Educação pública fracassou?
A educação pública é um fracasso?
O debate provocado pela postagem do presidente sobre investimento em educação é positivo. Mais pessoas dispostas a se aprofundar no tema. Muitos comentários que recebi tem como premissa que nossa educação está falida, que os resultados das escolas públicas são péssimos. Será?
Não resta dúvidas que precisamos avançar em todos os níveis educacionais, de que nossos problemas de aprendizagem são muito graves e devem ser o foco das políticas públicas. Mas os convido para analisar os dados em perspectiva histórica. Antes da CF o desafio educacional do país ainda era o acesso.
Durante os anos 1990, com o Bolsa Escola, a universalização do ensino fundamental foi sendo conquistada, se consolidou com o Bolsa Família nos anos 2000. Concebemos os últimos 20 anos como um momento em que se buscou mais qualidade com muito mais crianças e jovens na escola.
Há duas grandes avaliações em grande escala que ocorrem na educação básica brasileira, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), feito pelo Ministério da Educação e o PISA (Programme for International Student Assessment) feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Falemos primeiro do IDEB dos anos iniciais do ensino fundamental. A imagem mostra que apesar de nossas dificuldades atingimos as metas do IDEB como país.
No que tange aos anos finais do ensino fundamental o país alcance as metas estabelecidas nos 3 primeiros anos da série, mas não o faz nos últimos. Em 2017 já se sente a recessão que reduz as matrículas em tempo integral nessa etapa (eram 16,7% em 2015 e caem para 9% em 2016).
Mesmo em 2017 há estados que superam a meta, como CE, GO, MT, RR, PE, AM e AL e outros que a atingem. Estados esses mais pobres e que mesmo com a crise tiveram bons resultados, sinal de avanços que se consolidam.
No ensino médio está nosso cenário mais preocupante, muito em função da estagnação dos resultados, há experiências exitosas como as do Ceará e Pernambuco, os estados subnacionais não conseguem investir o adequado e mesmo coordenar junto da União uma política nacional.
De um modo geral todos resultados do IDEB 2017 são melhores que de 2015 e os anteriores. Como pode se ver na imagem, apenas no ensino médio público estadual a nota se repetiu. Há muito para avançar, melhor gestão e mais recursos são necessários, mas há melhorias.
Uma nota sobre os resultados do Brasil no PISA. Eles são ruins diante do que queremos, ficamos em último lugar em 2003. Em 2015, entre 72 países, ficamos em 59º em leitura, 65º em matemática e 63º em ciências. É pouco, mas há melhora.
A ODCE avalia que para um país que estava tentando garantir o acesso, ampliar a escolaridade média e reduzir o analfabetismo, o resultado é importante. Nossa alta taxa de reprovação é destaque negativo, entre os alunos que fizeram o PISA, 36% já reprovou pelo menos uma vez.
Por fim, as avaliações em grande escala têm seus limites e permitem algumas distorções. É importante conhecer os dados para não adotar o discurso de terra arrasa que questiona a relevância do caráter público da educação e culpabiliza os professores, esse não é o caminho.
Fonte das Imagens: Site do INEP.