Educar é ensinar a lutar
Educar é ensinar a lutar por direitos e dignidade
O dia 15 de outubro é uma data para celebrar aqueles que transformam vidas, formam todos os outros profissionais e, principalmente, educam toda a cidadania. O Dia do Professor deveria ser um momento de reconhecimento para aqueles que dedicam suas vidas à Educação. Contudo, há pouco a ser comemorado.
Os professores da rede estadual enfrentam uma defasagem salarial desde 2015. No governo Sartori, não houve reajuste, e, no governo Leite, os poucos reajustes não foram suficientes para recuperar o poder aquisitivo. Além da falta de reajustes que compensem as perdas inflacionárias, os professores estaduais ainda enfrentam o achatamento salarial e as péssimas condições de infraestrutura das escolas, o que torna a tarefa de ensinar cada vez mais desafiadora.
No município de Porto Alegre, a situação não é muito diferente. As perdas inflacionárias acumulam 29,01% (segundo dados do DIEESE) entre maio de 2016 e julho de 2024, excluindo a recomposição de 10,06% em 2022 e 5,79% em 2023. Além das perdas salariais, os professores enfrentam escolas sucateadas, tentativas de implantação de escolas cívico-militares, projetos de privatização da manutenção escolar por 20 anos, a falta de monitores de inclusão escolar e o aumento de contratos temporários (precários), em detrimento da realização de concursos públicos para contratação de professores efetivos. Atualmente, há 357 cargos vagos de professor, conforme dados do Portal da Transparência, referentes ao mês de agosto deste ano. O resultado dessas políticas neoliberais na educação é a falta de 12 mil vagas na rede municipal de ensino, sendo seis mil na Educação Infantil. Esses números representam vidas que não têm acesso à educação pública municipal devido à omissão do atual governo.
Enquanto isso, a extrema-direita tenta ressuscitar, na Câmara de Vereadores, a “lei da mordaça”, o malfadado e inconstitucional projeto da “escola sem partido”. O mais triste, porém, é ver a educação municipal, que já foi referência nacional, sair das editorias de Educação e migrar para as páginas policiais, devido a compras irregulares que superam cem milhões de reais e que estão sendo investigadas pela polícia, após denúncia do nosso mandato ao Ministério Público de Contas. Enquanto alguns compram apartamentos de meio milhão de reais e outros adquirem Ferrari com o dinheiro da corrupção, professores e professoras sofrem com a desvalorização imposta pelo governo neoliberal.
Entretanto, nem o arrocho salarial nem a falta de condições adequadas de trabalho tiram de nós, professores, a alegria de ensinar, pois transmitir conhecimento e formar as novas gerações é a carreira que abraçamos. Isso não significa nos resignarmos diante da desvalorização da educação. Ao contrário, continuaremos a lutar por uma educação pública de qualidade, democrática, inclusiva e libertadora. Educar é também ensinar a lutar por dignidade e direitos para todos e todas.
Paulo Freire, patrono da educação brasileira, nos ensinou que a batalha pela educação se trava no dia a dia, buscando o respeito e a dignidade para educadores e educadoras. Seguimos firmes na luta pela educação para todos e todas. Não descansaremos enquanto houver brasileiros e brasileiras sem acesso ao conhecimento, à ciência, à cultura e à tecnologia. Permaneceremos juntos, unidos, lutando por valorização salarial, por carreiras públicas que respeitem quem faz a escola acontecer e, acima de tudo, para que o direito constitucional à educação seja plenamente realizado e as leis educacionais sejam cumpridas pelos governantes. Enquanto a direita permanecer no poder, não teremos descanso, pois a luta pela democracia, pela participação e por uma educação verdadeira deve continuar viva, até que todos e todas possam exercer o direito à cidadania: o direito à educação pública de qualidade.
(*) Jonas Tarcísio Reis – Vereador, Líder da bancada do PT, professor e doutor em Educação
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