Ensino presencial obrigatório

Ensino presencial obrigatório

Governo do Estado torna obrigatório ensino presencial para alunos da Educação Básica

Obrigatoriedade do ensino presencial considera avanço da vacinação e queda dos indicadores da pandemia

Publicada em 27/10/2021

Obrigatoriedade do ensino presencial considera avanço da vacinação e queda dos indicadores da pandemia


GIULIAN SERAFIM/PMPA/JC -  Fernanda Crancio

 

Duas semanas após sinalizar que tornaria obrigatório o retorno presencial das aulas em toda a rede de ensino do Rio Grande do Sul, o governo gaúcho confirmou que a medida passará a valer para as turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental e Médio, que compõem a Educação Básica, das redes estadual, municipal e privada. No entanto, não definiu a data de validade da medida, prevista anteriormente já para o mês de novembro.

O tema dominou a reunião semanal do Gabinete de Crise do Executivo, na tarde desta quarta-feira (27), que também definiu mudança nos protocolos de competições esportivas, com liberação parcial das arquibancadas, e emitiu aviso para a região Covid de Pelotas, pela segunda semana consecutiva, de atenção à piora dos indicadores da Covid-19.

A obrigatoriedade das aulas presenciais atende a um pedido da Secretaria da Educação (Seduc) e foi justificada pelo governador Eduardo Leite, que coordenou a reunião. “As crianças e adolescentes não estão isolados em casa, portanto, não adianta apenas restringir a interação deles na escola. A escola é onde muitos têm acesso à alimentação e onde o processo de aprendizagem é mais efetivo. Neste momento, em que os indicadores estão estáveis, e até caindo, e que a vacinação aumenta em ritmo acelerado, os efeitos colaterais de termos um ensino fragilizado são mais graves do que a própria doença. Por isso, como nos tratamentos médicos, é preciso ajustar a dose do medicamento ao estágio da doença”, disse.

Segundo o governo, a solicitação de retomada total da presencialidade foi embasada também por representantes das redes municipais e particulares no Centro de Operações e Emergência em Saúde (COE) Estadual, que reúne membros da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do RS (UNCME/RS), do Conselho Estadual de Educação (CEEd), da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe).

A importância da volta das aulas presenciais como forma de mitigar os efeitos da pandemia na educação também foi tratada em reunião com o Ministério Público. Entre os argumentos, foi destacado o fato de que muitos alunos não voltaram aos estudos, e que o processo de aprendizagem é mais efetivo com a presença em sala de aula.

Na avaliação da equipe de governo, o momento é propício para a retomada, tendo em vista a queda das taxas de contaminação e hospitalizações, bem como o avanço da vacinação no Estado. Para essa volta obrigatória, no entanto, devem ser garantidos os protocolos sanitários de enfrentamento à pandemia vigentes.

As novas regras e a data de exigência do retorno dos alunos às escolas serão oficializadas pelo governo posteriormente. Atualmente, o distanciamento exigido entre os alunos é de um metro, medida que vem sendo questionada por entidades, que consideram o afastamento pequeno para a proteção.

Em casos de excepcionalidade, como condições médicas específicas e comorbidades, será autorizada a continuidade das atividades escolares do estudante em regime remoto. Decreto nesse sentido será publicado nos próximos dias. “A escola não é foco de contaminação, ela reflete a condição da comunidade em que está inserida. Precisamos desse retorno pela questão pedagógica, cada dia é importante para os estudantes. Quanto mais tempo sem a escola, mais difícil é trazer os jovens de volta”, afirmou a secretária da Educação, Raquel Teixeira.

https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/geral/2021/10/817949-governo-do-estado-torna-obrigatorio-ensino-presencial-para-alunos-da-educacao-basica.html

 

Entidades ligadas à educação repercutem decisão que obriga ensino presencial no RS

Aulas presenciais terão de ser retomadas por todos os alunos da Educação Básica do Estado

Aulas presenciais terão de ser retomadas por todos os alunos da Educação Básica do Estado


MARIANA ALVES/JC- Fernanda Crancio

 

obrigatoriedade da retomada do ensino presencial para alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Médio das redes estadual, municipal e privada, ainda sem data de validade definida, repercutiu entre as entidades ligadas à educação, tão logo a decisão foi divulgada, nesta quarta-feira (27). A medida, que vinha sendo defendida por sindicatos representativos dos professores e de escolas particulares, foi criticada pelo Cpers, que representa os trabalhadores da educação do Estado.

