Etarismo é um preconceito
'Etarismo é um preconceito que, além do ódio, decorre da ignorância', diz Andréa Pachá
A escritora e juíza Andréa Pachá. (Foto: Divulgação/Leo Aversa)
Em entrevista ao Estúdio CBN, a escritora e juíza comenta como observa o preconceito contra pessoas mais velhas na sociedade, na vida pessoal e na profissão. 'Falar mais sobre a velhice é uma forma de enfrentar o etarismo', defende. Andréa Pachá ainda conta sobre o lançamento da edição especial de 10 anos do livro 'A vida não é justa', no qual reflete sobre as mudanças nos relacionamentos familiares, impactados pelas transformações sociais e culturais e pela pandemia.
DURAÇÃO: 00:15:21
Pré-conceitos e que tais
Preconceitos (pré-conceitos) são a prova viva da ignorância sobre fatos, pessoas, situações, condições, apresentada em "narrativas distorcidas" (Fake News).
Preconceito não se disfarça, nem se desfaz facilmente. Costumam ser declarações de autoridade, discursos distópicos, com caras e bocas.
Ouvi recentemente um "incrível" argumento de doutorando da UFSCar:
"Aposente-se assim que der seu tempo, nem um dia a mais, pra abrir vaga para um 'jovem".
Lembro que há concursos acontecendo agora.
Mas o tal argumento, tendo a mim e a outros como referência, não nos considera como sujeitos.
Observa de fora, pela angular do terceiro. Somos meros objetos nessa avaliação.
Representando a negação do nosso próprio direito.
A questão sempre foi e será: tenho interesse em permanecer enquanto quiser, tenho direitos adquiridos, tenho capacidade de trabalho?
Inclusive porque, imagino, tenho conhecimento e experiência que o tal doutorando levará décadas para adquirir.
O que de fato ele não quer (poderia ser ela também) é construir uma carreira de trabalho, dedicação, para se capacitar a um concurso público.
Eu não nasci servidor público, mesmo que tenha projetado isso muito cedo - com exemplos caseiros.
Então, o doutorando passar ou não em concurso público depende só dele (havendo concursos) e não da minha saída da universidade.
Se não estiver preparado, quando surgir o edital, ficará como está agora: transferindo a responsabilidade (sobre si) para os outros.
Aliás, se fosse maldoso neste comentário, diria que quando fizer metade do que eu fiz, aí sim, poderá se candidatar à minha futura vaga.
Nesse prumo, amanhã o jovenzito dirá que sou deficiente físico.
Então, amanhã (espero que não), lhe direi solenemente:
"Puxa, você é "especial", muito inteligente".
Vinício Carrilho Martinez
Professor da UFSCar
FONTE:
https://cbn.globoradio.globo.com/.../etarismo-e-um...