Escolas cívico-militares
Escolas cívico-militares: um chamado a resistir
por Neida Oliveira
Querem impor nas nossas escolas uma hierarquia subserviente, tentando obrigar os estudantes a se comportarem de maneira padronizada
Arte: Matheus Leal/Sul21
O processo de militarização nas escolas públicas, que não começou agora, mas se intensificou nos últimos três anos, ocorre de formas distintas.
Através de convênios e parcerias entre as secretarias de educação e da segurança pública para implantar nas escolas a denominada “metodologia de ensino” oriunda dos colégios militares. Mas também através da compra de serviços de grupos privados.
A partir de 2019, outra forma de militarização está acontecendo através do governo federal com a implantação das chamadas escolas cívico-militares.
Aqueles(as) que acham que as escolas cívico-militares resolvem as dificuldades existentes na educação, estão enganados(as), estas escolas são elitistas, usam o dinheiro público para criar uma casta de estudantes que, pelas suas condições socioeconômicas, já são privilegiados em relação à maioria da população.
Precisamos lutar contra esta política, pois ela faz com que a polícia (exército, civil e militar) e também bombeiros exerçam funções de diretores administrativos e pedagógicos, além de se tornarem responsáveis pela disciplina de estudantes.
Querem impor nas nossas escolas uma hierarquia e disciplina subserviente, tentando obrigar as(os) nossas(os) estudantes a se comportarem de maneira padronizada e, certamente, aprendam até a “bater continência”.
O nosso chamado é para resistir!
Precisamos continuar lutando por uma educação pública, democrática com espaço de diálogo, que respeite a organização livre das(os) estudantes, que acolha e valorize as identidades de raça-etnia, cultura, território, gênero e sexualidade.
Uma escola organizada através da gestão democrática, do reconhecimento da subjetividade, da valorização do conhecimento que a(o) aluna(o) traz de casa, da cultura popular do bairro onde vive.
Defendemos ampliar o diálogo com a comunidade escolar, romper os muros e acolher as mães e os pais, para dividir responsabilidades, mas também mostrar que a escola não é um espaço de poder daquelas e daqueles que possuem o saber formal, pelo contrário, é um espaço onde devemos ensinar, mas também aprender.
E como educadoras(es) comprometidas(os) com a transformação da sociedade continuarmos seguindo os ensinamentos de Paulo Freire: “O diálogo no ato educativo é central, a educação é política e, como tal, nunca é neutra.”
Eles não passarão!
Por uma escola pública de qualidade, radicalmente democrática e laica.
(*) Integrante do Conselho Geral do CPERS