Por meio de nota, a presidente do Sindicato dos Professores do Estado (Cpers/Sindicato) Helenir Schürer, avaliou a medida como autoritária e irresponsável diante da precarização das escolas e da falta de reajuste da categoria há sete anos. Segundo ela, a situação de abandono impede as instituições de cumprirem com os protocolos sanitários. "De forma autoritária, como costuma agir, Leite impõe a medida diante de um cenário de precariedade em inúmeras escolas. A obrigação do retorno presencial mediante o sucateamento das escolas e a falta de RH, expõe estudantes, educadores, funcionários e comunidade ao iminente risco de contaminação pelo coronavírus”, destacou.

A entidade apontou também que crianças menores de 12 anos, ainda sem vacinação contra a Covid-19 prevista no Brasil, estarão mais expostas. Helenir destacou a falta de estrutura das escolas públicas, bem como as dificuldades de cumprir o distanciamento adequado e de dispor de máscaras de qualidade para os servidores e alunos. "A vontade dos pais ou responsáveis também não foi levada em conta. Seguros ou não, terão de mandar seus filhos para a escola sob o risco de sofrerem penalidades".

O fato de a decisão ocorrer próximo ao final do ano letivo também foi contestado. "O retorno presencial imposto quase no final do ano letivo sem que tenha ocorrido nenhum investimento para a valorização dos professores e funcionários, somado a tão necessária melhoria das escolas, que não ocorreu, é no mínimo uma atitude irresponsável e que só atende aos interesses do governo com as empresas privadas ávidas pelo mercado que a educação", completou Helenir.

Diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS), Cecília Farias comenta que os professores da rede ficaram satisfeitos com a decisão, já que a manutenção do ensino remoto junto ao presencial duplica o trabalho dos docentes. No entanto, demonstrou preocupação com a saúde da comunidade escolar. "É muito bom voltar a presencialidade, mas muitas escolas têm mais dificuldade em seguir os protocolos à risca, e isso nos preocupa. Defendemos que sejam intensificadas medidas como uso de máscara, álcool gel e o distanciamento adequado. Achamos que o permitido, que é de um metro entre as pessoas, deveria ser revisto", disse.

Antes da pandemia, segundo ela, a orientação do Conselho Estadual de Educação previa 1,20m de distanciamento entre as classes. O Sinpro também questiona se o momento dessa retomada é o mais adequado. "O ideal seria terminar o ano letivo. Mudar as regras no meio do jogo não parece o mais favorável no momento", avaliou.

O presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, comemorou a decisão governamental, que atendeu a uma reivindicação da entidade. “Saudamos a iniciativa do governador, que demonstra a importância que o Estado dá à educação. Entendemos que é seguro esse retorno uma vez que 100% dos professores e funcionários já receberam a imunização completa contra a Covid-19 e a vacinação tem avançado entre os adolescentes”, disse.

Segundo a entidade, pesquisa realizada em agosto, com 142 instituições privadas, apontou que apenas 22,7% dos estudantes ainda permaneciam no ensino remoto.

Representantes do Grupo Direito ao Ensino Não Presencial Durante a Pandemia já haviam manifestado que não consideravam o momento ideal para a retomada total das aulas presenciais. Segundo Cassiana Lipp, uma das coordenadoras do movimento, o retorno somente poderia ocorrer quando houvesse segurança maior sobre a circulação do coronavírus. O grupo acredita que a decisão poderia ter sido deixada para 2022.

O anúncio do governo do Estado, válido para as redes pública e privada, se baseia na estabilidade dos números da pandemia no Estado e no avanço da vacinação, e segue exemplos de outras localidades como São Paulo, onde a totalidade do ensino passou a ser presencial no dia 18 de outubro.

 

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