Educação com qualificação

Educação com qualificação

O caminho da qualidade

 

“Na minha época a escola pública não era assim”. Certamente você já ouviu essa frase vinda de alguém pertencente a uma ou duas gerações anteriores à sua. Essa afirmação, no entanto, já foi amplamente refutada. Dados do IBGE de 1940 mostram que a educação formal era para poucos: 69% das crianças estavam fora da escola e, mais importante do que isso, as taxas de reprovação e abandono entre crianças de sete anos eram altíssimas. O fantasma da qualidade, portanto, está presente há bem mais tempo do que costumamos acreditar.

Um olhar mais cuidadoso para as notícias mostra que não há país no mundo que esteja crescendo negligenciando a educação. Os exemplos são inúmeros. A relação entre taxas de crescimento do PIB per capita e pontuação em avaliações internacionais de alunos já foi demonstrada. Podemos nos perguntar então como é que uma Educação sem altos padrões de qualidade não limitou o crescimento do nosso país até a década de 80.

A resposta é: o mundo mudou e não existe possibilidade de interromper ou desacelerar essa mudança, muito pelo contrário. Se o conteúdo aprendido durante o tempo de escola dava conta de sustentar uma vida de trabalho isso não é mais verdade. Hoje, os profissionais do futuro são convidados a se reinventar mais de uma vez ao longo da carreira. Não há dúvidas de que uma educação de qualidade é o que concede ao indivíduo a capacidade de aprender ao longo da vida.

Não foi por acaso que a reforma curricular na China passou a incluir o desenvolvimento da criatividade e a resolução de problemas. Também não é por acaso que o debate sobre competências socioemocionais ganhou tanta relevância nos últimos anos. O mundo contemporâneo exige indivíduos éticos, autônomos, criativos, flexíveis, capazes de navegar na complexidade e decidir na incerteza. Não é um desafio pequeno para a educação, que atualmente tem como estratégia, na imensa maioria das escolas de nosso país, alunos enfileirados, sentados por horas a fio, assistindo passivamente a um professor apresentar conteúdos disponíveis em um clique de celular.

Educação com qualificação dos professores

Não existe resposta única, rápida ou simples para o problema da qualidade, ainda mais urgente no pós-pandemia. Mas as pesquisas apontam um caminho. Já se sabe que entre os fatores intraescolares, como número de alunos por sala, horas diárias de ensino, características de infraestrutura, “professores constituem peça-chave no aprendizado escolar” (Desafios da profissão docente: experiência internacional e o caso brasileiro, de Fernando Luiz Abrucio e Catarina Ianni Segatto).

Um bom professor muda a realidade de um aluno. Bons professores mudam a Educação de um país. Imagine um professor bem-preparado pessoal e profissionalmente, mediando jornadas de aprendizagem altamente modernas, contextualizadas e significativas que colaborem para que seu grupo de alunos se torne autônomo, responsável, comprometido, criativo, crítico, consciente, empático e colaborativo.

Sim, é possível formar professores integralmente desenvolvidos que apoiem o desenvolvimento de nossas crianças, adolescentes e jovens. Porém, novamente, a resposta não é simples e certamente não está em cursos breves de formação continuada.

Atrair jovens para a carreira aumentando o prestígio social da profissão; oferecer uma formação inicial profundamente reflexiva que tenha a prática da sala de aula como laboratório sempre presente; repensar os mecanismos de ingresso na carreira e toda sua estrutura (que não se resume a salários justos e competitivos); garantir condições de trabalho adequadas e possibilidades reais de desenvolvimento ao longo da profissão são uma forma de enxergar o problema em sua complexidade e buscar soluções efetivas.

Políticas públicas voltadas para a valorização e o desenvolvimento de professores é o caminho mais rápido para conseguirmos a qualidade que nossa Educação precisa, posicionando-a como parte fundamental da estratégia de desenvolvimento de nosso país. Essa ideia precisa estar nos radares daqueles que tomam decisões e o fazem com base em consensos e desejos da maioria. Estabeleçamos então, esse consenso. É importante, é urgente, é essencial.

 

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