EJA integrado a qualificação profissional
Programa federal que oferece EJA integrado a qualificação profissional será ampliado, diz coordenador do MEC
Yann Furtado participou do seminário “Juventudes fora da escola”, sobre evasão escolar
12/03/2024 Isabella Sander
Yann Furtado relatou que o ProJovem foi uma das políticas reduzidas nos últimos anos.
Bruno Poletti / Agência Ophelia/Divulgação
Instituído em 2005, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) será ampliado, segundo o coordenador de Políticas Educacionais do Ministério da Educação (MEC), Yann Furtado. Em participação no seminário “Juventudes fora da escola”, promovido pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho, em São Paulo, Furtado destacou que a iniciativa, que oferece a modalidade de educação de jovens e adultos (EJA) do Ensino Fundamental integrada à qualificação profissional, é uma das políticas que foram reduzidas nos últimos anos e serão retomadas.
— O ProJovem era uma política nacional de grande escala, para jovens de 18 a 29 anos que não conseguiram concluir o Ensino Fundamental. Nós repactuamos o orçamento dele, remontamos a política nas condições possíveis para seis meses e colocamos na rua no ano passado em uma escala muito menor, para 30 mil pessoas. Se Deus quiser, estamos propondo uma escala maior para ser anunciada ainda no primeiro semestre pelo presidente Lula, para até 2026 — relatou o coordenador.
O programa tem duas modalidades: uma destinada a jovens residentes em áreas urbanas, que, em 18 meses, conseguem concluir o Ensino Fundamental, e outra para jovens agricultores de localidades rurais, com duração de 24 meses, nos quais eles, além de se formarem nessa etapa, recebem qualificação social e profissional no setor agrícola.
Um dos desafios, conforme Furtado, é adequar a iniciativa às demandas atuais dos jovens que estão, hoje, fora da escola. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontam que quase 10 milhões de brasileiros com 15 a 29 anos não tinha concluído seus estudos e nem estavam matriculados na Educação Básica. Desses, 43% não haviam finalizado nem mesmo o Ensino Fundamental. Entre os motivos para não retornarem aos bancos escolares apresentados pelos 1,6 mil respondentes de pesquisa sobre o assunto divulgada nesta segunda-feira (11), estão, principalmente, a necessidade de trabalhar e de cuidar dos filhos.
O coordenador do MEC destacou que, dentro do ProJovem, há oferta de salas de acolhimento, nas quais é possível deixar os filhos durante as aulas.
— O ProJovem não nasceu com salas de acolhimento, mas se percebeu que as pessoas queriam estudar, mas tinham que trabalhar ou não tinham com quem deixar os filhos. Por isso, a estratégia foi modulada, e isso foi muito importante para combater a evasão escolar — relata Furtado, pontuando que as políticas precisam ser moduladas de acordo com as demandas de cada região do país.
Outra iniciativa com potencial de reduzir o número de jovens que abandonaram a escola é o Pacto Nacional pela Alfabetização, ainda não lançado. Nele, a promessa é de que ocorra uma valorização da EJA. O coordenador cita, ainda, que o programa Pé de Meia, que oferece bolsas a estudantes de baixa renda do Ensino Médio, também abrange alunos da modalidade EJA, e que deve gerar uma redução nos índices de evasão escolar.
Pesquisa
A pesquisa “Juventudes fora da escola”, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho, ouviu 1,6 mil jovens de 15 a 29 anos que não concluíram a Educação Básica e nem estão estudando atualmente.
As consequências para aqueles que não terminam os estudos costumam ser o desemprego, a participação em trabalhos precarizados e a baixa remuneração – e esses são, justamente, os motivos apresentados pelos 73% que desejam completar os estudos. Desses, 58% indicaram que a medida lhes permitiria ter um emprego melhor ou, simplesmente, arrumar trabalho.
Outros 28% destacaram a vontade de fazer uma faculdade e ter uma profissão. Quando voltar às aulas, a maioria (56%) quer fazer um curso técnico. Por outro lado, 78% dos respondentes disseram que o trabalho é prioritário em relação ao estudo.
Dos 27% que não manifestaram interesse em voltar a estudar, 32% responderam que o motivo é a necessidade de trabalhar e 17% que precisam cuidar da família – neste último, o percentual entre as mulheres respondentes foi quatro vezes mais alto (34%) do que entre os homens (8%).
- A repórter viajou a São Paulo a convite do Itaú Educação e Trabalho.
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