Eleição de diretores e o futuro da EJA
CPERS leva desafios na eleição de diretores e o futuro da EJA para discussão com a Seduc
Na tarde desta sexta-feira (29), o CPERS se reuniu com a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, e membros da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para discutir pautas urgentes que impactam a rede estadual de ensino. Entre os temas debatidos, destacaram-se as dificuldades no processo eleitoral para diretoras(es) escolares e o futuro da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que enfrenta mudanças estruturais.
Além destes tópicos, o encontro ainda abordou os estudos compensatórios, a municipalização e a implementação de escolas de tempo integral, entre outros.
O ponto mais sensíveis da reunião foi o processo de eleição de diretores, que, segundo o CPERS, ainda apresenta entraves burocráticos que desmotivam a participação de professoras(es) e funcionárias(os). A presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, alertou que diversas escolas não estão conseguindo fechar as chapas para concorrer ao pleito devido ao novo modelo de concorrência, que exige um número mínimo de inscritos. Na ocasião, a Seduc afirmou que o edital será retificado e este número, flexibilizado.
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EJA: expansão e amadrinhamento de escolas
A reestruturação da EJA foi outro foco central do encontro. Helenir expressou preocupação com denúncias sobre o modelo de “escolas madrinhas”, que centralizam a emissão de certificados para outras instituições. “Recebemos relatos que geram apreensão sobre o que de fato acontecerá com essas escolas”, declarou.
Marcelo Jerônimo, subsecretário de Desenvolvimento da Educação, explicou que o objetivo é ampliar a oferta de vagas na modalidade. “O amadrinhamento é um ato administrativo que busca atender à alta demanda, facilitando o processo de certificação sem alterar a autonomia das escolas madrinhas”, afirmou.
A presidente do Sindicato destacou que o CPERS vê como positivo esse aumento na oferta de vagas, mas reforça que a política de “amadrinhamento” não pode se tornar rotina.
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Para o Sindicato, a EJA representa um projeto político transformador de sociedade, já que permite à(ao) educanda(o) novos rumos de vida, portanto, políticas educacionais e sociais para revitalizar esse segmento são essenciais.
Estudos compensatórios geram debate
A prática de estudos compensatórios também gerou discussão. Helenir relatou que algumas escolas têm recebido orientações para permitir que estudantes com muitas faltas realizem trabalhos domiciliares como forma de compensação, o que, segundo ela, estaria desmotivando estudantes assíduos.
Raquel Teixeira negou que a Seduc incentive a aprovação automática e enfatizou a importância de atividades adicionais dentro do ambiente escolar. “Meu objetivo é criar oportunidades para que todos os alunos aprendam, mas sempre com base em experiências dentro da escola”, destacou a secretária.
O CPERS seguirá acompanhando a situação para garantir que nossas(os) estudantes tenham qualidade na aprendizagem e a autonomia de educadoras(es) seja respeitada.
Escolas de tempo integral e evasão escolar
O CPERS também trouxe à pauta a implementação das escolas de tempo integral, uma das principais apostas do atual governo. A atual tesoureira e presidente eleita do Sindicato, Rosane Zan, relatou que algumas escolas estão enfrentando problemas de evasão, especialmente em municípios onde a única opção de ensino médio passou a ser integral, sem oferta de turmas noturnas. “Os alunos que não querem o integral estão precisando se deslocar para outras cidades”, destacou Rosane, citando casos que preocupam a entidade.
A Seduc reconheceu a situação e se comprometeu a verificar os casos relatados, garantindo que buscará soluções para evitar prejuízos aos estudantes.
Municipalização de escolas preocupa comunidade escolar
Outro ponto levantado durante o encontro foi a situação do Colégio Estadual Diva Costa Facchin, em Cachoeira do Sul, que enfrenta o risco de municipalização. O CPERS destacou a mobilização da comunidade escolar contra essa medida e cobrou da Seduc um posicionamento que respeite o desejo coletivo de manter a instituição sob gestão estadual. A Seduc se comprometeu a analisar o caso com atenção.
A reunião encerrou com o compromisso de aprofundar os debates em novos encontros, reafirmando a busca conjunta por soluções que beneficiem a comunidade escolar.
Representando o CPERS, participaram ainda da reunião a secretária-geral do Sindicato, Suzana Lauermann, e os membros da direção estadual: Juçara Borges, Vera Lessês e Leonardo Preto Echevarria. O advogado da assessoria jurídica da entidade, Marcelo Fagundes, também acompanhou o encontro.
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