles que dão aula na língua estrangeira devem falar apenas nessa modalidade em sala.

É importante ressaltar que quanto maior for a proficiência do corpo docente, maiores serão também os benefícios proporcionados ao aluno, uma vez que ele aprenderá o idioma nas formas convencionais.

Como é o ambiente e a carga horária?

Não se assuste ao encontrar pelos corredores desses colégios cartazes, folhetos e trabalhos em várias línguas. Como o intuito é inserir o aluno no universo daquele idioma, nada mais natural que utilizar os recursos comunicacionais como forma para incentivar os estudantes, envolvendo-os ao máximo na cultura da língua estudada.

No que diz respeito à carga horária, as escolas adeptas à educação bilíngue precisam seguir as Leis de Diretrizes e Bases da Educação, as normas do Ministério da Educação (MEC) e dos conselhos estaduais de educação. As determinações do MEC sobre carga horária mínima e quantidade de dias letivos do ensino regular devem ser obedecidas.

Normalmente, para conseguir administrar tanto o conteúdo em português como o da segunda língua, as escolas bilíngues adotam períodos integrais ou parcialmente integrais.

Como é a internacionalização da escola?

Para aperfeiçoar a aprendizagem dos estudantes, é altamente indicado que as escolas bilíngues disponibilizem oportunidades de interação com o mundo, de modo que eles possam praticar o idioma. Nesse sentido, graças ao poder da tecnologia, essa internacionalização é feita, num primeiro momento, por computadores, celular e demais equipamentos.

A maioria das instituições promovem intercâmbios virtuais ou presenciais para os alunos que estão em um estágio de aprendizado mais avançado. Essa possibilidade é considerada um grande ganho para eles. Afinal, permite que façam uso da língua em contextos reais e significativos, aprendendo-a a partir da realidade de outros países.

Como motivar o aluno em casa?

Se no ambiente familiar alguém fala fluentemente a língua que o aluno está aprendendo, tentar estabelecer diálogos é uma boa maneira de a criança testar os seus conhecimento e continuar o aprendizado. Mas a interação deve ser natural! Então, nada de forçar a barra ou exigir que a comunicação seja somente na língua estrangeira. Quando a criança se sentir à vontade, ela própria iniciará a conversa.

Como o ensino não deve se limitar à escola, a criança também pode estabelecer contato com estrangeiros da mesma faixa etária via internet ou por meio de programas específicos de pessoas que visam aprender um novo idioma. Nesse caso, recomenda-se a supervisão de um adulto.

Desenvolver o hábito de assistir a filmes, programas de televisão, séries e desenhos na língua estrangeira, sem o recurso da dublagem, também é um exercício eficaz e produtivo, além de divertido. No início, pela dificuldade, vale a pena colocar legendas em português. Mais para frente, é possível até trocá-las para o outro idioma.

Qual será o idioma dominante?

Não existe uma receita de bolo (ou uma resposta precisa) para essa questão — vai depender da realidade de cada pessoa. O idioma dominante provavelmente será aquele que o estudante utilizará com mais frequência. Entretanto, se ele tem o hábito de se comunicar em várias línguas, possivelmente, a materna se sobressairá. Um dos objetivos da escola bilíngue é a comunicação competente na segunda língua.

Atualmente, a ideia de inserir uma nova língua na vida das crianças se tornou um atrativo e tanto para os pais que querem oferecer um ensino de qualidade para os filhos desde a infância. Acima das questões básicas, o domínio de outra língua também agrega aspectos singulares de cada pessoa, possibilitando o desenvolvimento de jovens mais tolerantes e sociáveis.

Levando isso em consideração, o ensino bilíngue vem se destacando e conquistando cada vez mais adeptos no âmbito acadêmico. A escola nesses moldes pode abrir portas e ajudar o seu filho a construir um futuro brilhante.

Até mesmo porque a maioria dessas instituições adota um método de ensino em que o aluno é o protagonista do seu próprio aprendizado — o que significa dar autonomia a ele, incentivando-o a buscar informações e compor o seu conhecimento por conta própria.

Isso não quer dizer que os alunos farão tudo sozinhos e sem orientação. O professor, nesse cenário, é responsável por mediar o processo de aprendizagem, acompanhando-os em todos os projetos. Nessa modalidade, os educadores têm a função de abrir os caminhos para que a turma seja capaz de pesquisar sobre os conteúdos e entender a melhor forma de absorvê-los.

Ficou curioso sobre essa metodologia de ensino? Descubra tudo que você precisa saber a tendência do protagonismo do aluno!