Esperançar
REGISTRO A FALA DO COLEGA Luciano Egidio Palagano,
Delegado ao 34º Congresso da CNTE
“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho, ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha, para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com elas coerentes”.
(Paulo Freire)
1. A citação de Paulo Freire acima tem uma razão de ser: no nosso meio, o meio educacional, muito se fala de Paulo Freire mas, pouco se aplica. Muitas falas sobre a utopia, mas pouca participação *“de práticas com elas coerentes”*. Isso se faz presente dentro da CNTE, assim como nos nossos sindicatos à ela filiados. Muito se falou, ao longo do Congresso, sobre o fascismo e o avanço do neoliberalismo, mas pouco se falou sobre como combater este avanço, com exceção, é claro, do discurso sobre depositar o voto na urna: mas *Esperançar* não deve ser sinônimo de *Votar*!
2. Precisamos lembrar que parte do apoio das ruas ao golpe de 2016 tem a sua semente na política educacional do petismo, que ampliou o acesso aos serviços educacionais, mas fortalecendo o modelo privado de ensino e, por consequência, a lógica do ensino privado. Ou seja, o projeto educacional do Mercado! Com isso, boa parte da atual juventude se formou sob o “modelo Havan de Educação”, fortalecendo a subjetividade do neoliberalismo junto à classe trabalhadora, incluindo os trabalhadores da educação. O que se reflete nos números de filiações às nossas entidades sindicais e, do próprio Congresso da CNTE, onde o índice da delegação por idade deixou explícito a ausência da juventude. Precisamos refletir sobre isso!
3. O congresso da CNTE foi aberto com a afirmação de que as escolas tiveram as atividades presenciais suspensas no período da pandemia. ATIVIDADES, essa foi a palavra utilizada pelo presidente da CNTE na abertura, não aulas. Como funcionário de escola eu quero lembrar que os funcionários e funcionárias estiveram, esse tempo todo, em atividades presenciais nas escolas. Lembro, inclusive, de um longo debate que foi travado dentro da APP-Sindicato, sobre “aulas presenciais” e “atividades presenciais”. Ao mesmo tempo, nestes dois últimos anos (2020 e 2021), ouvimos um silêncio ensurdecedor da CNTE em relação à pauta da Greve Geral Nacional pela Vida.
4. No momento presente, vivenciamos, entre outros ataques, a pejotização e a terceirização dos trabalhadores em educação, um ataque frontal ao piso salarial do magistério, a implementação de Deforma do Ensino Médio, não avançamos no debate sobre a implementação do piso salarial dos trabalhadores em educação.
5. Como dirigentes, precisamos semear a esperança, mas a semeadura se dá pela luta, e não pela urna. Por isso, e por todas as razões que já conhecemos, precisamos defender uma Política Educacional pautada no avanço da consciência de classe, diferente daquela que foi implementada nos governos Lula e Dilma e formou a mentalidade da geração do golpe. E como forma de resistir aos ataques do presente, dos governos estaduais e do governo federal genocida, construir uma Greve Nacional Unificada da Educação. *Greve Nacional, e não um dia de paralisação!*
_*Luciano Egidio Palagano, Delegado ao 34º Congresso da CNTE pela Frente de Oposições na APP-Sindicato e militante da TLS – Trabalhadoras e Trabalhadores na Luta Socialista*_
_15/01/2022_
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