Escola Militar ou Cívico Militar

Escola Militar ou Cívico Militar

Gregório Grisa

Parece que está havendo muita confusão sobre as definições do que são colégios militares federais, colégios das polícias estaduais e as escolas do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim). Vamos entender.

Colégios militares federais são de responsabilidade do Ministério da Defesa e regidos por lei própria. Colégios das polícias estaduais são regidos por leis estaduais. Esses seguem funcionando normalmente.

O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, do governo anterior, não tem respaldo legal. Foi tentada a aprovação de um Projeto de Lei, que foi rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e por isso ele foi imposto por decreto.

Não há base legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no Plano Nacional de Educação (PNE) que ampare o pagamento de militares para exercer funções em escolas, mesmo que administrativas. O Pecim promove desvio de finalidade das atividades das Forças Armadas.

Por outro lado, a natureza dos colégios militares federais e estaduais é distinta das escolas cívico-militares. Os colégios têm regramentos próprios, orçamentos maiores, professores com dedicação exclusiva e mais bem remunerados, maior infraestrutura e jornada escolar ampliada.

O ingresso é feito por meio de processo seletivo. Essas instituições formam boa parte dos estudantes que pretende seguir carreira militar e muitas reservam vagas para filhos de militares.

Já o programa de escolas cívico-militares é em escolas regulares e se resumiu a alguns repasses para obras que, em grande medida, não foram executados e ao pagamento de militares da reserva que passam a receber um adicional maior, em média, que o valor do piso do magistério nacional.

Do ponto de vista econômico, o Pecim é um programa regressivo, pois amplia a desigualdade salarial. Ao invés de investir na formação e valorização do magistério, o programa transfere recursos para profissionais que não pertencem à área da educação.

A descontinuidade do programa não implica o fechamento de escolas ou algo do gênero. O atual governo vem construindo com os entes federados programas desenhados com base naquilo que funciona. Os estados têm autonomia para elaborar e manter seus programas, mas o MEC entende que não há sustentação legal para um programa nos moldes do Pecim.

Aprovamos por lei o Programa Escolas em Tempo Integral, que poderá atender as escolas que estavam no Pecim, com muito mais investimentos e assistência técnica e pedagógica. Além disso, a adesão ao Pecim foi inexpressiva e envolve, hoje, 0,14% das escolas brasileiras.

Não há adesão no meio educacional pelo projeto de militarização das escolas. O governo anterior apostou na militarização das estruturas civis do Estado brasileiro, como no caso da saúde, durante a pandemia; na questão do meio ambiente; na questão indígena; e na educação.

Não encontramos evidências de que esse é o caminho. Os militares têm um importante papel a cumprir no Estado brasileiro, porém suas atribuições estão previstas na Constituição Federal e devem ser seguidas em sua conformidade.

O MEC está atento a todas as dimensões para que as experiências educacionais sejam exitosas. Uma delas é a valorização dos profissionais de educação, que devem ser os responsáveis pela garantia do direito à educação.


Gregório Grisa




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