Experiência da escola é mais violenta

Experiência da escola é mais violenta

Por Bruno Alfano — Rio    

Pesquisa “Percepções do Racismo no Brasil” aponta que um terço dos brasileiros com mais de 16 anos sofreram algum tipo de violência na escola. Encomendado ao Ipec, o mapeamento foi fruto de uma parceria do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista) e do Instituto de Referência Negra Peregum.

Ainda segundo o levantamento, é mais comum pessoas pretas relatarem terem sido vítimas do racismo do que as brancas. De acordo com a pesquisa, 20% das pessoas respondentes sofreram violência física (empurrões, tapas etc.). Entre elas:

  • 29% das pessoas pretas;

  • 16% das pessoas brancas.

— Esses dados corroboram a necessidade de fortalecer políticas públicas de enfrentamento ao racismo estrutural e a importância de uma educação formal e não formal, que tenha como foco a superação de práticas racistas e o combate às desigualdades — afirma a assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho, Rosalina Soares.

O estudo é de abrangência nacional com metodologia quantitativa e amostra de 2.000 participantes. Os dados foram coletados presencialmente nas situações em que profissionais da consultoria abordavam as pessoas, aplicava-se um questionário com perguntas e alternativas pré-definidas relativas ao tema da pesquisa. A coleta de dados foi realizada em 127 municípios brasileiros das cinco regiões do país no período de 14 a 18 de abril de 2023, e ouviu pessoas com 16 ou mais anos. A pesquisa também demonstra que:

  • 18% das pessoas respondentes sofreram violência psicológica (ameaças, humilhações, xingamentos, insultos, chantagens etc.);

  • 8% das pessoas respondentes sofreram violência moral (difamação, exposição da vida íntima etc.);

  • 6% das pessoas respondentes sofreram violência patrimonial (ter objetos destruídos, danificados, furtados ou roubados); e

  • 3% das pessoas respondentes sofreram violência sexual (qualquer ato ou tentativa de obter ato sexual, investidas ou comentários sexuais indesejáveis).

Com apoio da Fundação Roberto Marinho, as instituições responsáveis pelo estudo se unem nesta sexta-feira para explorar os dados da pesquisa no campo da educação. A mediação do encontro ficará por conta de Ana Paula Brandão, Gestora do Projeto SETA e Diretora Programática da ActionAid Brasil.

Conduzida por Luciana Ribeiro, Especialista de Educação do SETA, a mesa de abertura será dedicada a apresentação da pesquisa. Já a mesa de debate será composta pelo Valter Silvério, Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Lucimar Rosa, Diretora de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola MEC/SECADI, Rosalina Soares, Assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, e Joana Oscar, Gerente de Relações Étnico-Raciais Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

De acordo com Ana Paula Brandão, o diálogo com as organizações e movimentos sociais que realizam pesquisas e atividades em educação é fundamental.

— Essas instituições contribuem na produção de evidências, dados e desenvolvimento de metodologias que podem e devem ser utilizadas pelos entes públicos. Ao mesmo tempo, também, executam sua tarefa pública de incidência política, cobrando do estado as políticas públicas para uma educação antirracista — afirma a gestora do SETA.

Veja outros achados:

Parcela de pessoas que sofreram violência psicológica nas escolas:

  • 21% das pessoas pretas;

  • 18% das pessoas pardas; e

  • 17% das pessoas brancas;

Parcela de pessoas que mais indicaram a aparência física como motivadora da violência:

  • 40% das mulheres pretas;

  • 40% das mulheres pardas;

  • 37% de mulheres brancas;

Parcela de pessoas que mais indicaram raça/cor/etnia como motivador da violência são:

  • 63% de mulheres pretas;

  • 57% de homens pretos;

  • 25% de homens pardos;

  • 19% de mulheres pardas;

  • 15% de homens brancos; e

  • 13% de mulheres brancas.

Lançamento da pesquisa “Percepções do Racismo no Brasil”

  • Data: 15/08/23 (terça-feira)

  • Horário: das 09h30 às 12h30

  • Local: Auditório da Editora O Globo - Rua Marquês de Pombal, Nº 25 - Cidade Nova - Rio de Janeiro.

  • Programação:

  • 09h30- Credenciamento

  • 10h - Apresentação da pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”, por Luciana Ribeiro, Especialista em Educação do Projeto SETA.

  • Das 10h30 às 12h30 - Debate

  • Valter Silvério - Professor do Departamento de Sociologia da UFSCar.

  • Lucimar Rosa - Diretora de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola MEC/SECADI

  • Rosalina Soares - Assessoria de pesquisa e avaliação FRM.

  • Joana Oscar - Gerente de Relações Étnico-Raciais SME RJ

  • Mediação: Ana Paula Brandão – Gestora do Projeto SETA e Diretora Programática da ActionAid Brasil

FONTE:

https://extra.globo.com/brasil/educacao/noticia/2023/08/experiencia-da-escola-e-mais-violenta-para-pessoas-pretas-mostra-pesquisa.ghtml 




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