No levantamento, que está disponível em neste link, foram utilizados alguns critérios para classificar as medidas legislativas encontradas, como: o tipo de norma (lei, decreto, portaria, edital), a fonte (repositório oficial, por exemplo), o(s) dispositivo(s) que possuem conexão com o problema, sua relação com as leis federais originais, suas especificidades (o grau de detalhamento e providências previstas) e sua posição em relação às normas originais.
A medida legislativa mais comum nos municípios pesquisados foi a de aprovação, criação ou modificação do Plano Municipal de Educação (PME). Este é o caso de 12 capitais: Aracaju, Belém, Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro.
Vale destacar que pesquisa aponta alguns problemas para a dificuldade de implementação da lei, como o desconhecimento dos membros da comunidade escolar, a falta de preparo teórico dos professores para ensinar sobre cultura afro-brasileira; resistência dos professores à aplicação da norma; resistência dos responsáveis pelas crianças e/ou adolescentes à aplicação da lei, entre outros.
Ensino de cultura afro-brasileira: como tirar a lei do papel?
Segundo Vidal Mota Júnior, cientista social e coordenador do projeto, para que a lei do ensino de cultura afro-brasileira seja cumprida em todo o país, é preciso, acima de tudo, interesse dos governantes na sua aplicação.
“A lei não foi acompanhada de um conjunto de prazos e metas para que houvesse a adesão dos diferentes níveis de governo de uma forma mais plena. Isso também reflete como cada local trata a pauta da equidade racial, pois, em muitas regiões, é possível encontrar resistência a essa agenda, que não é considerada prioritária, o que reflete como a lei é aplicada. Podemos destacar ainda os fatos de que a formação de professores para as questões étnico-raciais ainda é incipiente, tanto nas licenciaturas, quanto nas redes de ensino, e de que há poucos autores negros na composição dos materiais didáticos”, aponta.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul, por exemplo, criou o Projeto de Implementação do Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira no Ensino Básico, com o objetivo de orientar e fiscalizar o cumprimento dessa normativa.
Ações semelhantes também foram encontradas na cidade de Nova Feira, no Maranhão, e no estado de Pernambuco.
Outras alternativas são o incentivo à promoção de cursos, palestras e formações para a comunidade escolar das instituições de ensino, assim como a promoção de campanhas de conscientização.
“Precisamos atuar para que essa lei tenha maior capilaridade e impacto nos sistemas e redes de ensino, bem como nas práticas pedagógicas escolares. Tudo para que possam ser representativas da pluralidade histórica, racial e cultural que são as características fundamentais da sociedade brasileira”, finaliza Vidal.
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*Com informações do Instituto Dacor
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