Exames toxicológicos para professores
Proposição legislativa que pretende tornar obrigatória a realização de exames toxicológicos para professores indica tratamento policialesco e persecutório
Um projeto de lei apresentado pelo Deputado Estadual Gilberto Cattani (PL) na Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso prevê a obrigatoriedade de realização de exames toxicológicos na admissão de professores e professoras na rede estadual de ensino pública do Mato Grosso. Em tramitação, o projeto pretende alterar uma Lei Complementar estadual para que os/as candidatos/as tenham que apresentar esse exame toxicológico que detecta vários tipos de droga, como cocaína, maconha e anfetaminas.
O referido deputado autor desse projeto é um parlamentar típico da extrema direita brasileira que, com recorrente obstinação, perseguem a educação e seus/uas educadores/as. Autor também de inúmeros projetos esdrúxulos, como o que intenta proibir o uso de pronomes neutros e linguagem não binária nas escolas ou o que tenta responsabilizar as empresas por indicarem a vacina contra a COVID-19 a seus/uas funcionários/as, o deputado parece mesmo gostar de se dedicar a essa pauta tão pouco importante diante de temas tão fundamentais que temos.
Esse PL da obrigatoriedade de exames toxicológicos na admissão de professores/as tem claramente a marca da perseguição à categoria dos/as profissionais da educação. Não se vê esse mesmo tipo de proposição legislativa a outras categorias de trabalhadores/as e muito menos aos/às deputados/as da Assembleia Legislativa do Estado. Mas ele escolheu, assim como outros/as parlamentares de muitos lugares do país, a tratar a educação como inimiga.
Isso se vê em outros locais do Brasil, mas o que se percebe como ponto convergente em todos esses casos é que esse tipo de proposição legislativa é sempre de autoria de parlamentares desse espectro político de direita e extrema-direita. É um perfil de parlamentar que, independente do local de onde são apresentados esses PLs, eles sempre têm a mesma características políticas: adoram discutir a pequena política comezinha da fofoca e dos comportamentos, elegendo atacar professores e professoras, além da própria educação. Nutrem um verdadeiro anti-intelectualismo, hostilizando sempre os que fazem a educação pública acontecer.
Repudiamos a sua perseguição, Deputado Gilberto! Volte-se aos temas centrais que ajudarão nossa educação pública brasileira! Temas não faltam: gestão democrática nas escolas, financiamento da educação pública e valorização profissional dos/as educadores/as são exemplos de uma boa agenda. Honre seu mandato e o povo que o elegeu!
Brasília, 19 de outubro de 2023
Direção Executiva da CNTE
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