Encorajando a esperança

Encorajando a esperança

Iniciar as aulas encorajando a esperança

Por Sofia Cavedon*

Foto Mauro Mello/PTSul

Artigo publicado na edição desta sexta-feira, 20, no jornal Correio do Povo.

Um ano letivo em que a rede estadual começa com apenas pouco mais de dez por cento das escolas por ter lutado bravamente contra os projetos que humilham a educação ao tratar seus profissionais no sentido contrário que determina o Plano Nacional da Educação: no mesmo nível que os demais profissionais com a mesma formação.

Um ano escolar em que o governo federal anuncia canal para denunciar os e as professoras, quando a vivência democrática, o aprendizado da tolerância, do diálogo, da liberdade para discutir temas da formação humana e societária são tão urgentes diante da violência, da mutilação e suicídio dos jovens, do feminicídio que recrudesce, do abandono escolar.

Um ano em que o financiamento da educação está em risco porque fecham 20 anos de orçamento vinculado a fundos - FUNDEF E FUNDEB - e que o governo federal pressiona por desvinculação, quando sabemos que ainda temos muito a investir em educação para universalizar e qualificar, para construir um Brasil soberano e que inclua sua gente no trabalho e na renda, na cultura e na cidadania.

Recomeça seu trabalho a educação enfrentando o discurso econômico que hoje explica a política, que impõe austeridade como a única saída, a renúncia a direitos, quando a política é que precisa explicar suas opções: porque abre mão da soberania e desvia da educação a riqueza do petróleo, dos nossos bens naturais e se submete ao rentismo do capital improdutivo que nenhum compromisso tem com empregos e a formação da juventude.

Começa novo ano letivo para reanimar a esperança. Sem aula, sem educação, ela fenece. As professoras, os professores são portadores da esperança porque são mobilizadores da constituição de cada estudante em sujeito, em ser humano.

“Eu sou esperançoso porque não posso deixar de ser esperançoso como ser humano. Esse ser que é finito e que se sabe finito, e porque é inacabado sabendo que é inacabado, necessariamente é um ser que procura. Eu não posso desistir da esperança porque eu sei, primeiro, que ela é ontológica. Eu sei que não posso continuar sendo humano se eu faço desaparecer de mim a esperança e a briga por ela. A esperança não é uma doação. Ela faz parte de mim como o ar que respiro. Se não houver ar, eu morro. Se não houver esperança, não tem por que continuar o histórico. A esperança é a história, entende?” Nos perguntava Paulo Freire.

Respondamos: sim. Somos sujeitos, fazemos a história.

Feliz ano letivo novo!

*Deputada Estadual PT e presidente da Comissão de Educação da ALRS.

https://sofiacavedonpt.blogspot.com/2020/02/iniciar-as-aulas-encorajando-esperanca.html 




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