Encher um tanque no Brasil
Com quanto do salário mínimo se enche um tanque, no Brasil e em 10 países
Para os brasileiros, comprar 35 litros de gasolina custava 19,47% da remuneração básica, agora caiu para 15,9%; no Reino Unido basta 3,12%
MARTA SFREDO - 21/9/2022
Sim, leitores da coluna já viram o título acima, com uma pequena mudança no número de países. Como sempre, depois da publicação de comparação de preços de gasolina no Brasil e em outros países, volta a sugestão de relacionar os valores à remuneração básica em cada mercado. Para permitir a comparação, todos os valores, de renda e preço do combustível, estão em dólares.
Neste ano, o vídeo gravado pelo presidente Jair Bolsonaro no Reino Unido mostrando a diferença entre o valor do litro lá e aqui acentuou os pedidos para comparar, mais do que quantias cobradas na bomba, o poder de compra.
Em relação ao levantamento anterior, o Brasil melhorou em relação a si mesmo: em dezembro de 2021, era preciso usar 19,47% do salário mínimo para encher um tanque de 35 litros. Neste setembro de 2022, a proporção baixou para 15,9%. Para esclarecer, a coluna usa a expressão "salário mínimo" para se referir à menor remuneração legal de cada país, não necessariamente a uma figura legal semelhante à que existe no Brasil.
Na lista de 11 países que inclui tanto emergentes como nós quanto os mais ricos, há dois em que abastecer um carro com tanque de 35 litros consome mais da remuneração básica do que no Brasil: Indonésia, onde a situação piorou um pouco, de 27,94% em dezembro de 2021 para 32,8%, e México, onde se deteriorou muito: eram necessários apenas 4,66% no levantamento anterior e agora é preciso 16,3%. Detalhe: assim como o Brasil, os mexicanos têm uma poderosa petroleira, a Pemex.
No Reino Unido, para usar a comparação feita pelo presidente candidato à reeleição, não precisa pensar muito para completar o tanque, mesmo que esteja vazio: a despesa consome meros 3,1% da remuneração básica do país. A coluna não consegue comparar com o levantamento anterior porque o país não estava incluído na lista publicada em dezembro de 2021. Mas a julgar pelo que ocorreu nos Estados Unidos, onde se gastava 2,73% e agora se gasta 2,9%, a variação deve ter sido pequena.
